quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Tribus: "o Amanhã é Nosso"

https://omensageiro77.wordpress.com/2016/02/20/terras-do-tribus-onibus-trucado-urbano-paraiba-rio-grande-do-norte-e-sao-paulo/
Origem da imagem: internet.
Local:
???.
Data:
1985.
Viação:
Itapemirim.
Carroceria:
Tecnobus.
Motor:
???.
Observações:
Propaganda de lançamento do revolucionário Tribus.

Brasil, 1985. A Itapemirim lança o moderno e revolucionário “Tribus 2”, a segunda geração do ônibus trucado (com 3 eixos, como o nome indica) que marcou época nas nossas estradas.

A Itapemirim já operava ônibus 3 eixos desde 1971, primeiramente encomendando carrocerias das fábricas já estabelecidas, como a Ciferal ('Cia. Industrial de Ferro e Alumínio', pra quem não conhecia a sigla).

No entanto, o 'Tribus 2' marca o início de uma nova era. Pois foram produzidos pela Tecnobus, encarroçadora pertencente a própria Itapemirim, criada especialmente pra esse fim.

O Tribus 2 era mais alto, com um visual futurista – alias um dos comerciais da viação a época equiparava o Novo Tribus exatamente a uma nave espacial.

Nos anos 80 e 90 a Itapemirim foi um mito no transporte brasileiro. Sua frota era moderna, e ela não apenas a operava, mas produzia suas próprias maravilhas tecnológicas. Daí o lema do anúncio, “o Amanhã é Nosso!”.

Era um marco das estradas brasileiras, os busões amarelos rasgando a maior parte dessa nação-continente.

E não apenas nas rodovias. A empresa tem sede na cidade de Cachoeiro do Itapemirim-ES, a quem homenageia. Mas se a cidade nomeou a viação, a viação retribuiu e nomeou um bairro da cidade.

Sim, é isso. O bairro de Cachoeiro onde fica a garagem da Itapemirim chama-se “Amarelo”, referência exatamente ao tom dominante na frota da empresa.

Segundo dizem alguns (não posso confirmar se é um fato), a Itapemirim no auge chegou a ser a maior cliente da Mercedes-Benz a nível global.

Mesmo que não fosse a maior de todas, certamente era uma das maiores. Isso também basta pra mostrar o poderio dessa gigante – que infelizmente veio a pique.

O país mudou, as passagens de avião ficaram mais baratas, e a classe mais baixa da população passou a ter acesso a cartão de crédito – que até os anos 80 era privilégio da elite e classe média-alta.

Assim, a demanda por viagens de ônibus entre o Sudeste e o Nordeste caiu significativamente.

E compreensivelmente, né? Ainda bem que foi assim. Afinal, não é nada fácil ficar dois ou três dias dentro de um busão. Se hoje os filhos e netos de nordestinos que construíram as metrópoles do Sudeste podem ir de avião ao Nordeste visitar as famílias, que bom que nossa nação deu esse passo.

Seja como for, a alegria de um muitas vezes é a desgraça de outro. Com a significativa redução desse nicho, aliado a outros problemas internos de má-administração, a Itapemirim acabou decaindo superlativamente.

Vendeu boa parte das suas linhas mais rentáveis que ainda restam ao grupo Júlio Simões da Grande São Paulo, e tem tido sérios problemas na justiça. Inclusive com frequentes apreensões de ônibus na estrada, em plena viagem.

E aí os passageiros têm que ficar horas no posto da polícia rodoviária até que o veículo-reserva chegue (quando escrevo essa matéria, em 2018, infelizmente essa é a triste realidade).

Um destino melancólico pra uma empresa que não apenas foi referência no setor, como era inclusive um mito.

Esperamos que se for a Vontade do Oni-Poderoso a Itapemirim recupere seus dias de glória. Mas por hora é assim que tá, a Vida é Cíclica – como a carta da 'Roda da Fortuna' do Tarô mostra – e após o auge vem o ocaso. 
 
Assim só nos resta relembrar os tempos bons. Quem viveu nunca esquecerá.

1985. Surge o Novo Tribus, comparado até a naves espaciais.

Se você teve o privilégio de andar num desses perto da época que eles foram lançados, eu não preciso explicar mais nada . . .

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