sexta-feira, 30 de agosto de 2019

“Xaxim Social”: Jardim Maringá (Zona Sul) sob chuva


Autoria própria. Imagem de livre circulação, desde que os créditos sejam mantidos
Local:
Curitiba-PR.
Data:
05/2014.
Viação:
Antiga Carmo, encampada pela São José com o nome de 'São José Urbana'.
Carroceria:
Marcopolo Torino '5'.
Motor:
???
Observações:
Chovia muito no dia que fui fazer esse ensaio, como notam.


Xaxim, Zona Sul de Curitiba, maio de 2014. Torino '5' da antiga viação Carmo (desde a 'licitação' de 2010 encampada oficialmente pela Viação São José dos Pinhais, que já era sua controladora) faz a linha Jardim Maringá, alimentador que liga o Terminal do Carmo, no bairro do Boqueirão, ao vizinho Xaxim.

Como todos os ‘curitibocas’ sabem, “Xaxim Social” é um trocadilho que une o nome de dois bairros da cidade, o Jardim Social na Zona Leste e o Xaxim na Zona Sul.

Era sátiro e contrastante, mas com as mudanças de rumos da urbe não é mais tão contrastante, nem tão sátiro. 
 
Explico. O Jardim Social é um bairro de classe alta, tem a segunda maior renda da cidade atrás apenas do Batel (que fica na Zona Central). 
 
o Xaxim até o começo dos anos 90 era um bairro bem de periferia, majoritariamente de classe baixa e média-baixa.
 
Não mais. Ali surgiram enormes condomínios de sobrados geminados de classe média e mesmo média-alta
 
Hoje há vários sobrados triplex que facilmente superam o meio milhão de reais.

Ou seja, grandes nacos do Xaxim e dos outros 2 bairros, que até duas décadas atrás tinham um perfil mais humilde, agora de fato lembram o Jardim Social. Boa parte da ironia se foi.

Mas nem toda. Em algumas partes o Xaxim ainda é periferia, ainda tem perfil de classe trabalhadora.

Vamos dar um rolê nas entranhas do Jardim Maringá, Zona Sul de Curitiba. Ali, o Xaxim não mudou. 
 

Digo, mudou, se adensou, a laje subiu. Mas a classe social que o habita ainda é a mesma. 
 

Ainda é um bairro de periferia. As vezes convivendo lado a lado com porções bem mais ricas.

Confira matéria completa:
 "Deus proverá"

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Mapa do Brasil no Saia-&-Blusa: Penha/São Miguel, Zona Leste

https://omensageiro77.wordpress.com/2015/04/20/saia-blusa-onibus-paulistanos-1978-1991/


PADRONIZAÇÃO 'SAIA-&-BLUSA': FAIXA 2, ZONA LESTE

Imagem pertencente ao sítio Revista Portal do Ônibus. Créditos mantidos. Visite as fontes.
Local:
São Paulo-SP.
Data:
Virada dos anos 80 pra 90.
Viação:
Penha-São Miguel.
Carroceria:
Caio Vitória.
Motor:
Mercedes-Benz.
Observações:
Imagem provavelmente no Parque Dom Pedro.

São Paulo, fim da década de 80 - ou comecinho da de 90. Caio Vitória da viação Penha-São Miguel na faixa 2 da padronização 'Saia-&-Blusa', a primeira dos ônibus municipais, implantada em 1978, e que vigorou até 1992.

Como marca registrada, seus busos tinham o mapa do Brasil, por causa da cor verde-&-amarela – o amarelo obrigatório embaixo, o verde acima a Penha-S. Miguel que escolheu.

Na época da pintura livre, quando as viações podiam escolher não apenas as cores mas o desenho que decorava sua frota, era a Jurema da Zona Sul quem ostentava o mapa da Pátria Amada, pois era ela quem então usava o verde & amarelo.

Na padronização 'Saia-&-Blusa' a Jurema (que era do mesmo grupo) teve que pintar a parte de baixo de sua frota de vermelho. Aí o mapa pulou fora, pois não haviam mais as cores da bandeira brasileira. Na parte superior a Jurema optou pelo azul-claro.
 
Pra quem é mais novo e não presenciou, explicamos: a cor da parte de baixo do veículo (a 'saia') era compulsória, e indicava qual região da cidade a linha percorria. A parte de cima (a 'blusa') a viação podia escolher livremente, repetindo. A Zona Norte tinha duas 'saias', a marrom e a verde-clara, respectivamente as faixas 1 e 9 do sistema.

Isso porque a divisão da cidade por faixas começava e terminava na Zona Norte (no sistema atual, o 'Inter-Ligado', isso foi corrigido, agora a Zona Norte tem as faixas 1 e 2 da nova padronização).

A padronzação 'Saia-&-Blusa' só valia pras empresas particulares. A viação estatal C.M.T.C. estava dispensada, podia decorar seus busões como quisesse.

Por isso vemos esse Caio Vitória Mercedes se preparando pra seguir pra Zona Leste de Sampa - o nome 'Penha-São Miguel' já entre o eixo de atuação da empresa, que eram os bairros da Penha, S. Miguel Paulista e Itaim Paulista. Detalhes:
  • Nome da viação sobre a janela (ou sobre a porta, do outro lado). 
    Isso foi muito popular em São Paulo naqueles tempos, e em menor escala aconteceu também em Porto Alegre-RS.
  • A chapa está mais alta, não no para-choques onde seria o correto, mas na grade de ventilação do motor. Isso foi típico do Sudeste Brasileiro nos anos 70 e 80, e também ocorria no Chile e Argentina – no México existe até hoje, e lá eles põe a placa praticamente no teto!!!
  • Além do mapa, há outro detalhe na 'blusa' verde:3 faixinhas menores diagonais que depois viram 2 horizontais. Na última fase do 'Saia-&-Blusa' (final dos anos 80 e virada pros 90) algumas viações personalizaram um pouco a pintura, sem quebrar a padronização, adicionando esse tipo de detalhe a blusa.
A decoração da Penha-São Miguel era idêntica a da Jurema da Z/S, que como é notório era do mesmo dono.
Agora falando melhor do detalhe do nome da viação vir sobre a janela. Houve um tempo em que as empresas de ônibus, tanto rodoviárias quanto urbanas, punham seu nome no teto do veículo. Pudemos presenciar isso nesse milênio graças a Viação Cometa.
 
Explico. Meio século atrás (escrevo em 19) esse era o padrão, usado repito tanto na estrada quanto na cidade. A Cometa dançava conforme a música então dominante, e fazia o mesmo. Entretanto o tempo passa e tudo muda, e esse costume foi abandonado. Como a Cometa manteve a pintura 'Flecha Azul' por muitas décadas, pudemos presenciar em pleno século 21 uma manifestação que teve seu auge na década de 60 do século 20.
 
Só que antigamente o nome da viação vinha no teto mesmo, acima das janelas no meio do veículo, pois este era curvo. Nos anos 70 e 80, várias viações de SP (em menor medida também Porto Alegre, e houve até um caso isolado aqui em Curitiba) adotaram o que vê na imagem, o nome menor apenas sobre a janela do motorista, que é recuada, então na verdade a viação não está escrita de fato no teto, mas próximo dele. Não deixa de ser uma homenagem.

EIS AS FAIXAS DA PADRONIZAÇÃO 'SAIA & BLUSA' (A série está completa, do 1 ao 9):

1-ZONA NORTE, 'SAIA' MARROM - POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

2-ZONA LESTE, 'SAIA' AMARELA (ESSA POSTAGEM QUE ESTÃO LENDO)
 
3-ZONA LESTE, SAIA ROSA - Digo, deveria ser rosa, e no princípio foi. Mas logo os empresários se recusaram a pintar os ônibus dessa cor, e mudaram por conta a padronização pra um vermelho-alaranjado, a mesma cor do 'Jacaré Scania'. Que coisa, né? Confira como tudo se deu, a POSTAGEM JÁ FOI PUBLICADA;


4-ZONA SUL, 'SAIA' AZUL-ESCURA POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

5-ZONA SUL, 'SAIA' AZUL-CLARA - POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

6-ZONA SUL, 'SAIA' VERMELHA - POSTAGEM JÁ PUBLICADA, UM ARTICULADO;

7-ZONA OESTE, 'SAIA' LARANJA  POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

8-ZONA OESTE, 'SAIA' VERDE-ESCURA - POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

9-ZONA NORTE, 'SAIA' VERDE-CLARA - POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

Nessa mesma faixa 2 da Zona Leste já publiquei um Thamco da própria Penha/São Miguel, clicado igualmente no Parque Dom Pedro 2º.


Confira matérias sobre o transporte em São Paulo:
SP: A REVOLUÇÃO NO TRANSPORTE - Evidente que as coisas estão longe de serem perfeitas. Mas comparando ao que era até os anos 90 o transporte público em SP melhorou muito. Somando as redes de metrô e trem suburbano - e precisa somar, pois você acessa ambas pagando uma só passagem - a rede sobre trilhos na Grande SP já iguala o metrô de Nova Iorque/EUA. Os ônibus paulistanos igualmente mudaram da água pro vinho, mesmo que ainda haja espaço pra melhorar bem mais.

- 'SAIA-&-BLUSA': OS ÔNIBUS PAULISTANOS (1978-1991): Essa focando mais especificamente nos ônibus como o nome indica, abordando a pintura livre (até 1978) e as padronizações 'Saia-&-Blusa' (78-92, como dito), 'Municipalizado' (1992-2003) e 'Inter-Ligado' (2003-presente)

A FÊNIX TROVÃO AZUL: DE NORTE A SUL, ENERGIAJAMAIS SE PERDE, SE TRANSFORMA (abordando exatamente a CMTC e sua pintura mais famosa, a 'Trovão Azul'. Não fui só eu que gostei dela. Veja como ela foi copiada no Brasil inteiro, de Porto Alegre a Manaus/AM).


- "CAMALEÃO" 8000 DA CMTC: O 1º TRÓLEIBUS-ARTICULADO DO BRASIL TEVE 2 CARROCERIAS, 6 PROPRIETÁRIOS, 7 (OU 9?) PINTURAS E & NUMERAÇÕES - Fabricado em 1985, saiu de circulação em 2012. Começou Caio e foi re-encarroçado MarcopoloComprado estatal, foi privatizadoIniciou a operação na Zona Leste, foi pra Zona Sul, voltou pra Z/L, de novo pra Z/S, e como o bom filho a casa torna, retornou mais um vez pra Z/L. Ficou sem placa por 15 anos aproximadamente (até a virada do milênio tróleibus em SP e várias outras cidades não eram emplacados), começou na lona, ganhou letreiro eletrônico mas nos fim retornou a lona, ganhou ar-condicionado e portas elevadas a esquerda. Enfim, o bichão é um museu-vivo do transporte paulistano - alias hoje é exatamente isso que ele é, um ônibus-museu - alias hoje é exatamente isso que ele é, um ônibus-museu.

CAPELINHA: RIO, SP, B.H., BELÉM E POA; PLACA NO ALTO: ESTAMOS NO SUDESTE:

Mostra o Sudeste e mais Belém-PAPorto Alegre-RS e até Brasília-DF (onde houve capelinha).


CENAS PAULISTANAS: O CENTRO E A ZONA SUL DE SÃO PAULO EM IMAGENS - Matéria-portal sobre SP, onde estão ancoradas as outras reportagens que já fiz sobre a cidade; falo um pouco da modernização do transporte igualmente.

O melhor e o pior do Brasil, a poucas quadras de distância um do outro. O Centrãoque está com muitos moradores de rua e diversos outros problemas típicos de uma metrópole desse porte;

E ali do ladinho a “Cidade Verde”, os Jardins, a Paulista, Higienópolis, e o começo das Zonas Oeste e Sul, região que ao lado da Orla do Rio é onde mais concentra elite e alta burguesia no Brasil.

A modernização da rede de transportes é mais uma vez abordada no relato.

Reportagens sobre o interior e litoral de SP:

- BAIXADA MULTI-MODAL: BONDE MODERNÍSSIMO (VLT), BONDE ANTIGO, ÔNIBUSELÉTRICOS E A DÍSEL, MICROS BRANCOS E VANS QUE SOBEM OS MORROS  (O transporte em Santos e região)


- PRAIA, MORRO, CANAL & CASA DE MADEIRA: ISSO É SANTOS (Relato da viagem a Baixada Santista, abordando diversos aspectos da cidade, entre eles o transporte)

NAS MARGENS DA DUTRA: SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/VALE DO PARAÍBA-SP (matéria sobre a cidade em geral, mas tem uma grande seção sobre os ônibus, contando a história desde a pintura livre nos anos 80 e as duas padronizações nessa última década

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De volta a capital:

– A CIDADE CINZA– fotografando a Zona Leste (fevereiro/18). 
Na verdade o foco se restringe a Vila Carrão (ao lado) e Imediações. Mas não deixa de ser a primeira matéria na Z/L.

-"PIXAI POR NÓIS" - A MARGINAL TIETÊ E A DUTRA (Grande SP, municípios da Capital e o vizinho Guarulhos) 


    "Deus proverá''


quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Trem de Buenos Aires


Autoria própria. Imagem de livre circulação, desde que os créditos sejam mantidos. 
Local:
Buenos Aires-Argentina.
Data:
03/2017.
Operadora:
Trens Argentinos (cia. estatal nacional) - percebem que eu traduzo todos os nomes pro português, sempre que possível. Notam na imagem que o nome original é 'Trenes Argentinos'.
Observações:
A viação férrea era estatal no século 20, foi privatizada nos anos 90, e numa reversão de curso re-estatizada.

Buenos Aires, Argentina, março de 2017. Trem na estação na Zona Norte da cidade. O ramal vai pros distantes subúrbios da região metropolitana. 

A Argentina em uma invejável rede de trens, tanto suburbanos na capital quanto de longa distância cortando toda nação.


Curiosamente, essa é a postagem mais acessada da história, com 190 visualizações (ago.19), mais que o dobro da segunda colocada, a que mostra o ônibus 2-andares em Goiânia, que já amealhou 81 visitas.


Em Buenos Aires a passagem de trem não tem preço fixo, é cobrado conforme a quilometragem que você usa: pra andar de trem suburbano é preciso ter cartão-transporte com créditos. Você passa o cartão na roleta tanto na entrada quanto na saída, a máquina calcula quantas estações você se deslocou dentro do sistema e cobra automaticamente o valor correspondente.


Nos ônibus de Buenos Aires, igualmente de diversos países hispano-americanos como Colômbia e México, e novamente na África do Sul, a passagem também é proporcional a distância, mas nesses casos o motorista (que também cumpre o papel de cobrador) pergunta logo que você embarca onde você vai descer, e cobra de acordo

A rede ferroviária argentina era estatal, foi privatizada e re-estatizada. 

Sim, é isso. No século 20 havia a companhia de capital federal Ferrovias Argentinas ('Ferrocarriles Argentinos', no original), que foi privatizada por Carlos Menen, as operações pulverizadas entre várias empresas privadas. 

Em 2015, a presidente Cristina Kirchner criou a cia. Trens Argentinos ('Trenes Argentinos'), re-estatizando o serviço, não sei se na totalidade ou parcialmente. O que notamos é que esse ramal está novamente sob a égide do governo federal.






 
Há precedentes pra isso na Argentina. Já mostrei aqui no blog um tróleibus de Rosário (2ª maior cidade do interior, atrás de Córdoba) - na verdade nesse caso específico os tróleis iam rodar em Belo Horizonte-MG, a Cristiano Machado chegou no começo dos anos 80 a ter instalada a rede de fios onde os busos puxariam a energia; mas acabou não se concretizando. A frota ficou anos sem uso 0km num depósito, até que foi exportada pra Rosário, onde enfim foi posta pra funcionar.

Mas essa história já contei outro dia. Aqui, pro que nos importa, quero dizer que nos anos 70 os tróleis de Rosário eram operados por viação estatal. Houve a privatização e mais recentemente a re-estatização do sistema. Exatamente como nos trens.

Matérias sobre o tema: 

- LINHA PINTADA NO 'MICRO' COLORIDO; 3 CIDADES COM TRÓLEIBUS; BOM METRÔ E TREM; POUCOS ARTICULADOS E CORREDORES: O TRANSPORTE NA ARGENTINA

- "O NÚMERO DA BESTA": BUENOS AIRES (no texto eu explico a associação com a música do 'Iron Maiden')

- ASCENSÃO & QUEDA: A ARGENTINA VISTA POR DENTRO

"Deus proverá"