quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Ho, ho, ho, chegou o Natal… e Papai-Noel veio pilotando um buso iluminado....no Passeio Público !!!!

Juvevê.

ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"

 

As fotos dessa postagem (com exceção de uma) são de autoria de alguns colegas, que cederam seu trabalho pra essa publicação. As imagens são de livre circulação desde que os créditos sejam mantidos

 

Curitiba, dezembro de 2021. Ônibus todo iluminado da Linha-Natal circula pela cidade. Essa tomada foi feita no Juvevê, entre as Zonas Central e Norte.

 

o Público é o parque mais antigo de Curitiba, de 1886, e é no Centro. Eu sei, o Natal já passou. Mas no momento que publico essa postagem (29/12/21) a Linha Natal ainda está ativa, pois rodou até 30 de dezembro. Logo, quando a mensagem subiu pro ar, os busões todo decorados com neon ainda iluminavam as ruas curitibanas.


A esquerda foto feita dentro do Passeio Público.

 

Dá gosto ver o Natal de Luz ali, nesse tão querido Passeio Público. Eis uma parte da cidade que após um período muito difícil agora "mudou da água pro vinho" - apropriado usar a linguagem bíblica, já que estamos falando do Natal.

 

Até os anos 80 o Centro em geral e o Passeio Público em particular eram "o coração da cidade": limpos e relativamente seguros, e frequentados por todas as classes, dos trabalhadores braçais a alta burguesia:

 

Quem mora em Curitiba há mais de 30 anos (escrevo em 2021) se lembra que na década de 80 o restaurante Pasquale, dentro do Passeio Público ao lado do lago, era "onde as coisas aconteciam".

Ficava lotado, as pessoas faziam fila pra comer os famosos mini-pasteis, e pra quem aprecia tomar um chope (eu mesmo não bebo). Cheguei a ir lá diversas vezes na minha infância. O lago tinha pedalinhos onde as mães distraiam as crianças, o Passeio era bem-frequentado, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos.

Porém a partir dos anos 90 e acentuando após a virada do milênio houve severa decadência na região. Dentro do Passeio e em seu entorno passou a ser uma parte perigosa, mal-frequentada. 

No final da década de 10 desse novo milênio era um local evitado pelas famílias, tanto proletarias quanto de classe média.

Estive no Passeio Público num sábado de tempo bom em 2019, antes da revitalização. Foi uma cena triste. Estava quase vazio, foi desolador.

Porém a partir de 2020 tudo mudou novamente, e agora pra melhor. 

O Natal de Luz trouxe de volta as crianças e as famílias, da periferia e também da média e inclusive alta burguesias de volta ao parque mais antigo da cidade.

A inauguração do Cine Passeio, como onome indica quase em frente, também ajudou nesse processo de revitalização, trazendo movimento saudável o ano inteiro na região.

Fui no Natal de Luz do Passeio Público em 2020. Mesmo com as restições impostas pela epidemia estava bem movimentado. Agora em 21 então, quando há mais liberdade de movimento, estava bombando de gente (a esq. a foto comprova, vemos o Portal, assinatura indelével do Passeio; acima dessa a Árvore de Natal no lago; a imagem abaixo, do Trenó de Luz, encerra as cenas do Passeio Público).

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O Natal de Luz dos Parques Barigüi, Iguaçu e Tanguá, inversamente, contam com linhas específicas pra atendê-los.

Feitas com veículos especialmente caracterizados, como as imagens mostram.

No caso do Barigüi e Iguaçu, o único ponto de parada é o terminal  de ônibus mais próximo (Campina do Siqueira e Boqueirão, respectivamente). Não é possível entrar ou sair do veículo fora desse exato local específico.

A Linha-Natal do Parque Tanguá começou em 2021 e é convencional: sai do Centro, e permite embarque e desembarque no trajeto, mediante o pagamento da tarifa normal (R$ 4,50).

 

No Barigüi e Iguaçu o projeto é do ano anterior, ou seja de 2020. O formato é diferente. Como já escrevi antes:

 

As atrações podem ser conferidas nas 2 linhas especiais de Natal, que saem, respectivamente, dos Terminais Campina do Siqueira e Boqueirão.

 
Em 2019 circulou a 'Linha Natal', que saía do Centro - na Praça Santos Andrade, ao lado do Teatro Guaíra - e era cobrada. Tinha o trajeto parecido com a famosa Linha Turismo, apenas um ppouco mais curto. Cheguei a utilizá-la, no único ano que ela existiu. Porém a partir de 2020 ela não pôde operar devido a epidemia de Corona-Vírus. 
 
Por conta disso as atrações natalinas (coral das crianças, presépio vivo, portais de luz, estátuas cristãs, etc) foram concentradas no Parque Barigüi - pra quem não conhece Curitiba, é o mais famoso da cidade, o 'xodó curitibano'. Assim foi criada a linha-Natal, que esse ano é gratuita e tem seu único ponto embarque e desembarque no Terminal Campina do Siqueira.
 
Esse terminal fica na divisa do bairro de mesmo nome com o Bigorrilho. Chamado por alguns de "Champagnat", é uma parte de classe média-alta, bem como bairros vizinhos.

A Zona Oeste, ao lado da Zona Norte, são as regiões mais arborizadas e aburguesadas da capital paranaense. Com exceção da Cidade Industrial (que é bairro mais populoso de Curitiba, com mais de 180 mil habitantes no Censo de 2010, e que portanto concentra várias vilas populares) a imensa maioria dos bairros da Z/O tem população pequena (sempre perto ou abaixo de 30 mil moradores) e renda mais elevada.
 
 
Assim a prefeitura decidiu fazer outra celebração do Natal de Luz também no Parque Iguaçu, com o ônibus saindo do Terminal Boqueirão, mais próximo dos bairros proletários da cidade.
 
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A Linha-Natal do Parque Tanguá começou em 2021 .

Assim, no segundo ano do projeto, enfatizando ainda mais uma vez, o Parque Tanguá também entrou no Circuito.

Ao lado foto de dezembro de 21. o portal bem colorido refletido na água.

Com um céu cinza de fundo que realçou a beleza do espetáculo.

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Vou inserir agora informações de 2020. Eram corretas quando foram escritas, não sei informar se foi assim também em 2021. Isto bem esclarecido, volta o texto original:
 
Os busões da Linha-Natal do Pq. Barigüi são as jardineiras - de 1 andar - utilizadas na Linha Turismo. Ambos da montadora Comil (que tem sede em Erechim, Rio Grande do Sul).
 
Falando dos que foram retratados aqui, o acima foi clicado no parque mesmo, e está com a pintura branca, a primeira da Linha Turismo, quando essa era operada só com ônibus de 1 andar. Enquanto que o de baixo, fotografado no terminal, está já na pintura bege com arco vermelho, a segunda e atual da Linha Turismo, adotada quando chegaram os famosos busões de 2-andares - utilizada também nos veículos de somente 1 andar, como visto aqui.
 
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Já produzi uma reportagem com dezenas de fotos por todo Brasil sobre o tema dos ônibus com decoração natalina.

- HO,HO, HO, CHEGOU O NATAL . . . E PAPAI-NOEL VEIO PILOTANDO UM BUSO ILUMINADO

Postagens sobre o Parque Barigüi, onde é feito o Natal-Luz:

A "CIDADE OCULTA" - E MAIS O PARQUE BARIGÜI: SANTO INÁCIO, ZONA OESTE (setembro de 17): 

O Santo Inácio é dos bairros menos conhecidos de Curitiba, daí o título. Um lugar que ainda abriga casas simples sem muro, em terrenos enormes – como toda periferia de Curitiba foi até o começo dos anos 90 mas não mais a muito.

Creio que a melhor referência é dizer que o Parque Barigui (que aqui citamos) fica – parcialmente – no Santo Inácio.

PARQUES & FAVELAS: O RIO BARIGÜI (outubro de 2017, reaproveitando material de 2014 e 2011):

O Parque Barigüi foi formado ao lado do lago represado do Rio de mesmo nome. Radiografia completa desse que é um dos mais importantes cursos d'água da cidade. A nascente é na Z/N, e a foz na Z/S. Ainda assim, o Barigüi É Z/O, é o Rio-Arquétipo da parte ocidental da cidade, por isso fica nessa página.
 
LINHA TURISMO: A CURITIBA QUE SAI NA T.V. - Na postagem conto a história completa desse modal, que emprestou os veículos pra Linha-Natal do Barigüi.
Desde o tempo da ‘jardineira’ “Pro-Parque” e da linha “Volta ao Mundo“, que foram suas predecessoras. Passando pelo momento que a Linha Turismo ainda era feita com velhos ônibus de 1-andar. A Linha Turismo não era vista com tanta importância.
Por isso os ‘carros’ que nelas serviam eram aposentados das linhas convencionais, reformados pra mudarem as janelas e os bancos. Só depois chegaram os busões 0km especialmente pra Linha Turismo; Primeiro ainda com 1 andar mesmo, e mais recentemente os famosos 2-andares.
 

(Radiografia completa, todos os modais: Expressos, ConvencionaisIntrer-Bairros, Alimentadores, Circular-Centro, Ligeirinhos, e mesmo outros que já foram extintos.)


ANTES & DEPOIS: FROTA PÚBLICA DE CURITIBA: Entre 1987 e 88, a prefeitura encomendou 88 articulados, que vieram pintados de laranja.

Usei seu trabalho como base pra fazer uma matéria em minha página, acrescentando mais fotos e informações. 

Tudo somado, os 88 busos eram nessas configurações:
– 12 Caios Amélia (11 Scania e 1 Volvo)
– 26 Marcopolos Torino (todos Volvo)
– 50 Ciferal Alvorada (idem, 100% Volvo).

Vendo pelo fabricante de motor, repetindo, foram 11 Scanias (todos eles Caio Amélia e com o eixo a frente da porta) e 77 Volvos (sendo 1 Caio Amélia, 26 Marcopolos Torino e 50 Ciferal Alvorada, todos com o eixo na posição ‘normal’, atrás da porta).

Esse é focado nos ônibus. Falo bastante da cidade de Curitiba, principalmente de um fato curioso:Azul é a cor mais comum de ônibus pelo mundo afora.
No entanto, só em 2011 a capital do Paraná foi ter busos nessa cor. A vai durar pouco. Os ‘ligeirões’ comprados a partir de 2018 voltaram a ser vermelhos.

Assim, em algum momento na década de 20, a frota azul adquirida em 2011 será substituída.

Curitiba deixará então de ter busos celestes, e então nãos os terá nem no municipal tampouco no metropolitano. Alias esse tema já nos leva a próxima matéria.

Aqui retrato a história do modal ‘Expresso’, desde sua criação em 1974Você sabe quantas cores o Expresso já teve em Curitiba?

Foram 4, começou vermelho, já tentaram fazer Expressos laranjas (dir.), cinzas (esq.) e azuismas sempre voltam a ser vermelhos.

As próximas 3 matérias retratam Colombo, na Zona Norte da Grande Curitiba.

– VIAGEM PRO PASSADO: A GARAGEM DA VIAÇÃO COLOMBO, ANOS 80 - Quando ainda era pintura livre, e a viação era grande cliente da Caio (depois ela ficou 20 anos sem adquirir Caios 0km).

Ficou pronto em 2006, mas ficou 3 anos fechado, só sendo inaugurado (de forma errada) em 2009.
Somente em 2016 o Roça Grande se transformou num terminal de verdade.
Com linha troncal sendo feita por articulado e linhas alimentadoras com integração de fato.
Fotografei um articulado Caio ex-BH chegando no Terminal Roça Grande vindo do Centrão de Ctba. .  Isso nos leva as duas próximas matérias.

Até 2015, a prefeitura de Curitiba controlava também boa parte do transporte metropolitano.
Então era proibido trazer ônibus usados, tinha que ser sempre 0km.
Nesse ano houve o rompimento. As linhas inter-municipais voltaram pra alçada do governo do estado.
Com isso, Curitiba passou a ser grande importadora de busões de outros estados.

Um busão do Recife foi vendido primeiro pra Aracaju-SE.
Onde operou sem repintar por conta de uma homenagem que uma viacão sergipana faz a Pernambuco.
Depois veio pra Grande Curitiba, sendo enfim repintado no padrão metropolitano.
E assim, no bege da Comec, foi deslocado pra Itajaí/SC.
Mostro vários outros exemplos que nas viações metropolitanas a importação de ônibus usados virou rotina em Curitiba.
Especialmente entre os articulados, mas chegou ma leva de ‘carros’ curtos também.



Agora sobre as linhas metropolitanas:

- ABRIU O BAÚ: OS ÔNIBUS METROPOLITANOS DE CURITIBA ANTES DA PADRONIZAÇÃO

"Deus proverá"

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

A "Riviera do Cabo": definitivamente, palavras não são necessárias

 

 


ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"

Autoria própria. Imagens de livre circulação, desde que os créditos sejam mantidos.

Local:

Cidade do Cabo, África do Sul.

Data

04/2017.

Viação:

Não sei a empresa, mas faz parte do consórcio 'Minha Cidade', que opera as linhas integradas nessa pintura padronizada

Carroceria:

????

Motor:

?????.

Observações:

A avenida é de mão-dupla. Obviamente na África do Sul existe a 'mão inglesa', você dirige pela esquerda.

 

Cidade do Cabo, África do Sul, abril de 2017. Foto tirada na belíssima estrada que liga o Centro a orla da Zona Sul, a parte mais bonita da cidade.

O Cabo conta com uma moderníssima rede de transporte integrada com ônibus, chamada 'Minha Cidade' ('My Citi' no original, com 'i' mesmo). Os veículos têm pintura padronizada, e as linhas de grande demanda são feitas por articulados que usam canaletas exclusivas e estações elevadas com embarque pré-pago. As linhas menores são feitas por busões de tamanho normal e micro-ônibus. 

É o caso aqui. Essas praias sã parecidas com subúrbios estadunidenses: bairros residenciais, quase sem prédios. Logo a demanda por transporte coletivo é menor, os micros dão conta do recado.

A ‘Riviera do Cabo’, ou seja, a orla da Zona Sul da Cidade do Cabo, espremida entre as montanhas e o mar, o que lhe confere uma beleza ímpar.

Batizei a série ‘O Mundo num só País’, porque exatamente isso é que é essa nação. Uma mistura de África, Europa e (em menor medida) até mesmo Ásia. Esse era o lema oficial nos tempos do ‘apartheid‘.

O regime racista caiu, felizmente; falemos agora sobre os desafios do novo milênio, sob democracia.  Ainda assim, a África do Sul continua sendo ‘O Mundo num só País‘.

Por África do Sul você se sente na Inglaterra ou nos EUA, porque as cidades são dessa escola de urbanismo. Com exceção das favelas, é claro. No bairro que nos hospedamos na Cid. do Cabo – chamado ‘Woodstock’ – eu me sentia em São Francisco-EUA. Eu nunca fui a essa metrópole ianque, mas de ver pelos filmes e ‘Google’ Mapas sei como é. 

E no Cabo eu parecia que estava lá, de verdade. Pois era isso que meus olhos me diziam, pela sensação visual. Eu precisava me lembrar ‘manualmente’, digamos assim, inserir na minha mente a informação racional que eu estava na África, porque a dimensão sensorial me dizia o contrário.

Curioso, não? Uma vez  eu estava na América – na República Dominicana – mas minha interpretação penta-sensorial (visual, térmica, sonora, olfativa, gustativa) me dizia que eu estava na África. Dessa vez eu estava mesmo na África, mas parecia que estava aqui na América.

E a Cidade do Cabo é, primeiro, a cidade mais bonita da África do Sul, e uma das mais belas do planeta. Isso já disse. Segundo, a Cidade do Cabo é a mais integrada em termos raciais. Se preferir de outra forma, é a que há mais brancos pelas ruas do Centro e dos bairros de periferia.

Em Durbã e Joanesburgo, não há brancos no Centro nem na periferia. Eles só ficam nos subúrbios de classe média-alta e na praia (no caso de Durbã, Joanesburgo não tem mar). Pretória tem vários brancos no Centro, é bem menos segregada que as outras duas acima. Ainda são ínfima minoria, vemos com frequência mas ainda assim não é tão comum.

Já na Cidade do Cabo é diferente. O Centrão, o começo da periferia e a orla são plenamente integrados. Você vê pessoas de todas as raças de forma abundante. Não é que Joanesburgo e Durbã tenham poucos brancos, exatamente ao contrário. Eles são muitos, viajei de avião entre essas cidades, e ali os de pele alva eram maioria.

Só que os caucasianos se impuseram uma auto-segregação, moram e trabalham em subúrbios a moda ianque afastados da cidade. Nas praias de Durbã, como dito, não há auto-segregação. Ali todas as raças convivem em harmonia. Mas só ali, os brancos não frequentam o Centrão. Como Joanesburgo não tem mar, se você não for aos bairros que os brancos moram você não vê brancos.

Entretanto, em Pretória e muito mais na Cidade do Cabo, a coisa é bem mais harmônica. No Centro do Cabo você se sente na América (que é um continente, não me refiro aos EUA), ou na Europa. Pois vê pessoas de todas as raças andando lado-a-lado e convivendo nas ruas.

Terceiro, pela topografia da cidade. Assim nos bairros a leste do Centro eu me sentia na Califórnia. E nos a oeste dele a sensação exata é a de estar nas partes mais bonitas do Mediterrâneo, na Itália ou nas Ilhas da Grécia. Não é difícil entender o porque dessa impressão tão aguda.

Ruas sinuosas se equilibrando na encostas, mansões e prédios de milionários se espremendo entre o morro e o Oceano. Eu estava na “Riviera do Cabo”.

 Sem nunca ter ido fisicamente a Califórnia, no Cabo eu estava na Califórnia. E sem nunca ter ido a Europa eu estava na Riviera, digo de novo. Então me calo, porque já falei demais. Nem é preciso dizer nada, as imagens dizem tudo. Abra a matéria e confira, verá que tenho razão:

 A Riviera do Cabo (maio.17): Ensaio fotográfico mostrando a orla da Zona Sul da Cidade do Cabo. Que é uma das cidades mais lindas do mundo. E esse é seu pedaço mais encantador. Definitivamente “palavras não são necessárias“.

Vamos a série completa sobre a África:

DA 'GUERRA DOS TÁXIS' AO GAUTREM: O TRANSPORTE NA ÁFRICA DO SUL, DA BARBÁRIE AO MODERNÍSSIMO (julho.17) -

Falamos das “Guerras do Transporte” – não é figura de linguagem, o sangue correu e ainda corre.

E também do que funciona exemplarmente, como os ônibus do Cabo e o Gautrem (direita), que liga justamente Joanesburgo e Pretória.

- ÁFRICA DO SUL, O MUNDO NUM SÓ PAÍS (maio.17, abertura da série, falo da triste era do 'apartheid', da luta que foi pra derrubar o regime racista);

Joanesburgo, a “Metrópole Global Africana” (abril.18): Gauteng, como dito, é o menor estado (província) da África do Sul. Mas seu centro populacional, econômico e político.

Ali está Joanesburgo, sua maior metrópole, centro financeiro e político do país. Um pouco mais ao norte fica Pretória, a capital administrativa nacional, que é praticamente um subúrbio do Joanesburgo.

Encanto Multi-Dimensional: a Cidade do Cabo (e do Vinho), um Chacra da Terra (fevereiro.18): Uma radiografia completa da mais bela cidade da África do Sul, e, repetindo o que todos sabem, uma das mais belas do mundo.

- América na África (Índia na África também) – é Durbã, de Porto Natal a eThekwini (setembro.18):

Se a República Dominicana é a 'África na América', Durbã, inversamente, é a ‘América na África’.

Pois se parece mais com as cidades latino-americanas (tem favelas em morros), enquanto o resto da África do Sul segue o modelo anglo-ianque  de urbanização.

Ademais, Durbã é a maior diáspora indiana a nível global, a “Índia na África”.

Khayelitsha É África: só eu e Deus na "Zona de Perigo" (setembro.17):

Minhas voltas (sozinho, de transporte público, sem celular, guia ou qualquer proteção exceto a Divina) pelas periferias de Joanesburgo, Cidade do Cabo e Durbã.

Todas essas cidades têm problemas seríssimos de segurança pública, como não é segredo pra ninguém.

Em Durbã andei até num camburão policial (ao lado), os policiais me deram uma "carona" pra me tirar de uma dessas periferias.


Deus proverá

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

As 'Zonas' de Salvador: Orla, Miolo e Subúrbio

 

 

ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"

Autoria própria. Imagens de livre circulação, desde que os créditos sejam mantidos.


Local:

Salvador-BA.

Data

11/2020.

Viação:

Consórcios do Integra Salvador.

Carroceria:

????

Motor:

????

Observações:

As esculturas na praça lembram algumas do Botero que há no Centro de Medelím-Colômbia.

Salvador da Bahia, novembro de 2020. Praça na beira-mar em Ondina. Na mesma imagem consegui capturar busões nas 3 cores da padronização Integra Salvador, implantada em 2014.

Respectivamente, a cor azul é das linhas que servem a Orla; verde o Miolo e amarelo o Subúrbio.

UMA DIVISÃO PECULIAR:

NÃO HÁ ‘ZONAS’, E SIM ‘ORLA’, ‘MIOLO’ E ‘SUBÚRBIO’ –

A imensa maioria das cidades cresce pros quatro lados, ou ao menos três. O Centro é bem, no centro geográfico, e a urbe se expande pra todas as direções.

E assim se divide em Zona Central, Norte, Leste, Sul e Oeste. Em muitos casos, não pros 4, mas apenas pra 3. Pois a água ou a montanha impede a ocupação de um dos pontos cardeais.

O Rio de Janeiro e o Recife não têm Zona Leste, tampouco Bogotá-Colômbia, Buenos Aires-Argentina e Chicago-EUA. Fortaleza-CE não possui a Zona Norte, Manaus-AM ficou sem a Zona Sul. Enquanto que Porto Alegre-RS, Belém-PA e Foz do Iguaçu-PR são alijadas da Zona Oeste, a Cidade do Cabo-África do Sul idem.

Citando apenas alguns alguns exemplos, claro que há muitos outros. Vocês entenderam. Seja como for, além da Zona Central quase todas as cidades têm 4 ou ao menos 3 ‘Zonas’ relativas aos pontos cardeais.

Então. Em Salvador é diferente. A cidade ocupa uma península tem a forma de um dedo voltado pra baixo, se quiser ver assim. Pela sua geografia específica, não faz sentido ali dividir a metrópole em Zona Leste, Zona Sul, etc. Ao invés disso a divisão ali aplicada é Orla, Miolo e Subúrbio.

E o Centro é composto pela Cidade Baixa e Cidade Alta, unidas pelo famoso ‘Elevador Lacerda’, cartão-postal mais famoso de Salvador. Bem, além dele há também os ‘funiculares’ ou ‘planos elevados’. Trata-se de um elevador que opera na diagonal.

O Elevador Lacerda é usado tanto pela população local quanto os turistas. Já os ‘funiculares’ são pouco conhecidos dos turistas e eu diria mesmo da burguesia baiana, servem mais a classe trabalhadora.

Seja como for, a separação do Centro entre Cidade Alta e Baixa é por demais evidente pra ser explicada. Foquemos então na divisão da cidade como um todo. Salvador é uma península, repito.

O que nos importa nessa análise é a divisão da cidade. Ela tem duas costas, a do Atlântico de mar aberto, onde as ondas são fortes, e a da Baía de Todos os Santos, cujas praias não têm quase ondas. Salvador teve sua gênese na Barra, na Costa Atlântica. 

Tem mar dos 2 lados, privilégio que lhe confere nada menos que 80 km de litoral, mais que todo o estado do Piauí e quase empatando com o Paraná. Além disso suas praias são bastante entre-cortadas, o que faz com que na capital da BA o Sol nasça e se ponha no mar, privilégio único.

Acontece que uma povoação as margens do mar aberto é mais difícil de ser protegida de ataques de piratas, por motivos óbvios. Assim o núcleo primordial da cidade foi transferido pra outra costa, dentro da Baía, muito mais facilmente defensável.

Até o início do século 20 a orla da Baía de Todos os Santos era a parte mais cara da cidade. Os mais abastados tinham casarões na beira-mar da Praia da Ribeira, próxima ao Centro, ainda na região chamada ‘Cidade Baixa’.

Ônibus padronizado 'Integra Salvador' na Praia de Itapuã.

A ‘Costa Atlântica’ era então um lugar distante, onde alguns talvez tivessem casas de veraneio.
No entanto era difícil morar ali e se deslocar ao Centro diariamente pra trabalhar. A cidade se desenvolvia as margens da Baía de Todos os Santos. Ainda no século 19 foi inaugurada a ferrovia que ligava o Centro aos bairros distantes as margens desta

O derradeiro século do milênio que se encerrou trouxe grande progresso material, e alterou esse quadro. Com a construção de novas ruas e a popularização do automóvel tudo mudou.As pessoas de maior renda foram se afastando do Centro e imediações, a chamada ‘Cidade Baixa’.

Bairros caros foram então se formando na Costa do Atlântico, que então passou a ser conhecida como “a Orla”. Os bairros do lado oposto, na Costa da Baía, ficaram sendo chamados de ‘Subúrbio Ferroviário’, ou simplesmente “o Subúrbio”. Por conta da linha de trem que corta a região, evidentemente. E a porção intermediária, que não tem mar, é “o Miolo” soteropolitano.

Essa divisão, de tão enraizada, foi adotada até na padronização dos ônibus, ocorrida em 2014. Ainda farei um texto específico sobre o transporte onde discorreremos com mais detalhes e centenas de fotos. Por hora basta observar o mapa acima: os busões que servem a Orla são azuis. Os do Miolo verdes, e os do Subúrbio na cor amarela.

Padronização Integra Salvador, o metrô que foi inaugurado em 2014 e já tem 2 linhas, o trem suburbano que operou por 160 anos, o futuro VLT que entrará em seu lugar;

“O “Brancão” do começo desse novo milênio (um pouco mais pro alto na página, acima da foto da estação do metrô), quando quase todas as viações adotaram uma “padronização informal” embranquecendo a frota – mas nem todas, a BTU foi uma das que resistiu;

O tróleibus que existiu nos anos 60, a viação estatal Transur, as primeiras tentativas de padronização (‘Grande Circular’ e TMS), os articulados – que acabaram mas logo voltarão com o BRT, os elevadores que conectam a Cidade Baixa a Cidade Alta.

Eis a série completa sobre a Bahia:

- ONDE TUDO COMEÇOU: SALVADOR DA BAHIA (Salvador é o sol: com 80 km de praias, o sol nasce e se põe dentro do mar)

Publicado em 22 de Abril de 2021 – aniversário de 521 anos do ‘Descobrimento’ do Brasil, que ocorreu na Bahia. A direita vemos a cena: em 1500 Portugal “descobre” o Brasil, chegando pela Bahia (quadro do museu Palácio da Sé, no Pelourinho-Salvador).

Salvador é peculiar, por muitos motivos: é uma cidade muito antiga, foi a primeira e por enquanto mais longeva capital do Brasil.

Salvador foi fundada em 1549 (5 anos antes de São Paulo e 16 antes do Rio de Janeiro), quase meio século depois do “descobrimento”, pra ser a sede da administração portuguesa no então nascente Brasil

"Descobrimento" entre aspas, pois aqui já moravam homens antes da chegada das caravelas, portanto já estava descoberto - esse adendo não significa a negação da contribuição lusa e europeia em geral na formação de nossa pátria.

A esq. o 1° bispo do Brasil, instalado em Salvador. Nota: eu não sou católico. Apenas em seus primeiros tempos a história de nosso país esteve muito atrelada a Igreja.

Com 80% de sua população afro-descendente, é a metrópole mais negra do Brasil – e uma das mais negras do mundo fora da África.

Espremida entre a Baía de Todos os Santos e o Oceano Atlântico, tem 80 km de praias. Seu litoral é maior que o do estado do Piauí.

Com uma orla com essa grande extensão e bastante recortada, o Sol nasce e se põe no mar:

Situação creio que única no mundo, ao menos entre as cidades dessa porte.

Salvador é uma península (tem a forma de um dedo, se quiser visualizar assim).

Isso faz dela uma cidade muito densa, com pouca área verde e muita verticalização, inclusive nas áreas mais humildes.

Some-se a isso uma grande desigualdade social, que também ocorre nas outras metrópoles do Brasil e do mundo. Resultando que há favelas em quase todos os bairros, mesmo na Zona Central e nas partes mais abastadas da Orla.

Como as favelas são em morros e com muitos prédios artesanais, em que as lajes vão sendo enchidas e os andares vão subindo sem muita fiscalização, a imagem é bastante impressionante. Andar pela capital baiana, mesmo perto do Centro e das praias, é parecido com andar na periferia de São Paulo. O subúrbio soteropolitano (o gentílico da cidade se alguém não sabe) é bastante denso e verticalizado, repetindo.

Mais parecido com os subúrbios do Sudeste que com os das outras capitais nordestinas.

Salvador é a ligação entre o Sudeste e o Nordeste em termos Espirituais, assim como Curitiba é a ligação entre Sudeste e Sul.

BEM-VINDO A SALVADOR“: favela em morro ao lado de prédios de padrão mais elevado; eis uma das 1ªs imagens que vi da cidade, ainda dentro do moderníssimo metrô que me levou do aeroporto ao Centro.

……

É BOM PASSAR UMA TARDE EM ITAPUÃ: É DIA DE DOMINGO EM SÃO SALVADOR (publicado em novembro de 2021)

Comecei meu último dia no Nordeste na Barra, que é o único lugar de Salvador que os brancos são maioria na rua. Portanto uma região de elite.

E, como diz a música, fui “passar a tarde em Itapuã” – uma praia da periferia (esq.), onde exatamente ao inverso 95% das pessoas eram negras ou mulatas.

A trilha sonora só poderia ser o ‘pancadão’ do ‘funk’. Daquele jeito.

Falo do renascimento do Salvador pros turistas: uma cidade acolhedora, limpa e segura.

Por outro lado, as ofertas dos guias e vendedores no Pelourinho extrapola pra insistência desrespeitosa e mesmo pra uma extorsão velada.

Abordo também da pichação em muros, que tem ‘alfabeto’ e regras próprias. Ao lado um exemplo desse estilo inconfundível (no destaque bicicletas que um banco disponibiliza pra aluguel em Ondina).

Além de vários aspectos soteropolitanos: da origem desse gentílico, que remonta ao grego;  até o gosto pelo churrasco, compartilhado com o Sul do Brasil.

SOTEROPOLITANO –  Publicado em janeiro de 2017, antes de eu ter ido pessoalmente, portanto:

PUXADINHO NO PRÉDIO, GENTE NAS CAÇAMBAS, GARAGENS NA VIA PÚBLICA:

SALVADOR TAMBÉM É AMÉRICA! E COMO É!!!

Em algumas fotos puxadas do ‘Google Mapas’, mostramos cenas da periferia da cidade.

Ao lado “puxadinho no prédio“:  há um edifício, legalmente construído, com alvará e tudo.

E aí sem alvará alguém sobe mais um andar por conta.

Orla de Salvador.

Essa é no bairro de Perambués, mas é situação comum por todo subúrbio soteropolitano.

Flagrei também pessoas viajando sem proteção nas carrocerias de caminhões.

Calçadas das vias públicas que foram transformadas em estacionamentos pros prédios em frente, e por aí vai.

América Latina, né? Fazer o que?



Confira série completa sobre o Recife
, que conheci na mesma viagem. Eis a matéria de abertura:  - A CIDADE SANGUE-QUENTE -   "Choque Cultural": um curitibano no Recife.    Poucas cidades no mundo são tão diferentes quanto as capitais do PR e PE. Curitiba é fria, o Recife é quente, sangue-quente.
 

"VENEZA BRASILEIRA" -

O apelido, evidente, se deve as muitas pontes e canais do Centro (acima). Também chamada Amsterdã Sul-Americana, pelo mesmo motivo. Falo de vários aspectos sobre a cidade: o nome, a geografia, a pichação nos muros, e muitos outros.

Agora a postagem específica sobre transportes, atualizada com centena de fotos, o texto também foi completamente reformulado.

- "FESTA NO MORRO” ??? AH, ESSES ÔNIBUS RECIFENSES…

(Damos uma palhinha até em Teresina-PI, que também tem uma linha curiosa, "Vamos Ver o Sol".) 

Outras postagens relacionadas ao tema:

- "Uma ‘Boa Viagem’: de Brasília “Teimosa” a Brasília “Formosa (Mostro a antiga favela próxima a Boa Viagem, que até 2003 tinha palafitas dentro do mar; agora foi urbanizada e virou um bairro normal)

- TRANSGENIA BUSÓFILA (E AUTOMOTIVA EM GERAL) - Dezenas de curiosidades como essa, veículos - de todos os modais - adaptados prum uso distinto do planejado originalmente;

 

 
Agora as matérias da Paraíba, vizinha de Pernambuco, que visitei em 2013. 

Tribus em frente ao Estádio Almeidão, Jampa.

 TERRAS DO TRIBUS URBANO: a Paraíba, ao lado dos vizinhos Pernambuco, Rio Grande do Norte e até Sergipe, e mais São Paulo, concentram os ônibus trucados (com 3º eixo) no Brasil.

ONDE O SOL NASCE: JOÃO PESSOA (a capital paraibana é a cidade mais oriental de toda América.
 
Portanto a que todos os dias recebe seu primeiro raio de Sol; nessa matéria falo um pouco do transporte coletivo também);

 ATÉ BAYEUX TEM "METRÔ": minha ida de trem ao subúrbio da Zona Oeste da Grande J.P. (Bayeux e Santa Rita) de trem. A tarifa é simbólica, R$ 0,50 (valor de 2013)
 

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J.P. é a 1ª cidade da América a ver o sol.
Falamos rapidamente também do futebol na Paraíba, afinal 2013 foi justamente mais glorioso da história, quando esse estado levou seus dois maiores títulos, a série D do Nacional e a Copa do Nordeste.

N. SRA. DAS NEVES, PHILIPÉIA, FREDERICOBURGO, CID. DA PARAÍBA: ATÉ J. PESSOA SER MORTO NA CID. DE MAURÍCIO  Contamos um pouco da história do estado, os 5 nomes que J. Pessoa já teve. No embalo mostramos 2 bandeiras anteriores paraibanas, até ela chegar a atual. Ah, é a “Cidade de Maurício” é justamente o Recife.


– JOÃO PESSOA É UMA MÃE, assim definiu o taxista (recifense de nascimento e criação) que me levou do aeroporto. Um pouco do clima, vegetação, e muitas fotos da periferia.
 
Deus proverá