ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"
Local: |
Salvador-BA. |
Data |
11/2020. |
Viação: |
Consórcios do Integra Salvador. |
Carroceria: |
???? |
Motor: |
???? |
Observações: |
As esculturas na praça lembram algumas do Botero que há no Centro de Medelím-Colômbia. |
Salvador da Bahia, novembro de 2020. Praça na beira-mar em Ondina. Na mesma imagem consegui capturar busões nas 3 cores da padronização Integra Salvador, implantada em 2014.
Respectivamente, a cor azul é das linhas que servem a Orla; verde o Miolo e amarelo o Subúrbio.
NÃO HÁ ‘ZONAS’, E SIM ‘ORLA’, ‘MIOLO’ E ‘SUBÚRBIO’ –
A imensa maioria das cidades cresce pros quatro lados, ou ao menos três. O Centro é bem, no centro geográfico, e a urbe se expande pra todas as direções.
E assim se divide em Zona Central, Norte, Leste, Sul e Oeste. Em muitos casos, não pros 4, mas apenas pra 3. Pois a água ou a montanha impede a ocupação de um dos pontos cardeais.
O Rio de Janeiro e o Recife não têm Zona Leste, tampouco Bogotá-Colômbia, Buenos Aires-Argentina e Chicago-EUA. Fortaleza-CE não possui a Zona Norte, Manaus-AM ficou sem a Zona Sul. Enquanto que Porto Alegre-RS, Belém-PA e Foz do Iguaçu-PR são alijadas da Zona Oeste, a Cidade do Cabo-África do Sul idem.
Citando apenas alguns alguns exemplos, claro que há muitos outros. Vocês entenderam. Seja como for, além da Zona Central quase todas as cidades têm 4 ou ao menos 3 ‘Zonas’ relativas aos pontos cardeais.
Então. Em Salvador é diferente. A cidade ocupa uma península – tem a forma de um dedo voltado pra baixo, se quiser ver assim. Pela sua geografia específica, não faz sentido ali dividir a metrópole em Zona Leste, Zona Sul, etc. Ao invés disso a divisão ali aplicada é Orla, Miolo e Subúrbio.
E o Centro é composto pela Cidade Baixa e Cidade Alta, unidas pelo famoso ‘Elevador Lacerda’, cartão-postal mais famoso de Salvador. Bem, além dele há também os ‘funiculares’ ou ‘planos elevados’. Trata-se de um elevador que opera na diagonal.
O Elevador Lacerda é usado tanto pela população local quanto os turistas. Já os ‘funiculares’ são pouco conhecidos dos turistas e eu diria mesmo da burguesia baiana, servem mais a classe trabalhadora.
Seja como for, a separação do Centro entre Cidade Alta e Baixa é por demais evidente pra ser explicada. Foquemos então na divisão da cidade como um todo. Salvador é uma península, repito.
O que nos importa nessa análise é a divisão da cidade. Ela tem duas costas, a do Atlântico de mar aberto, onde as ondas são fortes, e a da Baía de Todos os Santos, cujas praias não têm quase ondas. Salvador teve sua gênese na Barra, na Costa Atlântica.
Tem mar dos 2 lados, privilégio que lhe confere nada menos que 80 km de litoral, mais que todo o estado do Piauí e quase empatando com o Paraná. Além
disso suas praias são bastante entre-cortadas, o que faz com que na
capital da BA o Sol nasça e se ponha no mar, privilégio único.
Acontece que uma povoação as margens do mar aberto é mais difícil de ser protegida de ataques de piratas, por motivos óbvios. Assim o núcleo primordial da cidade foi transferido pra outra costa, dentro da Baía, muito mais facilmente defensável.
Até o início do século 20 a orla da Baía de Todos os Santos era a parte mais cara da cidade. Os mais abastados tinham casarões na beira-mar da Praia da Ribeira, próxima ao Centro, ainda na região chamada ‘Cidade Baixa’.
Ônibus padronizado 'Integra Salvador' na Praia de Itapuã.
A ‘Costa Atlântica’ era então um lugar distante, onde alguns talvez tivessem casas de veraneio. No entanto era difícil morar ali e se deslocar ao Centro diariamente pra trabalhar. A cidade se desenvolvia as margens da Baía de Todos os Santos. Ainda no século 19 foi inaugurada a ferrovia que ligava o Centro aos bairros distantes as margens desta.
O derradeiro século do milênio que se encerrou trouxe grande progresso material, e alterou esse quadro. Com a construção de novas ruas e a popularização do automóvel tudo mudou.As pessoas de maior renda foram se afastando do Centro e imediações, a chamada ‘Cidade Baixa’.
Bairros caros foram então se formando na Costa do Atlântico, que então passou a ser conhecida como “a Orla”. Os bairros do lado oposto, na Costa da Baía, ficaram sendo chamados de ‘Subúrbio Ferroviário’, ou simplesmente “o Subúrbio”. Por conta da linha de trem que corta a região, evidentemente. E a porção intermediária, que não tem mar, é “o Miolo” soteropolitano.
Essa divisão, de tão enraizada, foi adotada até na padronização dos ônibus, ocorrida em 2014. Ainda farei um texto específico sobre o transporte onde discorreremos com mais detalhes e centenas de fotos. Por hora basta observar o mapa acima: os busões que servem a Orla são azuis. Os do Miolo verdes, e os do Subúrbio na cor amarela.
Padronização Integra Salvador, o metrô que foi inaugurado em 2014 e já tem 2 linhas, o trem suburbano que operou por 160 anos, o futuro VLT que entrará em seu lugar;
“O “Brancão” do começo desse novo milênio (um pouco mais pro alto na página, acima da foto da estação do metrô), quando quase todas as viações adotaram uma “padronização informal” embranquecendo a frota – mas nem todas, a BTU foi uma das que resistiu;
O tróleibus que existiu nos anos 60, a viação estatal Transur, as primeiras tentativas de padronização (‘Grande Circular’ e TMS), os articulados – que acabaram mas logo voltarão com o BRT, os elevadores que conectam a Cidade Baixa a Cidade Alta.
Eis a série completa sobre a Bahia:
- ONDE TUDO COMEÇOU: SALVADOR DA BAHIA (Salvador é o sol: com 80 km de praias, o sol nasce e se põe dentro do mar)
Publicado em 22 de Abril de 2021 – aniversário de 521 anos do ‘Descobrimento’ do Brasil, que ocorreu na Bahia. A direita vemos a cena: em 1500 Portugal “descobre” o Brasil, chegando pela Bahia (quadro do museu Palácio da Sé, no Pelourinho-Salvador).
Salvador é peculiar, por muitos motivos: é uma cidade muito antiga, foi a primeira e por enquanto mais longeva capital do Brasil.
Salvador foi fundada em 1549 (5 anos antes de São Paulo e 16 antes do Rio de Janeiro), quase meio século depois do “descobrimento”, pra ser a sede da administração portuguesa no então nascente Brasil.
"Descobrimento" entre aspas, pois aqui já moravam homens antes da chegada das caravelas, portanto já estava descoberto - esse adendo não significa a negação da contribuição lusa e europeia em geral na formação de nossa pátria.
A esq. o 1° bispo do Brasil, instalado em Salvador. Nota: eu não sou católico. Apenas em seus primeiros tempos a história de nosso país esteve muito atrelada a Igreja.
Com 80% de sua população afro-descendente, é a metrópole mais negra do Brasil – e uma das mais negras do mundo fora da África.
Espremida entre a Baía de Todos os Santos e o Oceano Atlântico, tem 80 km de praias. Seu litoral é maior que o do estado do Piauí.
Com uma orla com essa grande extensão e bastante recortada, o Sol nasce e se põe no mar:
Situação creio que única no mundo, ao menos entre as cidades dessa porte.
Salvador é uma península (tem a forma de um dedo, se quiser visualizar assim).
Isso faz dela uma cidade muito densa, com pouca área verde e muita verticalização, inclusive nas áreas mais humildes.
Some-se a isso uma grande desigualdade social, que também ocorre nas outras metrópoles do Brasil e do mundo. Resultando que há favelas em quase todos os bairros, mesmo na Zona Central e nas partes mais abastadas da Orla.
Como as favelas são em morros e com muitos prédios artesanais, em que as lajes vão sendo enchidas e os andares vão subindo sem muita fiscalização, a imagem é bastante impressionante. Andar pela capital baiana, mesmo perto do Centro e das praias, é parecido com andar na periferia de São Paulo. O subúrbio soteropolitano (o gentílico da cidade se alguém não sabe) é bastante denso e verticalizado, repetindo.
Mais parecido com os subúrbios do Sudeste que com os das outras capitais nordestinas.
Salvador é a ligação entre o Sudeste e o Nordeste em termos Espirituais, assim como Curitiba é a ligação entre Sudeste e Sul.
“BEM-VINDO A SALVADOR“: favela em morro ao lado de prédios de padrão mais elevado; eis uma das 1ªs imagens que vi da cidade, ainda dentro do moderníssimo metrô que me levou do aeroporto ao Centro.
……
– É BOM PASSAR UMA TARDE EM ITAPUÃ: É DIA DE DOMINGO EM SÃO SALVADOR (publicado em novembro de 2021)
Comecei meu último dia no Nordeste na Barra, que é o único lugar de Salvador que os brancos são maioria na rua. Portanto uma região de elite.
E, como diz a música, fui “passar a tarde em Itapuã” – uma praia da periferia (esq.), onde exatamente ao inverso 95% das pessoas eram negras ou mulatas.
A trilha sonora só poderia ser o ‘pancadão’ do ‘funk’. Daquele jeito.
Falo do renascimento do Salvador pros turistas: uma cidade acolhedora, limpa e segura.
Por outro lado, as ofertas dos guias e vendedores no Pelourinho extrapola pra insistência desrespeitosa e mesmo pra uma extorsão velada.
Abordo também da pichação em muros, que tem ‘alfabeto’ e regras próprias. Ao lado um exemplo desse estilo inconfundível (no destaque bicicletas que um banco disponibiliza pra aluguel em Ondina).
Além de vários aspectos soteropolitanos: da origem desse gentílico, que remonta ao grego; até o gosto pelo churrasco, compartilhado com o Sul do Brasil.
– SOTEROPOLITANO – Publicado em janeiro de 2017, antes de eu ter ido pessoalmente, portanto:
PUXADINHO NO PRÉDIO, GENTE NAS CAÇAMBAS, GARAGENS NA VIA PÚBLICA:
SALVADOR TAMBÉM É AMÉRICA! E COMO É!!! –
Em algumas fotos puxadas do ‘Google Mapas’, mostramos cenas da periferia da cidade.
Ao lado “puxadinho no prédio“: há um edifício, legalmente construído, com alvará e tudo.
E aí sem alvará alguém sobe mais um andar por conta.
Orla de Salvador. |
Essa é no bairro de Perambués, mas é situação comum por todo subúrbio soteropolitano.
Flagrei também pessoas viajando sem proteção nas carrocerias de caminhões.
Calçadas das vias públicas que foram transformadas em estacionamentos pros prédios em frente, e por aí vai.
América Latina, né? Fazer o que?
Confira série completa sobre o Recife, que conheci na mesma viagem. Eis a matéria de abertura: - A CIDADE SANGUE-QUENTE - "Choque Cultural": um curitibano no Recife. Poucas cidades no mundo são tão diferentes quanto as capitais do PR e PE. Curitiba é fria, o Recife é quente, sangue-quente.
- "FESTA NO MORRO” ??? AH, ESSES ÔNIBUS RECIFENSES…
- TRANSGENIA BUSÓFILA (E AUTOMOTIVA EM GERAL) - Dezenas de curiosidades como essa, veículos - de todos os modais - adaptados prum uso distinto do planejado originalmente;
Tribus em frente ao Estádio Almeidão, Jampa. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário