sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

A "Riviera do Cabo": definitivamente, palavras não são necessárias

 

 


ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"

Autoria própria. Imagens de livre circulação, desde que os créditos sejam mantidos.

Local:

Cidade do Cabo, África do Sul.

Data

04/2017.

Viação:

Não sei a empresa, mas faz parte do consórcio 'Minha Cidade', que opera as linhas integradas nessa pintura padronizada

Carroceria:

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Motor:

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Observações:

A avenida é de mão-dupla. Obviamente na África do Sul existe a 'mão inglesa', você dirige pela esquerda.

 

Cidade do Cabo, África do Sul, abril de 2017. Foto tirada na belíssima estrada que liga o Centro a orla da Zona Sul, a parte mais bonita da cidade.

O Cabo conta com uma moderníssima rede de transporte integrada com ônibus, chamada 'Minha Cidade' ('My Citi' no original, com 'i' mesmo). Os veículos têm pintura padronizada, e as linhas de grande demanda são feitas por articulados que usam canaletas exclusivas e estações elevadas com embarque pré-pago. As linhas menores são feitas por busões de tamanho normal e micro-ônibus. 

É o caso aqui. Essas praias sã parecidas com subúrbios estadunidenses: bairros residenciais, quase sem prédios. Logo a demanda por transporte coletivo é menor, os micros dão conta do recado.

A ‘Riviera do Cabo’, ou seja, a orla da Zona Sul da Cidade do Cabo, espremida entre as montanhas e o mar, o que lhe confere uma beleza ímpar.

Batizei a série ‘O Mundo num só País’, porque exatamente isso é que é essa nação. Uma mistura de África, Europa e (em menor medida) até mesmo Ásia. Esse era o lema oficial nos tempos do ‘apartheid‘.

O regime racista caiu, felizmente; falemos agora sobre os desafios do novo milênio, sob democracia.  Ainda assim, a África do Sul continua sendo ‘O Mundo num só País‘.

Por África do Sul você se sente na Inglaterra ou nos EUA, porque as cidades são dessa escola de urbanismo. Com exceção das favelas, é claro. No bairro que nos hospedamos na Cid. do Cabo – chamado ‘Woodstock’ – eu me sentia em São Francisco-EUA. Eu nunca fui a essa metrópole ianque, mas de ver pelos filmes e ‘Google’ Mapas sei como é. 

E no Cabo eu parecia que estava lá, de verdade. Pois era isso que meus olhos me diziam, pela sensação visual. Eu precisava me lembrar ‘manualmente’, digamos assim, inserir na minha mente a informação racional que eu estava na África, porque a dimensão sensorial me dizia o contrário.

Curioso, não? Uma vez  eu estava na América – na República Dominicana – mas minha interpretação penta-sensorial (visual, térmica, sonora, olfativa, gustativa) me dizia que eu estava na África. Dessa vez eu estava mesmo na África, mas parecia que estava aqui na América.

E a Cidade do Cabo é, primeiro, a cidade mais bonita da África do Sul, e uma das mais belas do planeta. Isso já disse. Segundo, a Cidade do Cabo é a mais integrada em termos raciais. Se preferir de outra forma, é a que há mais brancos pelas ruas do Centro e dos bairros de periferia.

Em Durbã e Joanesburgo, não há brancos no Centro nem na periferia. Eles só ficam nos subúrbios de classe média-alta e na praia (no caso de Durbã, Joanesburgo não tem mar). Pretória tem vários brancos no Centro, é bem menos segregada que as outras duas acima. Ainda são ínfima minoria, vemos com frequência mas ainda assim não é tão comum.

Já na Cidade do Cabo é diferente. O Centrão, o começo da periferia e a orla são plenamente integrados. Você vê pessoas de todas as raças de forma abundante. Não é que Joanesburgo e Durbã tenham poucos brancos, exatamente ao contrário. Eles são muitos, viajei de avião entre essas cidades, e ali os de pele alva eram maioria.

Só que os caucasianos se impuseram uma auto-segregação, moram e trabalham em subúrbios a moda ianque afastados da cidade. Nas praias de Durbã, como dito, não há auto-segregação. Ali todas as raças convivem em harmonia. Mas só ali, os brancos não frequentam o Centrão. Como Joanesburgo não tem mar, se você não for aos bairros que os brancos moram você não vê brancos.

Entretanto, em Pretória e muito mais na Cidade do Cabo, a coisa é bem mais harmônica. No Centro do Cabo você se sente na América (que é um continente, não me refiro aos EUA), ou na Europa. Pois vê pessoas de todas as raças andando lado-a-lado e convivendo nas ruas.

Terceiro, pela topografia da cidade. Assim nos bairros a leste do Centro eu me sentia na Califórnia. E nos a oeste dele a sensação exata é a de estar nas partes mais bonitas do Mediterrâneo, na Itália ou nas Ilhas da Grécia. Não é difícil entender o porque dessa impressão tão aguda.

Ruas sinuosas se equilibrando na encostas, mansões e prédios de milionários se espremendo entre o morro e o Oceano. Eu estava na “Riviera do Cabo”.

 Sem nunca ter ido fisicamente a Califórnia, no Cabo eu estava na Califórnia. E sem nunca ter ido a Europa eu estava na Riviera, digo de novo. Então me calo, porque já falei demais. Nem é preciso dizer nada, as imagens dizem tudo. Abra a matéria e confira, verá que tenho razão:

 A Riviera do Cabo (maio.17): Ensaio fotográfico mostrando a orla da Zona Sul da Cidade do Cabo. Que é uma das cidades mais lindas do mundo. E esse é seu pedaço mais encantador. Definitivamente “palavras não são necessárias“.

Vamos a série completa sobre a África:

DA 'GUERRA DOS TÁXIS' AO GAUTREM: O TRANSPORTE NA ÁFRICA DO SUL, DA BARBÁRIE AO MODERNÍSSIMO (julho.17) -

Falamos das “Guerras do Transporte” – não é figura de linguagem, o sangue correu e ainda corre.

E também do que funciona exemplarmente, como os ônibus do Cabo e o Gautrem (direita), que liga justamente Joanesburgo e Pretória.

- ÁFRICA DO SUL, O MUNDO NUM SÓ PAÍS (maio.17, abertura da série, falo da triste era do 'apartheid', da luta que foi pra derrubar o regime racista);

Joanesburgo, a “Metrópole Global Africana” (abril.18): Gauteng, como dito, é o menor estado (província) da África do Sul. Mas seu centro populacional, econômico e político.

Ali está Joanesburgo, sua maior metrópole, centro financeiro e político do país. Um pouco mais ao norte fica Pretória, a capital administrativa nacional, que é praticamente um subúrbio do Joanesburgo.

Encanto Multi-Dimensional: a Cidade do Cabo (e do Vinho), um Chacra da Terra (fevereiro.18): Uma radiografia completa da mais bela cidade da África do Sul, e, repetindo o que todos sabem, uma das mais belas do mundo.

- América na África (Índia na África também) – é Durbã, de Porto Natal a eThekwini (setembro.18):

Se a República Dominicana é a 'África na América', Durbã, inversamente, é a ‘América na África’.

Pois se parece mais com as cidades latino-americanas (tem favelas em morros), enquanto o resto da África do Sul segue o modelo anglo-ianque  de urbanização.

Ademais, Durbã é a maior diáspora indiana a nível global, a “Índia na África”.

Khayelitsha É África: só eu e Deus na "Zona de Perigo" (setembro.17):

Minhas voltas (sozinho, de transporte público, sem celular, guia ou qualquer proteção exceto a Divina) pelas periferias de Joanesburgo, Cidade do Cabo e Durbã.

Todas essas cidades têm problemas seríssimos de segurança pública, como não é segredo pra ninguém.

Em Durbã andei até num camburão policial (ao lado), os policiais me deram uma "carona" pra me tirar de uma dessas periferias.


Deus proverá

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