segunda-feira, 26 de abril de 2021

Subúrbio Ferroviário: bem-vindo a Salvador

                       ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"

Autoria própria. Imagens de livre circulação, desde que os créditos sejam mantidos.

Local:

Salvador-BA.

Operadora:

CTB - Companhia de Transportes da Bahia.

Data:

Novembro de 2020

Estação Central de trens de Subúrbio no bairro Calçada, Centro de Salvador, novembro de 2020. Composição se prepara pra partir pra Estação Paripe, do outro lado da linha, perto da divisa de município. Ao fundo vemos a dura realidade dos morros de Salvador.

Esse trem operou até fevereiro de 2021, quando foi desativado pra dar lugar as obras do moderno VLT (Veículo Leve sobre Trillhos, o 'metrô leve') que irá substituí-lo. Veremos quando será efetivamente a inauguração do VLT. 

Não custa enfatizar de novo, veja atrás o morro favelizado, e isso em pleno Centro da cidade, imagine como são os bairros as margens dos trilhos dali pra frente. Por isso a orla da Baía de Todos os Santos é chamada de ‘Subúrbio Ferroviário‘. Assim é Salvador, irmão. Seja bem-vindo.

A cidade começou as margens da Baía de Todos os Santos. Daí o nome do estado, obviamente, antigamente a grafia era diferente, se escrevia ‘bahia’ com ‘h’ (a Grande Acapulco no México é até hoje conhecida por ‘Bahía, pois em espanhol ainda é assim). Da linguística desse idioma-irmão ao nosso luso falamos outro dia. Aqui, o tema é Salvador.

A princípio, no início do século 16, tentaram construir a cidade na Barra, que é o ponto de encontro da Baía com o Oceano. Tanto que o forte de Santo Antônio da Barra data de 1534. Se havia um forte, é porque já haviam construções portuguesas a serem protegidas. Foi na Barra que Salvador foi oficialmente fundada, em 1549.

No entanto a região era vulnerável a ataques, tanto de estrangeiros europeus quanto dos nativos da terra. No fim do século 16 Inglaterra e Holanda intensificam suas tentativas de tomar posse das possessões portuguesas na América.

Em 1605 Portugal decide levar a sede da capital de sua colônia pra costa interna, as margens da Baía, tirando-a da costa Atlântica. Natural, uma povoação as margens de uma baía é muito mais fácil de defender de ataques de piratas que em mar aberto, por motivos óbvios.

Em 1605 (ou 1608, as fontes divergem) inicia-se o planejamento de um forte na Baía. Em 1623 Portugal inaugura o Forte de São Marcelo, também conhecido como Forte do Mar ou de Nossa Senhora do Pópulo.

Em João Pessoa-PB ocorreu o mesmo, a cidade começou ao lado do mar. Só que a povoação foi atacada. Por isso transferida pra um local de mais fácil defesa contra invasores.

No caso o forte foi construído numa colina as margens do Rio Paraíba (acessível aos navios amigos, inacessível aos inimigos). Voltando a Bahia e sua capital, nos seus primeiros séculos a Costa Atlântica era um local distante, pouco povoada. Salvador se desenvolvia em volta da Baía da Todos os Santos.

Até fins do século 19 e começo do 20, a Praia da Ribeira, ali localizada, era o reduto da elite e alta burguesia da capital baiana. Até hoje vemos imponentes casarões na beira-mar da Ribeira que atestam esse passado de luxo. Porém o século 20 trouxe grande progresso material ao planeta, como todos sabem.

A chegada do automóvel e a construção e melhoria das vias públicas possibilitou que a cidade se expandisse cada vez mais rumo a costa de mar aberto. Além disso, a pirataria deixou de ser um problema como fora em tempos anteriores.

Assim, os moradores mais abastados foram deixando a orla ocidental soteropolitana, a da Baía, e se instalando na orla oriental, a Atlântica.

Com isso, as duas costas de Salvador passaram a expressar uma dicotomia cada vez mais aguda. A parte aburguesada no Oceano, a porção da baía foi se tornando cada vez mais a periferia da cidade.

Por quase 5 anos, de 2016 a 2021, esse contraste podia ser visto até no transporte: Na Costa Atlântica existe um moderno metrô, construído sobre a Avenida Paralela. Enquanto que a outra costa, a da Baía, contava até pouco tempo atrás com um trem de subúrbio que funcionava em péssimo estado.

Por isso os bairros as margens dessas praias são conhecidos em Salvador como “Subúrbio Ferroviário”. Em fevereiro de 2021 esse trem foi aposentado pra dar lugar a um moderno VLT. Aí sim!

Quando o VLT estiver pronto os bairros do ‘Subúrbio’ terão acesso a um transporte de qualidade, já disponível no Miolo e Orla com as 2 linhas de metrô.

Os primeiros vagões, fabricados na China, tem previsão de chegada ao Brasil em abril de 21. Veremos quando serão concluídas as obras dos trilhos e estações do VLT – as do metrô atrasaram bastante.

Seja como for, em algum momento dessa década de 20 que se inicia (escrevo em 21) o VLT estará em funcionamento. Oxalá, assim seja!

Porque olhe, o pessoal do ‘Subúrbio Ferroviário’ merece um transporte de qualidade. O trem suburbano que o nomeia era totalmente precário, deixava a desejar em muito.

Tive a oportunidade de andar nele num de seus últimos meses de funcionamento. Breve farei matéria específica sobre o transporte, onde relatarei tudo em detalhes. Aqui, basta dizer que a tarifa era irrisória, somente R$ 0,50. Sim, cinquenta centavos – e ainda tinha meia-passagem pra estudantes!

Era cobrado algum valor apenas pra não dizerem que era de graça. E mesmo nesse preço simbólico, que obviamente não cobre, os custos o movimento era baixíssimo. O trem era sub-utilizado, exatamente porque a qualidade dos serviços era péssima. Pra você ter uma ideia, o intervalo entre as viagens era de 40 a 45 minutos.

Só pegavam trem os mais miseráveis, aqueles que não podiam arcar com o ônibus – que custa R$ 4,20 quando escrevo (como comparação em Curitiba é 4,50, e em SP 4,40).

Então, como dito, na 2ª metade dos anos 10 o contraste entre as costas da cidade era expresso até nos modais sobre trilhos, que não poderiam ser mais distintos:

Na Orla (e também no Miolo) metrô com ar-condicionado, de domingo a domingo. Intervalo entre as viagens de cerca de 6 minutos no meio do dia (3 no pico). Estações e trens seguros, policiados.

Sim, a tarifa custa 4,20. Mas pagando com cartão dá direito a uma viagem de metrô e duas de ônibus, municipais ou metropolitanos. Se fosse somente de ônibus, o usuário já pagaria os mesmos 4,20.  

Ou seja, pega um ônibus perto de casa até a estação do metrô. Dali percorre de forma rápida, segura e relativamente confortável o trecho mais longo. E ao descer na estação pega outro buso que o deixa no trabalho. 

No Subúrbio Ferroviário a situação era diametralmente oposta: a única vantagem do antigo meio de transporte era o preço, praticamente gratuito. Sabe aquele ditado ‘não paga, mas também não leva’? Com o trem suburbano de Salvador era o mesmo. 

Pagava-se muito pouco pela tarifa, verdade. Com uma moeda de R$ 1 você ia e voltava. Em compensação, não tinha integração com ônibus nem metrô.

Se precisasse mais uma condução pagava de novoe a maioria precisava, difícil quem more e também trabalhe ao lado da estação, aí o trem já saía mais caro que o metrô/ônibus.

Mesmo quem usava só o trem, o custo era baixo mais a qualidade do serviço idem. 40 minutos de espera entre as viagens, ou mais. Num vagão sem ar-condicionado (é sabido que a capital baiana é bem quente). Pra não falar que da insegurança, assaltos e apedrejamentos eram frequentes.

No começo dos anos 90 o trem já havia deixado de operar aos domingos justamente porque a população que voltava das praias depredava as composições e estações.

O movimento era muito baixo. Apenas os mais depauperados, que não podiam arcar com o ônibus, iam de trem. Quem podia preferia viajar de busão.

Se o modal sobre trilhos, mesmo sendo quase gratuito e mais rápido que o sobre pneus, não consegue competir com este último algo está errado. É porque o serviço é ruim. No trem suburbano de Salvador era de fato precário.

Presenciei o mesmo na África do Sul - as grandes cidades desse país têm uma extensas rede de trens urbanos, chamada 'MetroRail'. Só que quase ninguém usa exceto os mais miseráveis. Todos os demais vão de van (preferencialmente) ou de ônibus pro trabalho.

2 LINHAS DE METRÔ, SISTEMA DE ÔNIBUS RENOVADO, ELEVADORES, E BREVE VLT, CORREDORES E ARTICULADOS: O TRANSPORTE EM SALVADOR – Todos os modais, dos anos 70 até hoje e os planos pro futuro:

Padronização Integra Salvador, o metrô que foi inaugurado em 2014 e já tem 2 linhas, o trem suburbano que operou por 160 anos, o futuro VLT que entrará em seu lugar;

“O “Brancão” do começo desse novo milênio (um pouco mais pro alto na página, acima da foto da estação do metrô), quando quase todas as viações adotaram uma “padronização informal” embranquecendo a frota – mas nem todas, a BTU foi uma das que resistiu;

O tróleibus que existiu nos anos 60, a viação estatal Transur, as primeiras tentativas de padronização (‘Grande Circular’ e TMS), os articulados – que acabaram mas logo voltarão com o BRT, os elevadores que conectam a Cidade Baixa a Cidade Alta.

Eis a série completa sobre a Bahia:

- ONDE TUDO COMEÇOU: SALVADOR DA BAHIA (Salvador é o sol: com 80 km de praias, o sol nasce e se põe dentro do mar)

Publicado em 22 de Abril de 2021 – aniversário de 521 anos do ‘Descobrimento’ do Brasil, que ocorreu na Bahia. A direita vemos a cena: em 1500 Portugal “descobre” o Brasil, chegando pela Bahia (quadro do museu Palácio da Sé, no Pelourinho-Salvador).

Salvador é peculiar, por muitos motivos: é uma cidade muito antiga, foi a primeira e por enquanto mais longeva capital do Brasil.

Salvador foi fundada em 1549 (5 anos antes de São Paulo e 16 antes do Rio de Janeiro), quase meio século depois do “descobrimento”, pra ser a sede da administração portuguesa no então nascente Brasil

"Descobrimento" entre aspas, pois aqui já moravam homens antes da chegada das caravelas, portanto já estava descoberto - esse adendo não significa a negação da contribuição lusa e europeia em geral na formação de nossa pátria.

A esq. o 1° bispo do Brasil, instalado em Salvador. Nota: eu não sou católico. Apenas em seus primeiros tempos a história de nosso país esteve muito atrelada a Igreja.

Com 80% de sua população afro-descendente, é a metrópole mais negra do Brasil – e uma das mais negras do mundo fora da África.

Espremida entre a Baía de Todos os Santos e o Oceano Atlântico, tem 80 km de praias. Seu litoral é maior que o do estado do Piauí.

Com uma orla com essa grande extensão e bastante recortada, o Sol nasce e se põe no mar:

Situação creio que única no mundo, ao menos entre as cidades dessa porte.

Salvador é uma península (tem a forma de um dedo, se quiser visualizar assim).

Isso faz dela uma cidade muito densa, com pouca área verde e muita verticalização, inclusive nas áreas mais humildes.

Some-se a isso uma grande desigualdade social, que também ocorre nas outras metrópoles do Brasil e do mundo. Resultando que há favelas em quase todos os bairros, mesmo na Zona Central e nas partes mais abastadas da Orla.

Como as favelas são em morros e com muitos prédios artesanais, em que as lajes vão sendo enchidas e os andares vão subindo sem muita fiscalização, a imagem é bastante impressionante. Andar pela capital baiana, mesmo perto do Centro e das praias, é parecido com andar na periferia de São Paulo. O subúrbio soteropolitano (o gentílico da cidade se alguém não sabe) é bastante denso e verticalizado, repetindo.

Mais parecido com os subúrbios do Sudeste que com os das outras capitais nordestinas.

Salvador é a ligação entre o Sudeste e o Nordeste em termos Espirituais, assim como Curitiba é a ligação entre Sudeste e Sul.

BEM-VINDO A SALVADOR“: favela em morro ao lado de prédios de padrão mais elevado; eis uma das 1ªs imagens que vi da cidade, ainda dentro do moderníssimo metrô que me levou do aeroporto ao Centro.

……

É BOM PASSAR UMA TARDE EM ITAPUÃ: É DIA DE DOMINGO EM SÃO SALVADOR (publicado em novembro de 2021)

Comecei meu último dia no Nordeste na Barra, que é o único lugar de Salvador que os brancos são maioria na rua. Portanto uma região de elite.

E, como diz a música, fui “passar a tarde em Itapuã” – uma praia da periferia (esq.), onde exatamente ao inverso 95% das pessoas eram negras ou mulatas.

A trilha sonora só poderia ser o ‘pancadão’ do ‘funk’. Daquele jeito.

Falo do renascimento do Salvador pros turistas: uma cidade acolhedora, limpa e segura.

Por outro lado, as ofertas dos guias e vendedores no Pelourinho extrapola pra insistência desrespeitosa e mesmo pra uma extorsão velada.

Abordo também da pichação em muros, que tem ‘alfabeto’ e regras próprias. Ao lado um exemplo desse estilo inconfundível (no destaque bicicletas que um banco disponibiliza pra aluguel em Ondina).

Além de vários aspectos soteropolitanos: da origem desse gentílico, que remonta ao grego;  até o gosto pelo churrasco, compartilhado com o Sul do Brasil.

SOTEROPOLITANO –  Publicado em janeiro de 2017, antes de eu ter ido pessoalmente, portanto:

PUXADINHO NO PRÉDIO, GENTE NAS CAÇAMBAS, GARAGENS NA VIA PÚBLICA:

SALVADOR TAMBÉM É AMÉRICA! E COMO É!!!

Em algumas fotos puxadas do ‘Google Mapas’, mostramos cenas da periferia da cidade.

Ao lado “puxadinho no prédio“:  há um edifício, legalmente construído, com alvará e tudo.

E aí sem alvará alguém sobe mais um andar por conta.

Orla de Salvador.

Essa é no bairro de Perambués, mas é situação comum por todo subúrbio soteropolitano.

Flagrei também pessoas viajando sem proteção nas carrocerias de caminhões.

Calçadas das vias públicas que foram transformadas em estacionamentos pros prédios em frente, e por aí vai.

América Latina, né? Fazer o que?



Confira série completa sobre o Recife
, que conheci na mesma viagem. Eis a matéria de abertura:  - A CIDADE SANGUE-QUENTE -   "Choque Cultural": um curitibano no Recife.    Poucas cidades no mundo são tão diferentes quanto as capitais do PR e PE. Curitiba é fria, o Recife é quente, sangue-quente.
 

"VENEZA BRASILEIRA" -

O apelido, evidente, se deve as muitas pontes e canais do Centro (acima). Também chamada Amsterdã Sul-Americana, pelo mesmo motivo. Falo de vários aspectos sobre a cidade: o nome, a geografia, a pichação nos muros, e muitos outros.

Agora a postagem específica sobre transportes, atualizada com centena de fotos, o texto também foi completamente reformulado.

- "FESTA NO MORRO” ??? AH, ESSES ÔNIBUS RECIFENSES…

(Damos uma palhinha até em Teresina-PI, que também tem uma linha curiosa, "Vamos Ver o Sol".) 

Outras postagens relacionadas ao tema:

- "Uma ‘Boa Viagem’: de Brasília “Teimosa” a Brasília “Formosa (Mostro a antiga favela próxima a Boa Viagem, que até 2003 tinha palafitas dentro do mar; agora foi urbanizada e virou um bairro normal)

- TRANSGENIA BUSÓFILA (E AUTOMOTIVA EM GERAL) - Dezenas de curiosidades como essa, veículos - de todos os modais - adaptados prum uso distinto do planejado originalmente;

 

 
Agora as matérias da Paraíba, vizinha de Pernambuco, que visitei em 2013. 

Tribus em frente ao Estádio Almeidão, Jampa.

 TERRAS DO TRIBUS URBANO: a Paraíba, ao lado dos vizinhos Pernambuco, Rio Grande do Norte e até Sergipe, e mais São Paulo, concentram os ônibus trucados (com 3º eixo) no Brasil.

ONDE O SOL NASCE: JOÃO PESSOA (a capital paraibana é a cidade mais oriental de toda América.
 
Portanto a que todos os dias recebe seu primeiro raio de Sol; nessa matéria falo um pouco do transporte coletivo também);

 ATÉ BAYEUX TEM "METRÔ": minha ida de trem ao subúrbio da Zona Oeste da Grande J.P. (Bayeux e Santa Rita) de trem. A tarifa é simbólica, R$ 0,50 (valor de 2013)
 

primeiro-raio-de-sol-da-america-j-pessoa-z-leste3
J.P. é a 1ª cidade da América a ver o sol.
Falamos rapidamente também do futebol na Paraíba, afinal 2013 foi justamente mais glorioso da história, quando esse estado levou seus dois maiores títulos, a série D do Nacional e a Copa do Nordeste.

N. SRA. DAS NEVES, PHILIPÉIA, FREDERICOBURGO, CID. DA PARAÍBA: ATÉ J. PESSOA SER MORTO NA CID. DE MAURÍCIO  Contamos um pouco da história do estado, os 5 nomes que J. Pessoa já teve. No embalo mostramos 2 bandeiras anteriores paraibanas, até ela chegar a atual. Ah, é a “Cidade de Maurício” é justamente o Recife.


– JOÃO PESSOA É UMA MÃE, assim definiu o taxista (recifense de nascimento e criação) que me levou do aeroporto. Um pouco do clima, vegetação, e muitas fotos da periferia.
 
Deus proverá

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Capelinha, caixa-baixa e nome da viação no teto: Bristol, Zona Sul de SP

 


Imagem pertencente ao sítio Revista Portal do Ônibus. Créditos mantidos. Visite as fontes.
Local:
São Paulo-SP.
Data:
Julho de 1983.
Viação:
Bristol (extinta).
Carroceria:
Marcopolo Veneza 2..
Motor
Mercedes-Benz.
Observações:
Foto de autoria de Donald Hudson, busólogo inglês que em 1983 passou férias no Brasil e registrou dezenas, senão centenas, de fotos dos ônibus das 3 maiores cidades do Sudeste (São Paulo, Rio e BH-MG). Quando seu arquivo foi levantado pra rede mais de 2 décadas depois se tornou valiosa fonte pra apreciarmos como era o transporte brasileiro no início dos anos 80.

PADRONIZAÇÃO 'SAIA-&-BLUSA': FAIXA 4, ZONA SUL

São Paulo, 1983 (imagem clicada provavelmente no ponto final do Centro). Padronização 'Saia-&-Blusa', a primeira dos ônibus municipais, implantada em 1978, e que vigorou até 1992. 
 
A cor da parte de baixo do veículo (a 'saia') era compulsória, e indicava qual região da cidade a linha percorria. A parte de cima (a 'blusa') a viação podia escolher livremente. A Zona Sul tinha três 'saias', a azul-escura, azul-clara e vermelha, respectivamente as faixas 4, 5 e 6 do sistema.

A padronzação 'Saia-&-Blusa' só valia pras empresas particulares. A viação estatal C.M.T.C. estava dispensada, podia decorar seus busões como quisesse.

Veneza "2" da viação Bristol se prepara pra seguir pra corta a Z/S da cidade. Detalhes:

Em  Santos-SP circularam alguns busos com capelinha, mas eles vieram usados do Rio, no Litoral Paulista a capelinha ficou desativada (ao menos as fotos mostram isso). Houveram mais alguns casos esporádicos Brasil afora, por exemplo na Grande Maringá-PR.

Além do Brasil, Grécia (principalmente) e -em menor escala - Holanda e França na Europa, Egito na África e nosso vizinho Uruguai também tiveram capelinha. A Tailândia, que fica na Ásia obviamente, tem capelinha até hoje, sendo atualmente o único país que usa esse adereço, pelo menos até onde sei.

Em Florianópolis-SC em maior escala e também no Rio havia uma 'capelinha invertida', ao invés de sobre o teto ficava sob o mesmo, ou seja, dentro do para-brisas. Mas essa é uma história que contaremos outro dia.
  • A linha vinha escrita em 'caixa baixa'. Isso quer dizer em letras minúsculas exceto a inicial. Foi um traço típico paulistano nos anos 70 e 80, também usado em outras cidades.
  • Nome da viação sobre a janela (ou sobre a porta, do outro lado). 
    Isso foi muito popular em São Paulo naqueles tempos, e em menor escala aconteceu também em Porto Alegre.
Houve um tempo em que as viações, tanto rodoviárias quanto urbanas, punham seu nome no teto do veículo. Pudemos presenciar isso nesse milênio graças a Viação Cometa
 
Explico. Meio século atrás (escrevo em 19) esse era o padrão, usado repito tanto na estrada quanto na cidade. A Cometa dançava conforme a música então dominante, e fazia o mesmo. Entretanto o tempo passa e tudo muda, e esse costume foi abandonado. Como a Cometa manteve a pintura 'Flecha Azul' por muitas décadas, pudemos presenciar em pleno século 21 uma manifestação que teve seu auge na década de 60 do século 20.
 
Só que antigamente o nome da viação vinha no teto mesmo, acima das janelas no meio do veículo, pois este era curvo. Nos anos 70 e 80, várias viações de SP (em menor medida também Porto Alegre, e houve até um caso isolado aqui em Curitiba) adotaram o que vê na imagem, o nome menor apenas sobre a janela do motorista, que é recuada, então na verdade a viação não está escrita de fato no teto, mas próximo dele. Não deixa de ser uma homenagem.

EIS AS FAIXAS DA PADRONIZAÇÃO 'SAIA & BLUSA' (A série está completa, do 1 ao 9):

1-ZONA NORTE, 'SAIA' MARROM POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

2-ZONA LESTE, 'SAIA' AMARELA - POSTAGEM JÁ PUBLICADA;
 
3-ZONA LESTE, SAIA ROSA - Digo, deveria ser rosa, e no princípio foi. Mas logo os empresários se recusaram a pintar os ônibus dessa cor, e mudaram por conta a padronização pra um vermelho-alaranjado, a mesma cor do 'Jacaré Scania'. Que coisa, né? Confira como tudo se deu, a POSTAGEM JÁ FOI PUBLICADA;

4-ZONA SUL, 'SAIA' AZUL-ESCURA (ESSA POSTAGEM QUE ESTÃO LENDO);

5-ZONA SUL, 'SAIA' AZUL-CLARA - POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

6-ZONA SUL, 'SAIA' VERMELHA - POSTAGEM JÁ PUBLICADA, UM ARTICULADO;
7-ZONA OESTE, 'SAIA' LARANJA  POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

8-ZONA OESTE, 'SAIA' VERDE-ESCURA - POSTAGEM JÁ PUBLICADA;

9-ZONA NORTE, 'SAIA' VERDE-CLARA - POSTAGEM JÁ PUBLICADA;


Confira matérias sobre o transporte em São Paulo:

SP: A REVOLUÇÃO NO TRANSPORTE - Evidente que as coisas estão longe de serem perfeitas. Mas comparando ao que era até os anos 90 o transporte público em SP melhorou muito. Somando as redes de metrô e trem suburbano - e precisa somar, pois você acessa ambas pagando uma só passagem - a rede sobre trilhos na Grande SP já iguala o metrô de Nova Iorque/EUA. Os ônibus paulistanos igualmente mudaram da água pro vinho, mesmo que ainda haja espaço pra melhorar bem mais.

- 'SAIA-&-BLUSA': OS ÔNIBUS PAULISTANOS (1978-1991): Essa focando mais especificamente nos ônibus como o nome indica, abordando a pintura livre (até 1978) e as padronizações 'Saia-&-Blusa' (78-92, como dito), 'Municipalizado' (1992-2003) e 'Inter-Ligado' (2003-presente)

A FÊNIX TROVÃO AZUL: DE NORTE A SUL, ENERGIAJAMAIS SE PERDE, SE TRANSFORMA (abordando exatamente a CMTC e sua pintura mais famosa, a 'Trovão Azul'. Não fui só eu que gostei dela. Veja como ela foi copiada no Brasil inteiro, de Porto Alegre a Manaus/AM).


- "CAMALEÃO" 8000 DA CMTC: O 1º TRÓLEIBUS-ARTICULADO DO BRASIL TEVE 2 CARROCERIAS, 6 PROPRIETÁRIOS, 7 (OU 9?) PINTURAS E & NUMERAÇÕES - Fabricado em 1985, saiu de circulação em 2012. Começou Caio e foi re-encarroçado MarcopoloComprado estatal, foi privatizadoIniciou a operação na Zona Leste, foi pra Zona Sul, voltou pra Z/L, de novo pra Z/S, e como o bom filho a casa torna, retornou mais um vez pra Z/L. Ficou sem placa por 15 anos aproximadamente (até a virada do milênio tróleibus em SP e várias outras cidades não eram emplacados), começou na lona, ganhou letreiro eletrônico mas nos fim retornou a lona, ganhou ar-condicionado e portas elevadas a esquerda. Enfim, o bichão é um museu-vivo do transporte paulistano - alias hoje é exatamente isso que ele é, um ônibus-museu - alias hoje é exatamente isso que ele é, um ônibus-museu.

CAPELINHA: RIO, SP, B.H., BELÉM E POA; PLACA NO ALTO: ESTAMOS NO SUDESTE:

Mostra o Sudeste e mais Belém-PAPorto Alegre-RS e até Brasília-DF (onde houve capelinha).


CENAS PAULISTANAS: O CENTRO E A ZONA SUL DE SÃO PAULO EM IMAGENS - Matéria-portal sobre SP, onde estão ancoradas as outras reportagens que já fiz sobre a cidade; falo um pouco da modernização do transporte igualmente.

O melhor e o pior do Brasil, a poucas quadras de distância um do outro. O Centrãoque está com muitos moradores de rua e diversos outros problemas típicos de uma metrópole desse porte;

E ali do ladinho a “Cidade Verde”, os Jardins, a Paulista, Higienópolis, e o começo das Zonas Oeste e Sul, região que ao lado da Orla do Rio é onde mais concentra elite e alta burguesia no Brasil.

A modernização da rede de transportes é mais uma vez abordada no relato.

Reportagens sobre o interior e litoral de SP:

- BAIXADA MULTI-MODAL: BONDE MODERNÍSSIMO (VLT), BONDE ANTIGO, ÔNIBUSELÉTRICOS E A DÍSEL, MICROS BRANCOS E VANS QUE SOBEM OS MORROS  (O transporte em Santos e região)


- PRAIA, MORRO, CANAL & CASA DE MADEIRA: ISSO É SANTOS (Relato da viagem a Baixada Santista, abordando diversos aspectos da cidade, entre eles o transporte)

NAS MARGENS DA DUTRA: SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/VALE DO PARAÍBA-SP (matéria sobre a cidade em geral, mas tem uma grande seção sobre os ônibus, contando a história desde a pintura livre nos anos 80 e as duas padronizações nessa última década

.........


De volta a capital:

– A CIDADE CINZA– fotografando a Zona Leste (fevereiro/18). 
Na verdade o foco se restringe a Vila Carrão (ao lado) e Imediações. Mas não deixa de ser a primeira matéria na Z/L.

-"PIXAI POR NÓIS" - A MARGINAL TIETÊ E A DUTRA (Grande SP, municípios da Capital e o vizinho Guarulhos) 

    "Deus proverá''