segunda-feira, 25 de março de 2019

Curitiba, 1974: a revolução começou.

https://omensageiro77.wordpress.com/2015/05/23/leste-norte-oeste-sul-e-boqueirao-onibus-de-curitiba-anos-80/
Origem da imagem acima: livro da agência de publicidade Ópus Múltipla, que criou a campanha. Demais fotos baixadas da internet, créditos mantidos.
Local:
Curitiba-PR.

Data:
1974.
Viação:
Glória.
Carroceria:
Marcopolo Veneza Expesso (padrão, ou 'padron' se preferir, alongado).
Motor
??? (talvez Mercedes-Benz).
Observações:
Os pioneiros ônibus Expressos tinham uma pequena 'saia' negra, além de diversas outras peculiaridades posteriormente extintas.

Curitiba, 1974. Começa uma revolução no transporte coletivo, em escala mundial. A capital do Paraná lança o primeiro sistema de ônibus Expressos do mundo. Vemos o anúncio da prefeitura que informa a população como o novo modal vai operar. 
 

Até a década de 70, aqui como em todo o Brasil, não havia planejamento no transporte: nada de integração, padronização da pintura, corredores (canaletas) exclusivos, terminais, e se entrava por trás.


Ou seja, as cidades eram divididas em fatias, loteadas entre as empresas. Quase todas as linhas ligavam os bairros ao Centro, simplesmente.


Digo, a pintura de Curitiba era livre, mas nem tanto. Cada empresa tinha um desenho, sim. Mas os desenhos eram nas mesmas cores, e sempre parecidos.


Usava-se somente as cores cinza, amarelo e verde (uma viação somente, a Curitiba, dispensava o cinza, mas o verde-e-amarelo estavam ali). Uma espécie de padronização informal.


Ai a prefeitura veio com nova proposta, um sistema com várias camadas:
e-gloria (2)
Expressos na Praça Generoso Marques.

O tronco, a estrutura do sistema, são ônibus expressos. Em canaletas exclusivas, ligando o Centro a periferia.


Pra começar a conversa, a entrada foi trocada pra dianteira. Os Expressos iniciaram essa ideia, depois os Convencionais e demais linhas acompanharam. Mas tem mais.


Nos terminais, sem precisar pagar de novo, as pessoas pegam os ‘alimentadores’. Que os levam até suas casas, nos bairros e vilas mais distantes. Muitas das antigas linhas radiais que ligavam o bairro ao Centro sem integração foram encurtadas até o terminal mais próximo.
Algumas linhas permaneceram, continuaram operando no mesmo roteiro. Passaram a ser chamadas de ‘convencionais’. Ainda sem oferecer integração já que há demanda pra tanto. Muita gente só quer mesmo ir ao Centro, não precisa de conexões com partes distantes da cidade.


Conectando os terminais entre si sem passar pela área central há as linhas de Interbairros.


E pintura padronizada, cada categoria de linhas tinha uma cor específica. O busão fica uni-color, todas as viações precisam pintar sua frota dessa maneira:


- Expressos: vermelhos;
- Interbairros: verdes;


Convencionais em amarelo.

Assim funcionou nos anos 80. Haviam também algumas linhas de micro-ônibus, pra fazerem linhas mais curtas: de branco o Circular-Centro (como o nome indica, no Centro), esse ainda existe - ou melhor, existia quando fiz a postagem. 
 


Nos bairros foram criadas as linhas de 'Vizinhança', e num patamar mais caro o 'Seletivo' ou 'Opcional' – todas elas posteriormente extintas. No 'Seletivo' os micros eram laranjas, o Vizinhança era branco como o Circular Centro, pois o princípio é o mesmo, linhas curtas pra deslocamentos de poucas quadras dentro do bairro.


a-redentor transicao
Até 1988 os Alimentadores também eram amarelos.
Seja como for, essas linhas não existem mais. No fim dos anos 80, tentaram deixar os Expressos laranjas. Não deu certo, voltaram ao vermelho. Em compensação, os Alimentadores herdaram a cor laranja.


No começo dos anos 90 surgem os Ligeirinhos, que são cinzas. A seguir, tentaram mais uma vez mudar a cor dos Expressos, também pra cinza. De novo não pegou, e eles voltaram a vermelho.


Até o começo da década de 10 já do século 21, Curitiba nunca havia tido ônibus azuis no sistema municipal.


ctba artic expresso anos 80 laranja buso urbs frota pública caio amélia scania roda frente eixo dianteira flecha requião porta emblema símbolo
1987: 'Frota Pública', Expressos se tornam laranjas.

Em seu número original, 8001, esse veículo inaugurou também o sistema de numeração de 4 dígitos.


Em 2011, surgem os Ligeirões azuis. Mais uma vez tentam mudar a cor dos Expressos, mais uma vez não pega, eles retornam de novo ao vermelho.


Ainda há Ligeirões Azulões (escrevo em 19), os que foram comprados na primeira metade da década de 10. Mas os novos são vermelhos, quando a frota for renovada, todos os Expressos serão novamente vermelhos.

Pintaram os Expressos mais velhos de laranja também.

Outra coisa: após as mais recentes renovações de frota ocorridas agora no fim da década de 10, várias linhas Convencionais também estão sendo feitos por ônibus laranjas – mas isso já é tema pra outro dia.
………


Voltemos a comentar a foto acima, o pioneiro Expresso. Vemos várias características que depois foram extintas:
Os Expressos voltam sempre ao vermelho.

- O buso já está uni-color em vermelho, mas há uma pequena 'saia' (faixa na parte inferior) negra.

- Durante duas décadas e meia, do meios dos anos 70 até o fim dos 90, os Expressos de Curitiba tinham os bancos de lado. 
 Voltados pro salão do veículo, e não pra frente como é o habitual. Assim todos tinham que se sentar lado-a-lado, de costas pra rua.


- Os primeiros Expressos ostentam o logo do 'Sistema Trinário'. 
Trata-se daquela flecha com uma seta pra cada lado, com outra linha no meio. 
 
Representa justamente a canaleta do Expresso, a pista exclusiva de ônibus no meio, uma via local em cada sentido ladeando-a. Posteriormente o logo Trinário foi substituído pela inscrição 'Cidade de Curitiba.'

Alimentadores laranjas a partir de 1988, esse é o B. Novo.
- Está escrito 'Norte' na lataria. Vinha escrito o ponto cardeal do eixo. Nos Expressos da Glória (eixo pra Santa Cândida via Cabral e Boa Vista') . Nos da Cristo Rei (eixo pros terminais Oficinas e Centenário [ambos no Cajuru] via Capão da Imbuia), 'Leste'. 
 
Nos da Redentor (eixo pro terminal CIC Sul – que até 1995 tinha ônibus Expresso – via terminais Portão, Capão Raso e Pinheirinho), 'Sul'. E nos da Viação Curitiba (eixo pro Terminal Campo Comprido via Campina do Siqueira).


Desde 2018 Convencionais também laranjas.

Até aqui, os 4 pontos cardeais. Mas a Zona Sul tinha 2 eixos. Os Expressos da Carmo (terminal do Boqueirão via Terminal do Carmo [também no bairro Boqueirão] e Terminal Vila Hauer) contavam com a inscrição 'Boqueirão' na lataria.


- Na porta há uma flecha – na mesma cor da lataria – indicando onde é o embarque e desembarque.


- Não há o nome da viação, nem a placa com o itinerário.


- A numeração do veículo é apenas 03. Posteriormente, os Expressos da Glória ganharam o prefixo Zero. Assim esse 'carro' passou a ser o 0-03.

Os Expressos, os da Redentor 3 (3-10), Cristo Rei 4 (4-05) e Curitiba 8 (8-16). As demais viações não operavam expressos (a Cidade Sorriso ainda não havia surgido), portanto não experimentaram essa numeração com prefixo e traço.

Circular Centro em Curitiba, anos 80.

A viação Carmo se rebelou. Seus expressos deveriam ter o prefixo 2 antes do traço. Mas ela não gostou dessa regra, e simplesmente a ignorou. 
 
Por exemplo, ela tinha um articulado que era numerado 53. Deveria, depois que a numeração mudou, ser repintado pra se tornar o 2-53. Mas ela preferiu manter o 53 mesmo. Mais simples, a empresa pensou. A ‘quebra-regras’.

Depois disso a numeração já foi alterada 2 vezes, primeiro pra 4 dígitos e depois pra alfa-numérica. Essas duas mudanças posteriores a Carmo teve que adotar, assim como todas as outras viações.

Matérias sobre o tema:

Inter-Hospitais.

Micro-ônibus. Mostrando vários deles – e não apenas da Caio – em ação pelo Brasil e Chile.

No início os anos 80 Curitiba implantou seu revolucionário sistema de transporte coletivo. 

 Padronizando a frota em unicolor, a cor indicava a categoria.

Por quase 40 anos, de 1981 a 2020 Curitiba teve ônibus brancos, enquanto durou o Circular Centro.

As categorias Vizinhança e Inter-Hospitais, e por um tempo até o Alimentador Zoológico, também utilizaram a mesma cor, em períodos diferentes da história.

Micro Caio Carolina em Brasília.

No entanto em 2020 acabou. Assim como o azul, o branco também foi eliminado do sistema de transporte curitibano.

O detalhe curioso é que houve um tempo que a Caio punha nomes de mulheres em seus ônibus.

Carolina era o micro.

Aqui em Curitiba a linha Circular-Centro, que tinha sua pintura exclusiva branca, era operada pelas viações Luz e Cristo Rei (cada uma num sentido, horário e anti-horário).

Pois bem. No Circular-Centro da década de 80 só haviam Carolinas, em ambas as viações.

Abordo na matéria também o modal Seletivo/Executivo/Opcional curitibano.

Que geralmente é feito por micro-ônibus, e “naquele tempo” muitas vezes por Carolinas.

Tem mais, mostro várias categorias que igualmente foram feitas por micros, em várias cidades brasileiras:

Porto Alegre, Brasília, o Rio, o Recife e Santos. Como essas linhas começaram, e como estão hoje.

Se tudo fosse pouco, no Chile um desses micros teve um triste final . . .virou varal!

Mais posttagens sobre o transporte coletivo em Curitiba:

Aqui retrato a história do modal ‘Expresso’, desde sua criação em 1974Você sabe quantas cores o Expresso já teve em Curitiba?

Foram 4, começou vermelho, já tentaram fazer Expressos laranjas (dir.), cinzas (esq.) e azuismas sempre voltam a ser vermelhos.



(Radiografia completa, todos os modais: Expressos, ConvencionaisIntrer-Bairros, Alimentadores, Circular-Centro, Ligeirinhos, e mesmo outros que já foram extintos.)
 

DE CURITIBA PRO MUNDO

DO MUNDO PRA CURITIBA

Mostram, respectivamente, ônibus que começaram na capital do PR e depois foram vendidos pra outras cidades do mundo; E, inversamente, bichões que primeiro rodaram em outras terras e depois vieram pra cá.

De 2015 pra cá o sistema metropolitano da capital do PR passou a ser grande importado de busões usados. Isso é domínio público. Agora segura essa bomba: flagrei um Caio Gabriela Expresso operando na Costa Rica, América Central. O letreiro diz “020-Inter-Bairros 2”, entregando que ele é oriundo daqui de Curitiba.

Outra raridade postada na mesma reportagem: já na pintura do ‘Municipalizdo’ de SP. Letreiro: “203-Sta. Cândida/C. Raso”, articulado também ex-curitibano evidente.

E, o tema dessa postagem, Ligeirinho de Curitiba em plena Nova Iorque/EUA. A linha é ‘Lower Manhattan’.

Calma, como dito foi somente por uma semana que eles rodaram lá. Uma exposição do novo sistema que estava sendo implantado aqui. Só um espetáculo teatral, resumindo.





ANTES & DEPOIS: FROTA PÚBLICA DE CURITIBA: Entre 1987 e 88, a prefeitura encomendou 88 articulados, que vieram pintados de laranja.

Usei seu trabalho como base pra fazer uma matéria em minha página, acrescentando mais fotos e informações. 

Tudo somado, os 88 busos eram nessas configurações:
– 12 Caios Amélia (11 Scania e 1 Volvo)
– 26 Marcopolos Torino (todos Volvo)
– 50 Ciferal Alvorada (idem, 100% Volvo).

Vendo pelo fabricante de motor, repetindo, foram 11 Scanias (todos eles Caio Amélia e com o eixo a frente da porta) e 77 Volvos (sendo 1 Caio Amélia, 26 Marcopolos Torino e 50 Ciferal Alvorada, todos com o eixo na posição ‘normal’, atrás da porta).

Esse é focado nos ônibus. Falo bastante da cidade de Curitiba, principalmente de um fato curioso:Azul é a cor mais comum de ônibus pelo mundo afora.
No entanto, só em 2011 a capital do Paraná foi ter busos nessa cor. A vai durar pouco. Os ‘ligeirões’ comprados a partir de 2018 voltaram a ser vermelhos.

Assim, em algum momento na década de 20, a frota azul adquirida em 2011 será substituída.

Curitiba deixará então de ter busos celestes, e então nãos os terá nem no municipal tampouco no metropolitano. Alias esse tema já nos leva a próxima matéria.


 
 
Aqui retrato a história do modal ‘Expresso’, desde sua criação em 1974Você sabe quantas cores o Expresso já teve em Curitiba?

Foram 4, começou vermelho, já tentaram fazer Expressos laranjascinzas e azuismas sempre voltam a ser vermelhos.

As próximas 3 matérias retratam Colombo, na Zona Norte da Grande Curitiba.

– VIAGEM PRO PASSADO: A GARAGEM DA VIAÇÃO COLOMBO, ANOS 80 - Quando ainda era pintura livre, e a viação era grande cliente da Caio (depois ela ficou 20 anos sem adquirir Caios 0km).

Repetindo o que já foi dito acima e é notório: ficou pronto em 2006, mas ficou 3 anos fechado, só sendo inaugurado (de forma errada) em 2009.
Somente em 2016 o Roça Grande se transformou num terminal de verdade.
Com linha troncal sendo feita por articulado e linhas alimentadoras com integração de fato.
Fotografei um articulado Caio ex-BH chegando no Terminal Roça Grande vindo do Centrão de Ctba. .  Isso nos leva as duas próximas matérias.

Até 2015, a prefeitura de Curitiba controlava também boa parte do transporte metropolitano.
Então era proibido trazer ônibus usados, tinha que ser sempre 0km.
Nesse ano houve o rompimento. As linhas inter-municipais voltaram pra alçada do governo do estado.
Com isso, Curitiba passou a ser grande importadora de busões de outros estados.

Um busão do Recife foi vendido primeiro pra Aracaju-SE.
Onde operou sem repintar por conta de uma homenagem que uma viacão sergipana faz a Pernambuco.
 
Depois veio pra Grande Curitiba, sendo enfim repintado no padrão metropolitano.
E assim, no bege da Comec, foi deslocado pra Itajaí/SC.
Mostro vários outros exemplos que nas viações metropolitanas a importação de ônibus usados virou rotina em Curitiba.
Especialmente entre os articulados, mas chegou ma leva de ‘carros’ curtos também.

2021: enfim os Expressos na L. Verde Norte/Leste.
– LINHA TURISMO: A CURITIBA QUE SAI NA T.V. - Na postagem conto a história completa desse modal.
 
Desde o tempo da ‘jardineira’ “Pro-Parque” e da linha “Volta ao Mundo“, que foram suas predecessoras. Passando pelo momento que a Linha Turismo ainda era feita com velhos ônibus de 1-andarA Linha Turismo não era vista com tanta importância.
 
Por isso os ‘carros’ que nelas serviam eram aposentados das linhas convencionais, reformados pra mudarem as janelas e os bancos. Só depois chegaram os busões 0km especialmente pra Linha Turismo; Primeiro ainda com 1 andar mesmo, e mais recentemente os famosos 2-andares.

Terminal Tatuquara.

2021: UFA! 14 ANOS DEPOIS, ENFIM INAUGURADA A LINHA VERDE NORTE/LESTE – Incompleta por enquanto (julho de 2021)

A “Linha Verde” é o antigo traçado urbano da BR-116.

Curitiba não é mais a mesma. Antes a cidade inovava: Nos anos 70 e 80 criou - a nível global - o conceito de ônibus "Expresso" (corredores exclusivos, terminais de integração, etc.). Em  1992 foi aqui que começou a rodar o primeiro bi-articulado do Brasil.

 Agora…quanta diferença: o corredor da ‘Linha Verde’ começou a ser construído em 2007. Só em 2021 começou a circular um Expresso no trecho Leste/Norte da linha. 14 anos e meio depois. 

Ainda assim, incompleta. Só inauguraram 3 novas estações (escrevo em 21): Fagundes Varela, Vila Olímpica e PUC. Ainda faltam mais 5.

Antes tarde que nunca, ao menos agregou novas opções de integração, as estações-tubo F. Varela e PUC são mini-terminais. Onde é possível baldear gratuitamente pra diversas linhas Convencionais, Alimentadores e Inter-Bairros. A esquerda acima o Convencional Canal Belém integrando gratuitamente na Estação PUC (ao fundo o Circo Vostock, que está fixo no local há alguns anos).

Linhas do Terminal Roça Grande, Colombo.

- TATUQUARA, ZONA SUL: O TERMINAL QUE NÃO É TERMINAL -
(atualizado em maio de 2021, quando da inauguração do mesmo)

Não é terminal porque foi planejado errado, não tem linhas troncais (Ligeirinho nem Expresso) tampouco Alimentadores próprios.  

Não agregou novas opções de integração. Resultado? Está vazio, grosseiramente sub-utilizado, pois não é útil aos moradores da região.

Exatamente como aconteceu antes na Zona Norte, em Colombo

Refrescando a memória, o Terminal Roça Grande ficou pronto em 2006, mas só foi inaugurado - de forma erra em 2009. 

E somente em 2016 se tornou um terminal de verdade, com linhas troncais feitas por articulados e alimentadores próprios. Faça as contas, 10 anos pra corrigir. Espero que no Tatuquara o ajuste leve menos que uma década. Bem menos.

Falo também da grande invasão que ocorreu no Tatuquara em 2020 - antes da eleição como é tradição em Curitiba - próximo a Vila Zanon. Situação tensa na Zona Sul.

 "Deus proverá"

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário