quarta-feira, 13 de março de 2019

2-Andares no Brasil: a gênese em SP, vermelhos como em Londres



https://omensageiro77.wordpress.com/2019/02/26/rodo-trem-monobloco-articulado-pe-gigantesco-meio-a-meio-a-saga-da-transgenia-continua/?preview_id=37912&preview_nonce=ea791bb4db&post_format=standard&_thumbnail_id=37923

ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"


Origem da imagens: internet - créditos mantidos.
Local:
São Paulo-SP.
Data:
2ª metade dos anos 80.
Viação:
CMTC (estatal municipal).
Carroceria:
Thamco Fofão (ODA – Ônibus 2-Andares).
Motor
Scania.
Observações:
Atrás um Caio Amélia da Tupi (Transp. Urbano Piratininga) e a frente um Monobloco da Tânia; além, é claro, do Chevette.


São Paulo, anos 80: ODA (Ônibus Dois Andares) da CMTC, pintado de "Vermelho Jânio", pro xerox londrino ser completo. Thamco “Fofão” Scania. Todos os 2-andares brasileiros dos anos 80 eram Thamco Scania, 'Fofão' sendo o apelido carinhoso do modelo. No andar de cima só se pode viajar sentado.

A mesma linha, no novo milênio.

Leia o letreiro, o bichão puxa a linha 5111, na época Terminal Santo Amaro/Praça da Sé, via Brigadeiro Luís Antônio. Hoje a linha é a 5111-10, foi esticada até o Terminal Pq. Dom Pedro, e é feita por articulados de somente 1 andar (ao lado).

Além de SP Capital, houve 2-andares também em Osasco (igualmente na Grande SP), Recife-PE e Goiânia-GO. Sempre por viações estatais, respectivamente a CMTO/Osasco, CTU/Recife e Transurb/Goiânia (nesse último caso também vermelhos). Segundo alguns, houveram também 2-andares em Uberlândia-MG, mas nesse caso nunca vi fotos, não posso assegurar se é ou não verdade.

Em São Paulo existiram dezenas de 2-andares, 27 sendo mais exato. Em Osasco, também Grande SP como todos sabem, 4 exemplares circularam. Assim foi no Sudeste

No Centro-Oeste, em Goiânia foram creio que 3 ônibus 2-andares. No Nordeste, o Recife teve apenas 1, um 'filho único'. Não houve O.D.A. em transporte regular nem no Sul tampouco no Norte Brasileiros (em compensação, se serve de consolo, o Sul e o Norte são quem concentram as casas de madeira em nossa Pátria Amada).

Mas essa é outra história, que já contei outro dia. Voltando a busologia, vamos falar um pouco da carroceria. Havia a fabricante Ciferal (Cia. Industrial de Ferro e Alumínio), do Rio de Janeiro – alias ela funcionava no mesmo barracão que um dia sediou a saudosa F.N.M. (Fábrica Nacional de Motores), em Duque de Caxias, no Grande Rio. Nos anos 70, a Ciferal abre uma filial em São Paulo, que se chamava 'Ciferal Paulista'.

 
O auge da Thamco, nos anos 90.
Na virada dos anos 70 pra 80, um antigo gerente da 'Ciferal Paulista' a compra e a desmembra da matriz carioca. A nova fábrica passa a se chamar Condor. Só que a Condor tem vida curta, e em 1985 abre falência. O empresário Thamer Butros compra a Condor, e a renomeia 'Thamco', sendo o 'Tham' de seu nome e 'Co' de Condor. A fábrica da Thamco era em Guarulhos, na Grande São Paulo. Esse 0km clicado a esquerda foi pro Recife. Como falado e é notório, os primeiros 2-andares brasileiros nos anos 80 são todos Thamco.

Hoje, os 2-andares brasileiros são Busscar e Marcopolo, após a falência da montadora (de Joinville-SC) Busscar 100% Marcopolo (sim, a Busscar voltou em 2018, mas somente pro segmento rodoviário. Ela, ao menos por hora, não produz mais ônibus urbanos).

Detalhe. Nos anos 90 a Thamco também já havia ido a pique. A massa falida foi renomeada 'Neobus'. Após alguns meses operando ainda no galpão na Grande São Paulo (Guarulhos), ela se relocou pra Caxias do Sul-RS, mesma cidade da Marcopolo. Hoje a Marcopolo é dona de 40% da Neobus. A Ciferal foi outra que também faliu, e foi comprada, advinhe, pela Marcopolo. 
 
Isto posto, voltemos a falar dos 2-andares. Como sabem, esse modal começou em Londres. Onde são vermelhos, é claro. Na capital da Inglaterra houveram um bichões muito longevos, que circularam décadas e décadas ininterruptamente. 
 
Uma leva de veículos produzidos nos anos 50 só saiu de operação já nesse milênio (segundo algumas fontes somente na segunda década desse milênio). Ou seja, os 2-Andares originais de Londres rodaram por 5 décadas sem sair da pista, ou quase isso – assim cumprindo na Europa o papel que os tróleibus cumprem na América, o de serem 'museus vivos'
 
Voltemos ao Brasil. Jânio Quadros, aquele mesmo que foi presidente do Brasil e renunciou devido as “forças ocultas”, depois foi o primeiro prefeito eleito de São Paulo após a redemocratização, em 1985. E ao assumir a prefeitura ele trouxe essas duas novidades, primeiro o ônibus 2-andares mesmo, e segundo, padronizou a pintura da estatal CMTC (também o resto da frota, os busos de somente 1-andar) de vermelho. Jânio reativou também esse logotipo da CMTC, que já havia sido usado pela empresa até os anos 60 e novamente nos 70.

Falando novamente da tomada acima, atrás do ODA está um Amélia da Tupi, a frente um Mono da Tânia ou Gatusa – a pintura das 2 é igual (mas creio que a Gatusa não teve esse modelo, então deve mesmo ser Tânia). Tem mais: tudo vai e volta (como a própria pintura 'Trovão Azul' da CMTC mostra). São Paulo voltou a ter 2-andares vermelho, mas agora não em linha regular, só na Linha Turismo - ao lado.

Ônibus 2-andares é ideal pra linhas turísticas, quando são poucos passageiros endinheirados que estão passeando, sem horário a cumprir. Aí só vai gente sentada, reduzindo os problemas de circulação. 
 
Vou dizer com todas as letras: ônibus 2-andares não são adequados pro transporte de massas, de linhas carregadas usadas pendularmente pela classe trabalhadora. Pra essas linhas é preciso articulados, que não têm escada, aí você dinamiza o fluxo no interior do veículo: todo mundo entra pela frente e vai se dirigindo pra trás, onde há muito espaço pra se acomodar e várias opções pra sair.

Pois num 2-andares a escada toma boa parte do espaço do salão interior, onde é feito o embarque/desembarque e cobrança de passagem. Ademais, a própria escada já é um gargalo de circulação, se alguém está subindo e outro vem descendo, quem sobe tem que recuar. Você imagina o cenário: dia útil, 5 e pouco da tarde. 

Centro da cidade, as filas gigantescas pra massa trabalhadora entrar nos busões e se dirigir a seus distantes subúrbios. Chega o busão 2-andares. Você vai lá pra cima, pois o vagão de baixo é minúsculo, o motorista a frente, a escada no meio e o motor atrás, quase não sobra espaço pros passageiros. 
 
Chega a hora de descer e você tem que ir se espremendo no corredor e na escada. Tem gente sentada nos degraus, o vagão de baixo está lotado até o limite, não cabe mais uma pessoas sequer. Você tem que ir achando um espacinho, pedindo licença, empurrando. 
 


Já quando eu era criança cheguei a andar várias vezes no 2-andares paulistanos. Nesse caso foi curioso e lúdico, pra um menino busólogo tudo é festa, mas pra quem pega todo dia não é nada divertido.

Linha que liga o Aeroporto ao Centro de Santiago.

Agora, por outro lado em 2015 pra ir do Centro ao Aeroporto de Santiago/Chile eu fui de 2-andares (esq.). Trata-se de uma linha diferenciada, prum público de maior poder aquisitivo. Aí sem problemas, o buso vai vazio, você sobe e desce com calma a escada, e circula no salão sem atropelar ninguém nem ser atropelado. 
 
O mesmo vale pras diversas ‘LinhasTurismo’, já andei várias vezes nesses 2-andares aqui em Curitiba, e em 2012 também na Cidade do México

O veredito: pra Linha Turismo 2-andares é o ideal, um atrativo em si mesmo. Mas pra transporte urbano regular, nem pensar. Hoje, o Brasil entendeu isso, felizmente. 

Matéria completa:

Inaugurando esse modal no transporte de massas em nosso país. E eles eram exatamente na mesma cor que os de Londres, que os inspiraram.

Além da capital paulista Osasco (também na Grande SP), Goiânia-GO, Recife-PE e Uberlândia-MG contaram com esse tipo de veículo no transporte urbano. Atualmente só rodam em nosso país nas chamadas ‘Linhas-Turismo‘.

Mostro também os 2-andares na Grã-Bretanha, Europa continental e em várias ex-colônias do império britânico.

SÉRIE "2-ANDARES NO BRASIL" (com exceção da 1ª matéria, as demais são nos anos 80 e 90. Assim, quando falo que SP é a 'gênese', me refiro a era contemporânea. O início de tudo foi no Rio, mas na década de 80 os pioneiros cariocas já estavam extintos há muito):

 

- SÃO PAULO, CAPITAL  - A GÊNESE EM NOSSA NAÇÃO - mais uma vez vermelhos (essa matéria que acabam de ler)

2-ANDARES PELO MUNDO:

Rodo-trem na Austrália.

A Saga da Transgenia Automobilística/Busófila vai Continuar!

Pra quem que não sabe o que é isso, é mais simples que parece:  

Trata-se de veículos adaptados pra um uso distinto do original que saiu da fábrica. 

Ônibus-Zepelim em Belém do Pará.

Ou já saiu assim de fábrica, mas é uma variação interessante, curiosa, de um outro veículo de tipo mais comum. O exemplo são os busos com 2-andares.

Seguem as matérias, onde documento centenas de casos como os dessas fotos:

TRANSGENIA BUSÓFILA (E AUTOMOTIVA EM GERAL)

TEM QUE VER PRA CRER: SEGUE A ‘TRANSGENIA AUTOMOTORA’

BUSO-TREM, BUSO-BARCO BRASUCA, BONDE 2-ANDARES: MAIS TRANSGENIA MUNDO AFORA

RODO-TREM, MONOBLOCO ARTICULADO, PÉ-GIGANTESCO, MEIO-A-MEIO: É CADA GAMBIARRA (TRANSGENIA)!!

 Ao lado uma Kombi-Avião! Não sei se voa de verdade, sendo sincero.

Mais matérias sobre  São Paulo/Capital:

 
Reformei a postagem, mostrando diversos exemplos de manifestações que se encerraram apenas pra retornarem décadas depois: o restaurante dentro do avião, o táxi-Fusca, pinturas-protóptipo e as janelinhas ovais sobre a porta da Caio, até o famoso Zepelim entrou na história.

Pois ideias são atemporais, já que são Energia. Energia nunca morre.

NO NINHO DAS COBRAS (janeiro/16) – É o Butantã, Zona Oeste, óbvio. Nomeia o famoso ‘Instituto Butantan’, aquele que produz soros anti-ofídicos e vacinas. Dessa vez não visitei o Instituto. O foco da matéria é retratar um pouco do bairro, a Vila Gomes e Jd. Bonfiglioli,

 
Segura essa: no Chile também teve capelinha!

- CAPELINHA: RIO, SP, B.H., BELÉM E POA; PLACA NO ALTO: ESTAMOS NO SUDESTE

Quem perto de 40 (escrevo em 2021) vai lembrar quem em muitas cidades antigamente os busos tinham ‘capelinhas’ – letreiro menor no teto pro nº da linha.

Mostra o Sudeste e mais Belém-PA, Porto Alegre-RS e até Brasília-DF (onde houve esse apetrecho em maior escala), além de dar um panorama global.

Falo também de um costume, nos anos 70 e 80 típico do Sudeste Brasileiro e também presente no Chile e Argentina: pôr a chapa na grade de respiração do motor, e não no espaço próprio pra isso no para-choques.

SP:A REVOLUÇÃO NO TRANSPORTE - Evidente que as coisas estão longe de serem perfeitas. Mas comparando ao que era até os anos 90 o transporte público em SP melhorou muito. Somando as redes de metrô e trem suburbano - e precisa somar, pois você acessa ambas pagando uma só passagem - a rede sobre trilhos na Grande SP já iguala o metrô de Nova Iorque/EUA. Os ônibus paulistanos igualmente mudaram da água pro vinho, mesmo que ainda haja espaço pra melhorar bem mais. 

- 'SAIA-&-BLUSA': OS ÔNIBUS PAULISTANOS (1978-1991): Essa focando mais especificamente nos ônibus como o nome indica, abordando a pintura livre (até 1978) e as padronizações 'Saia-&-Blusa' (78-92, como dito), 'Municipalizado' (1992-2003) e 'Inter-Ligado' (2003-presente)

Ao lado um antigo Caio Bela Vista da  Bola Branca de 'saia' vermelha e 'blusa' bege (algumas imagens pertencem ao sítio Revista Portal do Ônibus).


 
1º tróleibus-articulado do Brasil nos anos 80.
Fabricado em 1985, saiu de circulação em 2012. Começou Caio e foi re-encarroçado Marcopolo. Comprado estatal, foi privatizado. Iniciou a operação na Zona Leste, foi pra Zona Sul, voltou pra Z/L, de novo pra Z/S, e como o bom filho a casa torna, retornou mais um vez pra Z/L. Ficou sem placa por 15 anos aproximadamente (até a virada do milênio tróleibus em SP e várias outras cidades não eram emplacados), começou na lona, ganhou letreiro eletrônico mas nos fim retornou a lona, ganhou ar-condicionado e portas elevadas a esquerda. 
 
Enfim, o bichão é um museu-vivo do transporte paulistano - alias hoje é exatamente isso que ele é, um ônibus-museu - se houvesse espaço, ele estaria no 'Museu da CMTC' aqui retratado.

 
ponte - pichacao
SP: a "Selva de Pedra".
Matéria-portal sobre SP, onde estão ancoradas as outras reportagens que já fiz sobre a cidade. Retratei partes das Zonas Central (o Centrão mesmo e o vizinho Bom Retiro) e Sul (Brooklin e Planalto Paulista). Na Zona Sul dois bairros de classe média-alta – dessa vez, não fui a periferia.
 
Falo um pouco da modernização do transporte igualmente.

- "PIXAI POR NÓIS" - A MARGINAL TIETÊ E A DUTRA - Breve ensaio fotográfico na Marginal Tietê (ao lado) e comecinho da Dutra. Portanto pegando as Zonas Central e Norte – inclui algumas tomadas no subúrbio metropolitano de Guarulhos.
 
 
"Deus proverá"
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário