ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"
Autoria
própria. Imagem de livre circulação, desde que os créditos
sejam mantidos.
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Local:
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Santos-SP.
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Data:
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11/2015.
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Viação:
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Piracicabana.
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Carroceria:
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Mafersa
(Material Ferroviário S.A.) - tróleibus.
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Motor:
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???.
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Observações:
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Fazendo
o contorno da Praça Independência pra retornar a Praça Mauá
pela Avenida Ana Costa.
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Santos,
novembro de 2015. Velho tróleibus Mafersa com mais de 2 décadas de
uso ainda na ativa, talvez
até 3 décadas.
O
bichão é um museu vivo, porque reúne diversas características já
extintas nos ônibus a dísel da cidade.
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Pra conversa começar, é um tróleibus. Um dia, a maior cidade do Litoral Paulista teve extensa rede de ônibus elétricos, com diversas linhas pra vários bairros.Não mais. Todas as outras linhas foram des-eletrificadas, e hoje servidas por veículos a dísel. Somente a Linha 20 foi mantida, ela liga a Praia do Gonzaga ao Centro, se preferir mais especificamente os pontos finais são as Praças Independência e Mauá, respectivamente.
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Veja o letreiro: “20-Circular”. Houve um tempo que imensa maioria das linhas de ônibus de Santos não tinham nome, eram conhecidas pelo número – no sistema municipal e inclusive algumas linhas metropolitanas pra São Vicente. No letreiro constava exatamente isso, “Circular”.Na Itália e na parte italiana da Suíça - além de outras metrópoles pelo globo - foi assim também. Vinha apenas o número, nada de nomes. No Rio de Janeiro as linhas tinham nome, mas eram igualmente conhecidas pelo número.
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Bem, o letreiro ainda é de lona. Vinha escrito 'Circular' nos ônibus e tróleibus santistas nesse modal antigo. Agora, com o letreiro eletrônico, as pessoas ainda se referem as linhas pelo nº, mas no letreiro está grafado o itinerário, acabando com o simpático mas pouco informativo 'Circular'.Todas as linhas dísel – ou seja a totalidade da cidade exceto a '20' – têm letreiro eletrônico, e trazem nele o itinerário. Apenas o trol diz 'Circular' na lona.
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A pintura também é antiga. Alguns anos atrás toda frota (dísel e elétricos igualmente) ostentou essa decoração na lataria. Nos a dísel foi substituída faz tempo. Aqui ficou, de recordação.
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É um Mafersa, saudosa empresa de capital e tecnologia nacionais que faliu em 1995. Não conheço outros casos de Mafersas circulando agora na década de 10 (escrevo em 18) nas capitais e cidades grandes e médias do interior e litoral.
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É um veículo absolutamente longevo, característica dos tróleibus.
Vamos
reproduzir aqui alguns dados extraídos da enciclopédia Lexicar.
A
Mafersa – Material Ferroviário S.A. -, como
o nome indica, começou
fabricando vagões de trens. Começou a fazer tróleibus em 1985.
Nesse
ano a Capital Paulista inaugurou seu maior terminal de ônibus, o de
Santo Amaro, na Zona Sul, e o corredor na avenida de mesmo nome que
liga o bairro ao Centro. A
Mafersa ganhou a concorrência no modal elétrico, e forneceu perto
de 80 tróleis pra CMTC (Cia. Municipal de Transporte Coletivo).
A
Mafersa tinha unidades em SP Capital, no interior paulista e em
Contagem, na Grande Belo Horizonte-MG. Esse tróleibus foram
produzidos em SP, cidade na qual operaram. No
fim dos anos 80 e virada pros 90 a Mafersa dá um grande salto: passa
a produzir ônibus a dísel, lança uma versão do
tróleibus-articulado (que
não pegou, não passou do modelo-piloto, alias não há articulados
Mafersas nem elétricos nem a dísel) e
transfere a produção de carrocerias integralmente pra unidade da
Grande BH.
Os ônibus da Mafersa eram revolucionários, pois totalmente adequados ao modelo 'Padrão' ('Padron', no original)
que
o governo federal na época tentava disseminar nas cidades
brasileiras: mais
longo, alto, largo, com portas amplas e motor traseiro.
Ademais,
o
Mafersa também era monobloco,
como os Mercedes-Benz. O que é um 'monobloco'? Geralmente nos ônibus
uma fábrica produz o chassi e outra a carroceria – todos já vimos
nas estradas os ônibus sem cobertura, indo exatamente receber a
carroceria. Portanto são duas peças separadas, dois blocos
distintos.
A
Mafersa, e também a Mercedes, eram as únicas que produziam tanto
chassi quanto carroceria na mesma unidade fabril. Resultando que o
ônibus não tinha dois blocos separados, mas era feito por inteiro
de uma vez, num único bloco – o 'monobloco'.
Mas
o Monobloco Mercedes só tinha o motor traseiro de mais moderno e confortável pra passageiros e operadores. No resto, era o próprio 'cabrito': estreito, teto muito baixo, piso muito alto, tudo dificultando embarque e circulação. Já o Mafersa, repetindo, era
padrão, exatamente ao contrário facilitando.
A
Mafersa pagou o preço de seu pioneirismo.
O mercado não estava preparado pra um produto mais moderno e
confortável - e por isso um pouco mais caro. Quando no começo dos
anos 90 o governo federal cortou o financiamento pra implantação de
tróleibus e ônibus a dísel 'padrão', diversas encarroçadoras
vieram a pique. A Mafersa foi uma delas. Começou
a produzir tróleibus em 1985, e a dísel pouco depois. Em 1995 a
firma faliu.
Tirei
essa foto em 2015. Logo, na época o bichão tinha entre 30
(se produzido logo no primeiro ano) a
20 anos de uso
(caso fabricado no derradeiro ano da Mafersa).
É
característica
dos tróleis serem longevos: na
Grande São Paulo circula um Marcopolo com 3 décadas de pista.
E
São Paulo,
Santos e Recife
(quando
a capital de Pernambuco tinha tróleis,
o que não é mais o caso) contaram
com ônibus elétricos dos anos 40 e 50 operando até os anos 90, e
mesmo de até logo após a virada do milênio. Foram portanto 40 e
mesmo 50 anos serviços ininterruptos.
Matérias sobre o tema:
BAIXADA MULTI-MODAL: BONDE MODERNÍSSIMO (VLT), BONDE ANTIGO, ÔNIBUS ELÉTRICOS E A DÍSEL, MICROS BRANCOS E VANS QUE SOBEM OS MORROS
“BOCA LOCA”, “TROVÃO AZUL” E OUTROS: OS TRÓLEIBUS NO BRASIL
OS TRÓLEIBUS AMERICANOS, DE VALPARAÍSO A VANCUVER
- PRAIA, MORRO, CANAL & CASA DE MADEIRA: ISSO É SANTOS (Relato da viagem a Baixada Santista, abordando diversos aspectos da cidade, entre eles o transporte)
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