quarta-feira, 15 de maio de 2019

2-Andares no Brasil: Osasco (também na Grande SP)

https://omensageiro77.wordpress.com/2015/04/20/saia-blusa-onibus-paulistanos-1978-1991/

Origem da imagem: internet (sítio Railbuss já extinto).
Local:
Osasco, Grande São Paulo-SP.
Data:
Virada da década de 80 pra 90.
Viação:
CMTO (estatal municipal).
Carroceria:
Thamco Fofão (ODA – Ônibus 2-Andares).
Motor
Scania.
Observações:
Divulgação de Douglas de Cézare.

Osasco, Zona Oeste da Grande São Paulo, início da década de 90. Ônibus (O.D.A.) operado pela viação estatal municipal CMTO (Companhia Municipal de Treansportes de Osasco), que foi extinta nos anos 2000. 

Thamco “Fofão” Scania. Todos os 2-andares brasileiros dos anos 80 eram Thamco Scania, 'Fofão' sendo o apelido carinhoso do modelo. No andar de cima só se pode viajar sentado. Em Osasco foram 4 exemplares.

São Paulo inaugurou a onda dos ônibus 2-andares no Brasil. Se inspirou em Londres/Inglaterra, que não apenas consagrou esse modelo, mas os consagrou sendo vermelhos. Pois bem. Os ODA da CMTC paulistana também eram vermelhos. Já os da sua 'irmã menor', a CMTO, eram brancos.

Coloco assim, 'irmã menor', porque Osasco pertenceu ao município de São Paulo até 1964 – por isso os 'Papa-Filas' (caminhões pesados que na carreta puxavam uma carroceria de ônibus, o 'pai do articulado) da CMTC um dia fizeram linha pra Osasco.

Enfim, Osasco se separou da capital e virou município a parte – essa é a razão pela qual uma de suas principais vias se chama 'Avenida dos Autonomistas', homenageando os que lutaram pela emancipação.

Repito agora algumas informações já grafadas na abertura da série "2-Andares no Brasil", pois valeram pra todas as cidades que contaram com esse modal. 

2-andares da CMTC, na capital paulista.
Além de SP Capital e Osasco, houve 2-andares também em Goiânia-GO e Recife-PE. Sempre por viações estatais, respectivamente a CMTC-SP, CMTO/Osasco, Transurb/Goiânia, CTU/Recife. Segundo alguns, houveram também 2-andares em Uberlândia-MG, mas nesse caso nunca vi fotos, não posso assegurar se é ou não verdade.

Em São Paulo existiram dezenas de 2-andares, 27 sendo mais exato. Em Osasco, também Grande SP como todos sabem, 4 exemplares circularam. Assim foi no Sudeste.

No Centro-Oeste, em Goiânia foram creio que 3 ônibus 2-andares. No Nordeste, o Recife teve apenas 1, um 'filho único'. Não houve O.D.A. em transporte regular nem no Sul tampouco no Norte Brasileiros (em compensação, se serve de consolo, o Sul e o Norte são quem concentram as casas de madeira em nossa Pátria Amada).

Em Osasco eram brancos, operados pela CMTO.

Mas essa é outra história, que já contei outro dia. Voltando a busologia, vamos falar um pouco da carroceria. Havia a fabricante Ciferal (Cia. Industrial de Ferro e Alumínio), do Rio de Janeiroalias ela funcionava no mesmo barracão que um dia sediou a saudosa F.N.M. (Fábrica Nacional de Motores), em Duque de Caxias, no Grande Rio. Nos anos 70, a Ciferal abre uma filial em São Paulo, que se chamava 'Ciferal Paulista'.

Na virada dos anos 70 pra 80, um antigo gerente da 'Ciferal Paulista' a compra e a desmembra da matriz carioca. A nova fábrica passa a se chamar Condor. Só que a Condor tem vida curta, e em 1985 abre falência. O empresário Thamer Butros compra a Condor, e a renomeia 'Thamco', sendo o 'Tham' de seu nome e 'Co' de Condor. A fábrica da Thamco era em Guarulhos, na Grande São Paulo. Como falado e é notório, os primeiros 2-andares brasileiros nos anos 80 são todos Thamco.

 

Hoje, os 2-andares brasileiros são Busscar e Marcopolo, após a falência da montadora (de Joinville-SC) Busscar 100% Marcopolo (sim, a Busscar voltou em 2018, mas somente pro segmento rodoviário. Ela, ao menos por hora, não produz mais ônibus urbanos).

Detalhe. Nos anos 90 a Thamco também já havia ido a pique. A massa falida foi renomeada 'Neobus'. Após alguns meses operando ainda no galpão na Grande São Paulo (Guarulhos), ela se relocou pra Caxias do Sul-RS, mesma cidade da Marcopolo. Hoje a Marcopolo é dona de 40% da Neobus. A Ciferal foi outra que também faliu, e foi comprada, advinhe, pela Marcopolo. 

Isto posto, voltemos a falar dos 2-andares. Como sabem, esse modal começou em Londres. Onde são vermelhos, é claro. Na capital da Inglaterra houveram um bichões muito longevos, que circularam décadas e décadas ininterruptamente (digo, não sei se foi a 1ª cidade a ter ODA, certamente é ali que o modal se tornou clássico).Uma leva de veículos produzidos nos anos 50 só saiu de operação já nesse milênio (segundo algumas fontes somente na segunda década desse milênio). Ou seja, os 2-Andares originais de Londres rodaram por 5 décadas sem sair da pista, ou quase isso – assim cumprindo na Europa o papel que os tróleibus cumprem na América, o de serem 'museus vivos'

Ônibus 2-andares é ideal pra linhas turísticas, quando são poucos passageiros endinheirados que estão passeando, sem horário a cumprir. Aí só vai gente sentada, reduzindo os problemas de circulação. 

Joanesburgo, África do Sul, 2017.

Vou dizer com todas as letras: ônibus 2-andares não são adequados pro transporte de massas, de linhas carregadas usadas pendularmente pela classe trabalhadora. Pra essas linhas é preciso articulados, que não têm escada, aí você dinamiza o fluxo no interior do veículo: todo mundo entra pela frente e vai se dirigindo pra trás, onde há muito espaço pra se acomodar e várias opções pra sair. 

Pois num 2-andares a escada toma boa parte do espaço do salão interior, onde é feito o embarque/desembarque e cobrança de passagem. Ademais, a própria escada já é um gargalo de circulação, se alguém está subindo e outro vem descendo, quem sobe tem que recuar. Você imagina o cenário: dia útil, 5 e pouco da tarde

Centro da cidade, as filas gigantescas pra massa trabalhadora entrar nos busões e se dirigir a seus distantes subúrbios. Chega o busão 2-andares. Você vai lá pra cima, pois o vagão de baixo é minúsculo, o motorista a frente, a escada no meio e o motor atrás, quase não sobra espaço pros passageiros. 

Chega a hora de descer e você tem que ir se espremendo no corredor e na escada. Tem gente sentada nos degraus, o vagão de baixo está lotado até o limite, não cabe mais uma pessoas sequer. Você tem que ir achando um espacinho, pedindo licença, empurrando

Andar em ônibus 2-andares pra linhas de massa é um pesadelo (passei recentemente pela experiência na África do Sul, e foi um sufoco). São Paulo e mais 3 cidades (o subúrbio metropolitano de Osasco, na Zona Oeste da Grande São Paulo, Goiânia e Recife) fizeram o teste, repetindo.

Já quando eu era criança cheguei a andar várias vezes no 2-andares paulistanos. Nesse caso foi curioso e lúdico, pra um menino busólogo tudo é festa, mas pra quem pega todo dia não é nada divertido.

Santiago do Chile, 2015.

Agora, por outro lado em 2015 pra ir do Centro ao Aeroporto de Santiago/Chile eu fui de 2-andares. Trata-se de uma linha diferenciada, prum público de maior poder aquisitivo. Aí sem problemas, o buso vai vazio, você sobe e desce com calma a escada, e circula no salão sem atropelar ninguém nem ser atropelado. 

O mesmo vale pras diversas LinhasTurismo’, já andei várias vezes nesses 2-andares aqui em Curitiba, e em 2012 também na Cidade do México

 


O veredito: pra Linha Turismo 2-andares é o ideal, um atrativo em si mesmo. Mas pra transporte urbano regular, nem pensar. Hoje, o Brasil entendeu isso, felizmente. 

 

Matéria completa:

Inaugurando esse modal no transporte de massas em nosso país. E eles eram exatamente na mesma cor que os de Londres, que os inspiraram.

Além da capital paulista Osasco (também na Grande SP), Goiânia-GO, Recife-PE e Uberlândia-MG contaram com esse tipo de veículo no transporte urbano. Atualmente só rodam em nosso país nas chamadas ‘Linhas-Turismo‘.

Mostro também os 2-andares na Grã-Bretanha, Europa continental e em várias ex-colônias do império britânico.

 

SÉRIE "2-ANDARES NO BRASIL" (com exceção da 1ª matéria, os demais são dos anos 80 e 90)

  •  RECIFE (somente um exemplar, o 090 da CTU)

 - OSASCO, GRANDE SP (essa matéria que acabam de ler)

 

2-ANDARES PELO MUNDO:

3 ANDARES EM BERLIM, ALEMANHA (sim, ônibus com 3 andares, 2 lances de escada! Mais um pouco e teria até elevador . . .)

 

- BONDE DE 2 ANDARES EM HONG KONG, CHINA (como sabem, colônia britânica até 1997)

 

Rodo-trem na Austrália.

A Saga da Transgenia Automobilística/Busófila vai Continuar!

Pra quem que não sabe o que é isso, é mais simples que parece:  

Trata-se de veículos adaptados pra um uso distinto do original que saiu da fábrica. 

Ônibus-Zepelim em Belém do Pará.

Ou já saiu assim de fábrica, mas é uma variação interessante, curiosa, de um outro veículo de tipo mais comum. O exemplo são os busos com 2-andares.

Seguem as matérias, onde documento centenas de casos como os dessas fotos:

TRANSGENIA BUSÓFILA (E AUTOMOTIVA EM GERAL)

TEM QUE VER PRA CRER: SEGUE A ‘TRANSGENIA AUTOMOTORA’

BUSO-TREM, BUSO-BARCO BRASUCA, BONDE 2-ANDARES: MAIS TRANSGENIA MUNDO AFORA

RODO-TREM, MONOBLOCO ARTICULADO, PÉ-GIGANTESCO, MEIO-A-MEIO: É CADA GAMBIARRA (TRANSGENIA)!!

 Ao lado uma Kombi-Avião! Não sei se voa de verdade, sendo sincero.

Mais matérias sobre  São Paulo/Capital:

 
Reformei a postagem, mostrando diversos exemplos de manifestações que se encerraram apenas pra retornarem décadas depois: o restaurante dentro do avião, o táxi-Fusca, pinturas-protóptipo e as janelinhas ovais sobre a porta da Caio, até o famoso Zepelim entrou na história.

Pois ideias são atemporais, já que são Energia. Energia nunca morre.

NO NINHO DAS COBRAS (janeiro/16) – É o Butantã, Zona Oeste, óbvio. Nomeia o famoso ‘Instituto Butantan’, aquele que produz soros anti-ofídicos e vacinas. Dessa vez não visitei o Instituto. O foco da matéria é retratar um pouco do bairro, a Vila Gomes e Jd. Bonfiglioli,

 
Segura essa: no Chile também teve capelinha!

- CAPELINHA: RIO, SP, B.H., BELÉM E POA; PLACA NO ALTO: ESTAMOS NO SUDESTE

Quem perto de 40 (escrevo em 2021) vai lembrar quem em muitas cidades antigamente os busos tinham ‘capelinhas’ – letreiro menor no teto pro nº da linha.

Mostra o Sudeste e mais Belém-PA, Porto Alegre-RS e até Brasília-DF (onde houve esse apetrecho em maior escala), além de dar um panorama global.

Falo também de um costume, nos anos 70 e 80 típico do Sudeste Brasileiro e também presente no Chile e Argentina: pôr a chapa na grade de respiração do motor, e não no espaço próprio pra isso no para-choques.

SP:A REVOLUÇÃO NO TRANSPORTE - Evidente que as coisas estão longe de serem perfeitas. Mas comparando ao que era até os anos 90 o transporte público em SP melhorou muito. Somando as redes de metrô e trem suburbano - e precisa somar, pois você acessa ambas pagando uma só passagem - a rede sobre trilhos na Grande SP já iguala o metrô de Nova Iorque/EUA. Os ônibus paulistanos igualmente mudaram da água pro vinho, mesmo que ainda haja espaço pra melhorar bem mais. 

- 'SAIA-&-BLUSA': OS ÔNIBUS PAULISTANOS (1978-1991): Essa focando mais especificamente nos ônibus como o nome indica, abordando a pintura livre (até 1978) e as padronizações 'Saia-&-Blusa' (78-92, como dito), 'Municipalizado' (1992-2003) e 'Inter-Ligado' (2003-presente)

Ao lado um antigo Caio Bela Vista da  Bola Branca de 'saia' vermelha e 'blusa' bege (algumas imagens pertencem ao sítio Revista Portal do Ônibus).


 
1º tróleibus-articulado do Brasil nos anos 80.
Fabricado em 1985, saiu de circulação em 2012. Começou Caio e foi re-encarroçado Marcopolo. Comprado estatal, foi privatizado. Iniciou a operação na Zona Leste, foi pra Zona Sul, voltou pra Z/L, de novo pra Z/S, e como o bom filho a casa torna, retornou mais um vez pra Z/L. Ficou sem placa por 15 anos aproximadamente (até a virada do milênio tróleibus em SP e várias outras cidades não eram emplacados), começou na lona, ganhou letreiro eletrônico mas nos fim retornou a lona, ganhou ar-condicionado e portas elevadas a esquerda. 
 
Enfim, o bichão é um museu-vivo do transporte paulistano - alias hoje é exatamente isso que ele é, um ônibus-museu - se houvesse espaço, ele estaria no 'Museu da CMTC' aqui retratado.

 
ponte - pichacao
SP: a "Selva de Pedra".
Matéria-portal sobre SP, onde estão ancoradas as outras reportagens que já fiz sobre a cidade. Retratei partes das Zonas Central (o Centrão mesmo e o vizinho Bom Retiro) e Sul (Brooklin e Planalto Paulista). Na Zona Sul dois bairros de classe média-alta – dessa vez, não fui a periferia.
 
Falo um pouco da modernização do transporte igualmente.

- "PIXAI POR NÓIS" - A MARGINAL TIETÊ E A DUTRA - Breve ensaio fotográfico na Marginal Tietê (ao lado) e comecinho da Dutra. Portanto pegando as Zonas Central e Norte – inclui algumas tomadas no subúrbio metropolitano de Guarulhos.
 
 
"Deus proverá"

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