Rio
de Janeiro, década de 10. Busscar Pluss da viação Santa Cruz na
pintura padronizada implantada por volta de 2012/12, e abandonada em
2018.
Enquanto
durou, essa padronização de pintura mostrava qual parte da cidade a
linha servia. A cidade foi dividida em 4 faixas. A lateral era
branca, na frente e atrás a cor era a da região, nesse caso o
vermelho. No teto haviam 4 faixinhas pequenas, mostrando todas as
regiões (além do vermelho também azul, verde e amarelo).
Ressurgiu
a moldura negra ao redor dos vidros, que foi onipresente nos anos 80
e começo dos 90, daí desapareceu por uma década e pouco. Tudo vai
e volta!
Como
sabem, o Rio foi uma das últimas capitais a padronizar a pintura e a
implantar integração via cartão.
Escrevi
no texto original (2012): ” Rio de Janeiro com pintura padronizada
nos ônibus. Muitos achavam que isso jamais aconteceria, mas
aqui está. “
Infelizmente,
os que apostavam que o Rio não conseguiria padronizar seus ônibus
estavam certos.
A
padronização veio em 2010. Só que durou pouquíssimo, somente 8 anos, foi a padronização mais breve da história. Já no
meio da década os busos com ar-condicionado passaram a vir com
pintura livre, com a desculpa que "ônibus com ar é serviço
diferenciado e portanto isento de padronização" - só no Rio
isso acontece!!!
Diversas
cidades contam com ônibus climatizados, e em nenhuma delas eles
estão dispensados da pintura padronizada. Ainda em 2018 o Rio voltou
novamente a pintura livre em toda frota, com ou sem ar.
Sendo
assim, o Rio foi uma das capitais que mais demorou a padronizar a
pintura, o fez mais ou menos na mesma época da padronização de
Manaus-AM e Maceió-AL e um pouco antes da padronização de
Salvador-BA e da repadronização de Florianópolis-SC.
Já
perto da virada da década de 10 pra de 20, Cuiabá-MT também
padronizou a pintura de seus ônibus.
.........
O
Rio de Janeiro passou por grande modernização no transporte no
começo da década de 10, por conta da Olimpíada de
16 (que
foi lá) e
da Copa do Mundo de 14 (cuja
grande final também foi ali, no Maracanã,
excelso palco do futebol mundial).
No
começo desse milênio o Rio não tinha sequer articulados, e muitos
menos ônibus Expressos (uso
o termo curitibano, se referindo a articulados operando em canaletas
exclusivas; como dito e é notório atualmente emprega-se a sigla
'BRT') e estações com
embarque em nível, nem padronização de pintura.
Tudo
isso foi implantado, e como vimos no ano da copa do mundo começaram
inclusive a rodar modernos bi-articulados,
das marcas Marcopolo e Neobus – esse da imagem é Neobus, e bem, a
Neobus é 40% de propriedade da Marcopolo.
………..
Apenas
4 cidades do Brasil contam com bi-articulados atualmente: São Paulo, Curitiba, Campinas-SP e Goiânia. O Rio e Manaus fizeram
parte dessa seleta lista em algum momento, mas não mais.
No
começo dessa milênio várias capitais importantíssimas do Brasil
não tinham sequer articulados, com uma sanfona somente.
Essa
linha (Vilarinho/Cid. Adm.), pelo seu caráter especial, tinha
pintura específica, e era de graça pros funcionários públicos que
lá trabalham, bastava apresentar a carteira funcional.
Mas
pras linhas normais, que eram tarifadas, a capital mineira não tinha
nem ônibus articulado, muito menos bi-articulado.
Já
Manaus, vejam vocês, tinha tanto articulados quanto bi-articulados.
A
linha Vilarinho/Cid. Adm. (a única que tinha sanfonados quando fui
lá) foi incorporada ao Move, e virou alimentadora do mesmo.
A
capital baiana implantou o sistema Integra Salvador,
que padronizou a pintura e mudou a entrada pela frente.
Creio
que a cidade até hoje não tenha articulados (eles existiram nos
anos 80 e 90, mas nesse milênio só rodaram alguns poucos em testes,
inclusive alguns que iam pra Manaus). Em compensação, Salvador já
conta com 2 linhas de metrô.
Os
articulados fazem as linhas-tronco, mais longas, e ônibus curtos ou
micros os alimentadores locais, com integração tarifária. O metrô
também passou por ampliação.
Atualização: no
final da década, após a Olimpíada de 2016 que lá foi sediada, o
Rio de Janeiro passou a enfrentar sérias dificuldades, e isso
repercutiu também no transporte coletivo,
tanto que a cidade deixou de contar com bi-articulados. Os
articulados continuam operando.
Além
disso, o Rio despadronizou a pintura, regrediu a pintura livre nos
'carros' que têm ar-condicionado –
isso só acontece no Rio, em todas as demais cidades ter
ar-condicionado não é desculpa pra não ter que cumprir a
padronização de pintura, digo de novo.
Enfim,
é assim que as coisas estão. Até o começo desse milênio o
transporte carioca estava em caos. Houveram grandes avanços.
Infelizmente a padronização de pintura e os bi-articulados não
puderam ser mantidos.
Mas
os articulados, os corredores exclusivos e estações com embarque
pré-pago em nível e a ampliação do metrô chegaram pra ficar.
Fazendo um balanço, a década de 10 foi positiva.
..........
Publiquei matéria
específica sobre o transporte carioca:
- O
TRANSPORTE NO RIO: BONDE ANTIGO, BONDE MODERNO (VLT), AMPLA REDE DE
TRENS DE SUBÚRBIO, METRÔ, BARCAS, POUCOS ARTICULADOS E CORREDORES:
TELEFÉRICOS, BI-ARTICULADOS E PADRONIZAÇÃO DE PINTURA VIERAM MAS DURARAM POUCO (outubro de 2021) –
Houve enorme esforço de modernização pra Olimpíada, e alguns dos benefícios se mantiveram:
Ampliação do metrô, VLT, integração no cartão, elevador no Morro Santa Marta, e o próprio BRT, que na orla funciona bem.
Por outro lado o dinheiro acabou, situação já presente após o Rio-16, e que se agravou muito com a epidemia.
Vários setores do transporte coletivo carioca estão a beira do colapso, como alias também outras áreas como saúde, segurança e a própria governabilidade política.
O teleférico nos morros do Alemão e Providência, os bi-articulados e a
padronização de pintura já se foram. A continuidade de todos os demais
modais está ameaçada.
Além dessa radiografia do presente, traço uma perspectiva histórica do século 20, com ênfase especial dos anos 70 pra cá.
CONFIRA A SÉRIE SOBRE O RIO DE JANEIRO:
– RIO 40º: CAPITAL DO MELHOR E DO PIOR DO BRASIL (setembro de 2022)
Abordando
a tentativa da burguesia de se isolar num “subúrbio a estadunidense” na
Barra da Tijuca – até os anos 90 deu certo, com a melhoria dos
transportes que falamos em outro texto não mais.
E também do processo de remoção das favelas da Zona Sul no início do regime militar – igualmente começou com grande fôlego mas por diversos fatores foi interrompido.
Uma
das que seriam retiradas seria a do Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, na
divisa de Copacabana e Ipanema. Como você vê ao lado, não deu certo.
Conto a origem do nome de algumas favelas,
inclusive a mais antiga do Brasil, o Morro da Providência no Centro, e
mais o Chapéu-Mangueira no Leme/Copacabana, quase a beira-mar na Zona
Sul.
Falo ainda do “TeteCá”, a “língua” inventada no RJ que inverte a ordem das sílabas, da pichação de muros, e mais.
- 021: A CIDADE É MARAVILHOSA MAS . . . SE LIGA MEU IRMÃO!!!
Que a situação está complicada e de forma multi-dimensional não é segredo pra ninguém. Não o menor dos problemas é a violência urbana, evidente. Faço uma breve retrospectiva histórica mostrando as origens dessa triste situação.
Uma cidade ocupada militarmente, foi o que vi em setembro/2020. A impressão é que havia desembarcado em Bagdá/Iraque ou Cabul/Afeganistão. Relato com muitas fotos de uma realidade impressionante.
Outras postagens sobre o mesmo tema:
Quem tem perto de 40 (escrevo em 2021) vai lembrar quem em muitas cidades antigamente os busos tinham ‘capelinhas’ – letreiro menor no teto pro nº da linha. Muito comum no Rio e SP, sendo que no rio quase oni-presente até os anos 80 e começo dos 90.
Mostra o Sudeste e mais Belém-PA, Porto Alegre-RS e até Brasília-DF (onde houve esse apetrecho em maior escala), além de dar um panorama global.
Falo também de um costume, nos anos 70 e 80 típico do Sudeste Brasileiro e também presente no Chile e Argentina: pôr a chapa na grade de respiração do motor, e não no espaço próprio pra isso no para-choques.
- BUSSCAR,
AQUI JAZ; UMA HOMENAGEM PÓSTUMA
A história da montadora, que no auge foi uma potência no Brasil. Na cidade de Joinville, a maior do interior de Santa Catarina e onde a Busscar é sediada, por décadas a frota foi 100% dessa
marca, produzida ali mesmo. E o sucesso se repetia pelo mundo - na Colômbia por exemplo ela é um ícone.
Sua queda, e a luta pra se re-erguer, agora ficada somente no modal rodoviárIo:
Como sabem, a montadora começou a fraquejar a produção em 2010, e em 2012 teve falência decretada pela justiça. Houveram 3 leilões fracassados da massa falida, até que em 2018 a Caio comprou e reabriu a Busscar. Mas agora ela não produz mais ônibus urbanos.
- DEUS É UM CARA GOZADOR E ADORA BRINCADEIRAS
(mostro situações irônicas nos ônibus, e no caso do Rio abordo o
sistema de Expressos e alimentadores do Trans-Carioca; também flagrei e
relato curiosidades em Atibaia-SP, na Argentina e na Paraíba)
E os azuis são bi-articulados - o que nos leva as seguintes matérias:
(Radiografia completa, desde a implantação dos 'Expressos' nos anos 70, o
começo dos articulados em 1981, massificação dos articulados em
1987/88, e chegada dos bi-articulados nos anos 90)
Sobre São Paulo:
- SP: A REVOLUÇÃO NO TRANSPORTE - Nessa aqui falamos também de Campinas, e seus bi-articulados. Evidente
que as coisas estão longe de serem perfeitas. Mas comparando ao que era
até os anos 90 o transporte público em SP melhorou muito. Somando
as redes de metrô e trem suburbano - e precisa somar, pois você acessa
ambas pagando uma só passagem - a rede sobre trilhos na Grande SP já
iguala o metrô de Nova Iorque/EUA. Os ônibus paulistanos igualmente mudaram da água pro vinho, mesmo que ainda haja espaço pra melhorar bem mais.
Essa focando mais especificamente nos ônibus como o nome indica.
Abordando
a pintura livre (até 1978).
E também as padronizações do transporte paulistano:
'Saia-&-Blusa'
(78-92, como dito), 'Municipalizado' (1992-2003) e 'Inter-Ligado'
(2003-presente).
O melhor e o pior do Brasil, a poucas quadras de distância um do outro. O Centrão, que está com muitos moradores de rua e diversos outros problemas típicos de uma metrópole desse porte;
E ali do ladinho a “Cidade Verde”, os Jardins, a Paulista, Higienópolis, e o começo das Zonas Oeste e Sul, região que ao lado da Orla do Rio é onde mais concentra elite e alta burguesia no Brasil. Além disso, um dos pontos positivos é exatamente a melhora do transporte, fotografei vários bi-articulados paulistanos em ação.
CASA DE MADEIRA FOI COMUM NO SUDESTE E CENTRO-OESTE: HOJE SÓ RESTAM RESQUÍCIOS (posto uma imagem clássica: a favela da Catacumba, na Lagoa, Rio, que existiu até 1971; Além
disso, evidente que a situação atual do Rio se deve em muito a perda da
condição de capital, em 1960. Abrimos a matéria com outra foto
histórica, Brasília em construção, as torres do Congresso já prontas ao fundo, em primeiro plano um “acampamento” de candangos [os peões que ergueram a nova capital] só com casas de madeira).
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