quinta-feira, 11 de julho de 2019

Do "Leste" pro "Oeste": quando a linha era municipal

https://omensageiro77.wordpress.com/2016/07/24/de-volta-pro-passado-a-garagem-da-viacao-colombo-anos-80-e-outras-raridades-daquele-tempo/
Imagens pertencentes aos sítios Lexicar (acima) e Revista Portal do Ônibus (abaixo). Créditos mantidos. Visite as fontes.
Local:
Curitiba-PR.
Data:
Década de 90 (ou começo da de 2000).
Viação:
Curitiba.
Carroceria:
Mafersa (Material Ferroviário S.A.) - padrão (alongado).
Motor:
???.
Observações:
Acima em ação, no pé da página outro do mesmo modelo, viação e linha na garagem.


Curitiba, anos 90 (ou começo do novo século). Ligeirinho Mafersa da (extinta) A. V. Curitiba num dos terminais do Eixo Oeste.

A foto foi feita no Campo Comprido ou Campina do Siqueira – provavelmente nesse último.
Leste/Oeste” era o nome da quando ela era municipal, ia do CIC Norte ao Capão da Imbuia.
 
Depois que no ramo leste ela foi estendida pro Term. de Pinhais, passou a se chamar “Pinhais/Campo Comprido”. Duas notas: 
 
1) O ponto final do ramo Oeste continua na estação-tubo CIC Norte, que como o nome indica fica no bairro Cidade Industrial.

Mas como Campo Comprido é o terminal mais próximo (o penúltimo ponto), ele quem nomeia a linha;

2) Curiosamente, essa foi a única linha de Ligeirinho metropolitana que não foi seccionada quando os sistemas municipal e inter-municipal se separaram em 2015.

Foi mantida. As linhas Colombo/CIC, Caiuá/Cachoeira, Barreirinha/São José e Araucária/Centro foram cortadas pela metade (as duas primeiras foram novamente restauradas, as duas últimas ainda não, já explico melhor).

Explico. Até fevereiro de 15, a prefeitura de Curitiba gerenciava também boa parte das linhas metropolitanas. 
 
Aí houve o rompimento. Os roteiros inter-municipais retornaram pro governo do estado. Haviam 4 Ligeirinhos metropolitanos perimetrais (que ligavam partes opostas da metrópole passando pelo Centro).

A Campo Comprido/Pinhais (mostrada aqui, anteriormente chamada ‘Leste/Oeste’), curiosamente, foi mantida intacta. Repetindo, as linhas Colombo/CIC e Caiuá/Cachoeira (então denominada ‘Tamandaré/Fazendinha’) foram seccionadas, mas depois que mudou o prefeito restauradas. 
 
A linha Barreirinha/São José foi seccionada, e até hoje (escrevo em julho de 19) ainda aguarda seu retorno, malgrado promessas em contrário nunca cumpridas. 
 
E uma linha radial (ligava o Centro ao subúrbio), a Araucária/Praça Rui Barbosa, igualmente foi cortada no Terminal Capão Raso (Z/S), e tampouco recuperada.
………

Agora quanto a carroceria: vamos reproduzir aqui alguns dados extraídos da enciclopédia Lexicar (de onde também veio a imagem acima em preto-&-branco).

A Mafersa - Material Ferroviário S.A. -, como o nome indica, começou fabricando vagões de trens. Partiu pra produção de tróleibus em 1985.

Nesse ano a Capital Paulista inaugurou seu maior terminal de ônibus, o de Santo Amaro, na Zona Sul, e o corredor na avenida de mesmo nome que liga o bairro ao Centro. A Mafersa ganhou a concorrência no modal elétrico, e forneceu perto de 80 tróleis pra CMTC (Cia. Municipal de Transporte Coletivo)

A Mafersa tinha unidades em SP Capital, no interior paulista e em Contagem, na Grande Belo Horizonte-MG.

Esse tróleibus foram produzidos em SP, cidade na qual operaram. No fim dos anos 80 e virada pros 90 a Mafersa dá um grande salto: passa a produzir ônibus a dísel, lança uma versão do tróleibus-articulado (que não pegou, não passou do modelo-piloto, alias não há articulados Mafersas nem elétricos nem a dísel) e transfere a produção de carrocerias integralmente pra unidade da Grande BH.

Os ônibus da Mafersa eram revolucionários, pois totalmente adequados ao modelo 'Padrão' ('Padron', no original) que o governo federal na época tentava disseminar nas cidades brasileiras: mais longo, alto, largo, com portas amplas e motor traseiro.

Ademais,  o Mafersa também era monobloco, como os Mercedes-Benz. O que é um 'monobloco'? Geralmente nos ônibus uma fábrica produz o chassi e outra a carroceria – todos já vimos nas estradas os ônibus sem cobertura, indo exatamente receber a carroceria. Portanto são duas peças separadas, dois blocos distintos.

A Mafersa, e também a Mercedes, eram as únicas que produziam tanto chassi quanto carroceria na mesma unidade fabril. Resultando que o ônibus não tinha dois blocos separados, mas era feito por inteiro de uma vez, num único bloco – o 'monobloco'.


A Mafersa pagou o preço de seu pioneirismo. O mercado não estava preparado pra um produto mais moderno e confortável - e por isso um pouco mais caro. Quando no começo dos anos 90 o governo federal cortou o financiamento pra implantação de tróleibus e ônibus a dísel 'padrão', diversas encarroçadoras vieram a pique. A Mafersa foi uma delas. Começou a produzir tróleibus em 1985, e a dísel pouco depois. Em 1995 a firma faliu. 

Uma pena, né? Mas antes disso ela marcou época com seus possantes ônibus, e aqui vai a homenagem. 

Matérias sobre o tema (após as ligações há mais uma imagem, do Ligeirinho na garagem da Auto Viação Curitiba): 
"Deus proverá"
https://omensageiro77.wordpress.com/2015/05/23/leste-norte-oeste-sul-e-boqueirao-onibus-de-curitiba-anos-80/

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