sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Viação Tijuca no congestionamento da Praia da Barra, 7 de Setembro de 20.

 ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"

 Autoria própria. Imagem de livre circulação, desde que os créditos sejam mantidos.

Local:

Rio de Janeiro-RJ.

Data

Foto datada: 07/09/2020, feriado da Independência.

Viação:

Tijuca.

Carroceria:

Torino '6'.

Motor:

Mercedes-Benz.

Observações:

Torino 6' oficialmente é o Torino '2014.

Praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, setembro de 2020. Torino '6' da viação Tijuca já de volta a pintura livre. 

Primeiro falemos do veículo.  O Rio teve a padronização mais breve da história, durou apenas 8 anos, de 2010 a 18. Quando estive na cidade, em 20 como acabei de dizer, estava na época da transição: muitos busos ainda ostentavam a pintura padronizada, mas a volta a pintura livre já avançava.

Esse 'carro', o A50055, é o exemplo. Chegou 0km na pintura padronizada, e após a mudança de legislação ficou um tempo na capital na pintura livre, quando foi clicado. Depois ele foi vendido e circulou na cidade de Paraíba do Sul, no interior do Estado do RJ.

Outro detalhe é que tem ar-condicionado mas as janelas estão abertas. Assim o aparelho não funciona, evidente. Presenciei muito essa situação no Rio e também em Salvador-BA.

Agora o bairro e a praia:

BARRA DA TIJUCA, UM “SUBÚRBIO ESTADUNIDENSE”:

PERTO E LONGE AO MESMO TEMPO –

Praia da Barra, mais democrática no séc. 21.

Até algumas décadas atrás a vida política e econômica do Rio se concentrava ainda no Centro, Zona Sul e nos bairros mais centrais da Zona Norte, ao redor do Maracanã.

Na Zona Oeste já haviam bairros diversos bairros operários e populares as margens do trem de subúrbio que sai da Central do Brasil e da Avenida Brasil.

(Alias a famosa Av. Brasil chegou a ser chamada de BR-01 antes da base de numeração das rodovias federais ser transferida pra Brasília-DF, nos anos 70.)

A orla da Zona Oeste, entretanto, ainda era pouco urbanizada, e certamente bem menos aburguesada.

Segurança particular nos prédios na beira-mar.

Em 1970 ainda haviam chácaras mesmo perto do mar, e poucas casas, quase nenhum prédio alto no bairro.

Quando o fim do século passado foi se aproximando a situação mudou.

A região era pouco urbanizada e não tinha grandes favelas por perto.

Portanto podia ser remoldada mais livremente, o que era impossível na Zona Sul.

Em Copacabana, Ipanema e entorno a densa urbanização, inclusive com ocupações irregulares nas encostas, tornavam impossível “recomeçar do zero”.

Enquanto que na Barra da Tijuca havia mais espaço disponível.

Então a alta burguesia começou a fazer do bairro uma espécie de “subúrbio estadunidense”.

Apenas na Barra as moradias de luxo eram muitas vezes em prédios, e não em casas como nos EUA.

Ressalvada essa diferença, as semelhanças são evidentes. Como já escrevi antes:

O pessoal da elite e alta burguesia escolheu a Barra da Tijuca pra estar distante e próximo do Rio ao mesmo tempo.

Posto 5 em Copacabana, a calçada-símbolo da Zona Sul.

Poder aproveitar ao máximo a extensa vida cultural da cidade, ir a jogos no Maraca.

E ainda assim ficar afastado dos problemas cariocas, não o menor deles a violência.

No começo saiu como o planejado. Mas com a melhoria dos transportes o Rio ‘alcançou’ a Barra, se quiser ver assim.

Hoje, a Praia da Barra da Tijuca é do povão, igual as da Zona Sul.

Posto 8 na Barra: a numeração é diferente, a calçada idem.

Não deu certo a estratégia de se isolar. Deixo pra vocês avaliarem se isso é bom ou ruim. ”

Até os anos 90 o acesso a Barra era bem mais complicado.

Em 1997, no entanto, é inaugurada a Linha Amarela, via expressa unindo as Zonas Norte e Oeste.

A partir daí os trabalhadores do subúrbio começam a passar os domingos também na Praia da Barra, não se restringindo mais a Zona Sul.

Centro fotografado da Ponte Rio-Niterói.

Li na época num jornal de grande circulação nacional que os moradores da Barra apelidaram os suburbanos que vinham compartilhar a praia com eles de “Os Amarelos”.

Fazendo referência claro do caminho que eles utilizavam pra chegar ali.

Com ou sem a pecha, o fato é que a orla da Zona Oeste se tornou mais parecida com a da Zona Sul.

Praia de São Conrado.

E na década de 10 desse século 21 esse processo veio a se acentuar ainda mais.

De 2012 a 16 foram inaugurados os 3 ramais do BRT dos sistema TransCarioca e suas extensões.

Hoje se usa essa sigla, oriunda do idioma inglês (aqui em Curitiba, que criou esse modelo, chamamos de ‘Expresso’).

Jd. de Alá, que divide Ipanema do Leblon.

Nomenclatura a parte, o BRT só foi implantado nas Zona Norte e Oeste, no Centro e na Zona Sul não.

Ainda assim, ele liga de forma rápida e barata as periferias da Z/N e Z/O a orla da Z/O.

Antes pra ir dos distantes subúrbios da Zona Norte era preciso baldear de ônibus várias vezes.

E eles iam parando em todos os pontos.

Arcos da Lapa, no Centro.

A cada baldeação tinha-se que esperar nova condução e pagar nova passagem.

Tornando inviável uma família numerosa do subúrbio ir a orla da Zona Oeste dessa forma.

Com o BRT tudo mudou.

 Articulados vão por pistas exclusivas, quase sem paradas.

Além disso, cruzando as montanhas por túneis.

Joá, foto sobre a Ponte da Joatinga.

Assim e o trajeto é feito em uma hora e pouco, contra quase o dobro disso anteriormente.

Terminais fazem a integração gratuita com alimentadores, agora paga-se somente uma passagem.

Resultado: a Zona Norte e as vilas afastadas da Zona Oeste passaram a ter a Barra como opção de lazer acessível.

“Herbie” está vivo em Copacabana.

Até porque da Z/O (Santa Cruz, Campo Grande, Sepetiba, etc) é bem mais perto ir a B. da Tijuca que a Zona Sul.

Passei o feriadão de 7 de Setembro (de 2020, exatamente dois anos antes desse texto ser publicado) na Barra da Tijuca.

Nas areias da praia que um dia foi um retiro pros que têm conta bancária mais alta hoje se ouve muito ‘funk’, exatamente como em Copacabana e Ipanema.

O Brasil é um só: ‘funk’ e favelas no Nordeste, bem como ‘funk’ e favelas no Sul. O Rio também é um só.


Moderno VLT no Centro do Rio de Janeiro, 2020.

Publiquei matéria específica sobre esse tema. Além dessa radiografia do presente, traço uma perspectiva histórica do século 20, com ênfase especial dos anos 70 pra cá:

- O TRANSPORTE NO RIO: BONDE ANTIGO, BONDE MODERNO (VLT), AMPLA REDE DE TRENS DE SUBÚRBIO, METRÔ, BARCAS, POUCOS ARTICULADOS E CORREDORES:

TELEFÉRICOS, BI-ARTICULADOS E PADRONIZAÇÃO DE PINTURA VIERAM MAS DURARAM POUCO (outubro de 2021) –

CONFIRA A SÉRIE SOBRE O RIO DE JANEIRO:

RIO 40º: CAPITAL DO MELHOR E DO PIOR DO BRASIL (setembro de 2022)

Abordando a tentativa da burguesia de se isolar num “subúrbio a estadunidense” na Barra da Tijuca – até os anos 90 deu certo, com a melhoria dos transportes que falamos em outro texto não mais.

E também do processo de remoção das favelas da Zona Sul no início do regime militar – igualmente começou com grande fôlego mas por diversos fatores foi interrompido.

Uma das que seriam retiradas seria a do Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, na divisa de Copacabana e Ipanema. Como você vê ao lado, não deu certo.

Conto a origem do nome de algumas favelas, inclusive a mais antiga do Brasil, o Morro da Providência no Centro, e mais o Chapéu-Mangueira no Leme/Copacabana, quase a beira-mar na Zona Sul.

Falo ainda do “TeteCá”, a “língua” inventada no RJ que inverte a ordem das sílabas, da pichação de muros, e mais.

 

021: A CIDADE É MARAVILHOSA MAS . . .  SE LIGA MEU IRMÃO!!!

Que a situação está complicada e de forma multi-dimensional não é segredo pra ninguém. Não o menor dos problemas é a violência urbana, evidente. Faço uma breve retrospectiva histórica mostrando as origens dessa triste situação.

 
Uma cidade ocupada militarmente, foi o que vi em setembro/2020. A impressão é que havia desembarcado em Bagdá/Iraque ou Cabul/Afeganistão. Relato com muitas fotos de uma realidade impressionante.


Outras postagens sobre o mesmo tema:

- CAPELINHA: RIO, SP, B.H., BELÉM E POA; PLACA NO ALTO: ESTAMOS NO SUDESTE

Quem tem perto de 40 (escrevo em 2021) vai lembrar quem em muitas cidades antigamente os busos tinham ‘capelinhas’ – letreiro menor no teto pro nº da linha. Muito comum no Rio e SP, sendo que no rio quase oni-presente até os anos 80 e começo dos 90.

rj-ctc-metro
CTC-RJ, anos 80 - com capelinha.

Mostra o Sudeste e mais Belém-PA, Porto Alegre-RS e até Brasília-DF (onde houve esse apetrecho em maior escala), além de dar um panorama global.

Falo também de um costume, nos anos 70 e 80 típico do Sudeste Brasileiro e também presente no Chile e Argentina: pôr a chapa na grade de respiração do motor, e não no espaço próprio pra isso no para-choques.

- DEUS É UM CARA GOZADOR E ADORA BRINCADEIRAS (mostro situações irônicas nos ônibus, e no caso do Rio abordo o sistema de Expressos e alimentadores do Trans-Carioca; também flagrei e relato curiosidades em Atibaia-SP, na Argentina e na Paraíba)
  

- DO 'FAIXA AZUL' AO FAIXA PRETA': OS VOVOS DO SÉCULO 20 (Centrado mais nos caminhões, mas falamos também dos ônibus, um pouco do Brasil - ali está postada a foto que viram no topo da página - e especialmente do Peru)


- "SÉCULO 20: 'AZULÃO EM CURITIBA SÓ NO METROPOLITANO; E "VOLVO ERA VOLVO..." 
Aqui o foco é o transporte coletivo; abordo também o fato que Curitiba só foi ter ônibus azuis municipais em 2011, antes não.
E os azuis são bi-articulados  - o que nos leva as seguintes matérias:


Aqui retrato a história do modal ‘Expresso’, desde sua criação em 1974Você sabe quantas cores o Expresso já teve em CuritibaForam 4, começou vermelho, já tentaram fazer Expressos laranjascinzas e azuismas sempre voltam a ser vermelhos.

(Radiografia completa, desde a implantação dos 'Expressos' nos anos 70, o começo dos articulados em 1981, massificação dos articulados em 1987/88, e chegada dos bi-articulados nos anos 90)

ANTES & DEPOIS: FROTA PÚBLICA DE CURITIBA: Antes dos bi-articulados. Mas retrata o momento que Curitiba passou de alguns poucos articulados, perto de ou mesmo menos de 10 (com uma só sanfona) pra várias dezenas deles. Entre 1987 e 88, a prefeitura encomendou 88 articulados, que vieram pintados de laranja. O busólogo curitibano Osvaldo Teodoro Born fez um excelente trabalho de mostrar cada um deles, em sua página ‘A Folha do Omnibus‘. Usei seu trabalho como base pra fazer uma matéria em minha página, acrescentando mais fotos e informações. 

Sobre São Paulo:

-  SP: A REVOLUÇÃO NO TRANSPORTE  - Nessa aqui falamos também de Campinas, e seus bi-articuladosEvidente que as coisas estão longe de serem perfeitas. Mas comparando ao que era até os anos 90 o transporte público em SP melhorou muitoSomando as redes de metrô e trem suburbano - e precisa somar, pois você acessa ambas pagando uma só passagem - a rede sobre trilhos na Grande SP já iguala o metrô de Nova Iorque/EUA. Os ônibus paulistanos igualmente mudaram da água pro vinho, mesmo que ainda haja espaço pra melhorar bem mais 

Bi-articulado Caio no Brooklin, SP, 2014.
 
Essa focando mais especificamente nos ônibus como o nome indica.
 
Abordando a pintura livre (até 1978).
 
E também as padronizações do transporte paulistano:
 
'Saia-&-Blusa' (78-92, como dito), 'Municipalizado' (1992-2003) e 'Inter-Ligado' (2003-presente)




O melhor e o pior do Brasil, a poucas quadras de distância um do outro. O Centrãoque está com muitos moradores de rua e diversos outros problemas típicos de uma metrópole desse porte;

E ali do ladinho a “Cidade Verde”, os Jardins, a Paulista, Higienópolis, e o começo das Zonas Oeste e Sul, região que ao lado da Orla do Rio é onde mais concentra elite e alta burguesia no Brasil. Além disso, um dos pontos positivos é exatamente a melhora do transporte, fotografei vários bi-articulados paulistanos em ação.
 
"Deus proverá"

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