ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"
Origem da imagem: internet. Placas de Ponta Grossa-PR.
A
FNM, conhecida na boca do povo como ‘FeNeMê’, foi a primeira
fabricante de caminhões do Brasil.
Mais
que isso, a primeira indústria automobilística nacional, incluindo
todos os modais de veículos.
A
companhia montava
no Brasil sob licença caminhões e ônibus das marcas italianas
Alfa-Romeu e Fiat
(Iveco). Tinha
sua unidade fabril em Duque de Caxias, no Grande Rio.
Vamos
reproduzir aqui algumas informações obtidas na página
da Fenemê da enciclopédia Lexicar.
Foi
fundada em 1942, em plena 2ª Guerra Mundial, ainda na era Vargas. A
ideia inicial é que a FNM produzisse motores de aviões, pra ajudar
no esforço bélico. Mas
em 1945 acabam tanto a 2ª Guerra quanto o governo de Getúlio. Resultando
que o projeto de ser uma fábrica de aviões é abandonado.
A
FNM entra num período de indefinição. Pensaram em vender a
companhia. Mas
houve forte oposição a ideia, assim por hora descartada. Pra
não ficar ociosa, ela começa a fabricar diversos produtos, de
geladeiras a tratores.
Em
1949 a Fenemê passa a produzir caminhões, sendo então a 1ª
montadora automobilística brasileira,
enfatizando de novo. A
FNM importava desmontados os caminhões, de uma montadora italiana
chamada Isotta Fraschini. E os montava no Brasil.
Mas
no mesmo ano de 1949 a Isotta fecha as portas na Itália, deixando o
ramo automobilístico (Nota:
ao qual voltaria na década de 60, mas aí a FNM brasileira já não
entra na história).
Então
falemos dos Fenemês, pois é pra isso que estamos aqui. O
FNM
7300 foi
o
1º
veículo produzido em escala industrial no Brasil. Era
‘bicudo‘
(motor saltado a frente da cabine). O
modelo ‘cara-chata’, que caracterizou toda história da FNM, só
viria no ano seguinte, em 1950. Com
a saída de cena da Isotta, em
1950 a FNM assina o contrato com a Alfa-Romeu, que é uma montadorada mesma forma italiana como é domínio público (Outra
coisa, óbvio que no original é ‘Alfa-Romeo’, é que eu
traduzo tudo pro português).
Seja
como for, no início, os caminhões eram importados prontos porém
desmontados da Itália. E
apenas montados aqui. Tudo vinha de fora, inclusive os pneus. A
partir de 1953 começa o processo gradual de nacionalização: as
peças que já eram produzidas no Brasil eram compradas de produtores
nacionais. Assim
se atinge o índice de 45% de nacionalização, incentivando a
indústria brasileira.
No
meio dos anos 50 a Fábrica Nacional de Motores faz nova tentativa de
produzir tratores. E
no começo dos anos 60 passa a fabricar automóveis. Ambas
as iniciativas não renderam os resultados almejados e foram
abandonadas.
A
partir de 1964, com o início do regime militar, a FNM entra num
período de incertezas. Correntes
contrárias tentam impor a solução que cada uma delas almeja: de
um lado há os que querem fortalecer a companhia, esses são os
nacionalistas; Enquanto
que outro grupo que só via o viés econômico tenta privatizar a
fábrica. A
princípio os nacionalistas levam a melhor: em
1965 o índice de nacionalização dos componentes atinge
praticamente 97% das peças
(93% do valor agregado).
Em
1968, no entanto, a FNM é privatizada. A Alfa-Romeu assume o capital
quase integral da cia., mais precisamente 94% –
o governo federal mantém 6%. O
valor do negócio foi muito baixo, apenas 36 milhões de dólares pra
que era a maior fabricante de caminhões do Brasil. Fora
muitas facilidades fiscais e alfandegárias, e pagamento a prazo, com
carência de 2 anos pra primeira parcela. Segundo
alguns, o governo brasileiro simplesmente ‘se livrou’ da Fábrica
Nacional de Motores, praticamente
“doando-a” a uma trans-nacional, acusam essas vozes.
Seja
como for, em 1972, a Alfa-Romeu apresenta duas grandes novidades nos
seus caminhões FNM: 1)
A
carreta com 4 eixos
(2
deles sob a cabine), que permite o transporte de 27 toneladas. Uma
solução de engenharia corriqueira na Itália, mas inédita no
Brasil;
2)
Após
muitas décadas, enfim os caminhões F.N.M.’s ganham nova cabine. Digo,
“nova” de forma relativa. O novo do Brasil era algo já
descartado na Europa. A
cabine que passou a equipar os Fenemês havia sido usada na Itália
entre 1958 e 64. Portanto
estava em desuso a 8 anos na matriz, mas foi ressuscitada aqui.
A
grande novidade é a seguinte: A
partir da adoção desse novo desenho, todos os caminhões FNM passam
a contar com cabine estendida.
Em
1973, nova reviravolta. A Fiat assume 43% do capital da FNM. Se
vai o tradicional logotipo da Fenemê, que fora inspirado no da
Alfa-Romeu. Entre
73 e 77, os caminhões são anunciados como Fiat/FNM. Porém
em 1976 a Fiat assume a totalidade das ações da Alfa na Fábrica
Nacional de Motores, passando ela, a Fiat, a ter 94% da empresa
– o
governo brasileiro ainda permanece com 6%. Assim
a partir de 77 desaparece qualquer referência a F.N.M. . Os
veículos passam a ser assinados somente como “Fiat”.
O
tempo passa, e em 1985 a Fiat decide encerrar a produção de
veículos pesados em solo brasileiro. É
o fim da Saga da Fábrica Nacional de Motores, que se iniciara nos
anos 40.
Posteriormente,
após o encerramento das atividades da FNM, o mesmo barracão que a
sediou abrigou a Ciferal (Cia. Industrial de Ferro e Alumínio). Depois
a Ciferal também veio a pique, e foi comprada pela Marcopolo.
Confira matéria completa sobre a Fenemê, com dezenas de fotos, inclusive dos caminhões Fiat no Brasil e exterior:
Outras
matérias sobre o tema:
- TEM QUE VER PRA CRER: SEGUE A 'TRANSGENIA AUTOMOTORA' (Mostramos os 'Papa-Filas' em diversos países, aquela transgenia entre caminhão-carreta e ônibus - no Brasil a maioria dos Papa-Filas era Fenemê);
"A ESTRELA BRILHA" - (sobre os caminhões Mercedes-Benz, obviamente, que foi a líder do mercado brasileiro por décadas);
"É UM SCANIA": QUEM OUVIU O RONCO DESSE BICHÃO JAMAIS ESQUECE
(A Mercedes foi líder sim, mas de caminhões pitocos. Entre as carretas quem era o ‘Rei da Estrada’ era Scania);
Além disso, segundo me informaram (não sei se é verdade, mas é verossímil) até pouco tempo atrás quando ainda víamos com frequência alguns Fenemês na pista, o Paraná era o estado do Brasil que mais Amava os F.N.M.'s, e que por isso era o que mais tinha caminhões Fenemês em todo o Brasil. Assim, emendo aqui a matéria sobre PG (embora nela eu não lado dos Fenemês):
"Deus proverá"
Nenhum comentário:
Postar um comentário