terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Fenemê, o Pioneiro dos Pioneiros



Origem da imagem: internet. Placas de Ponta Grossa-PR.

A FNM, conhecida na boca do povo como ‘FeNeMê’, foi a primeira fabricante de caminhões do Brasil.

Mais que isso, a primeira indústria automobilística nacional, incluindo todos os modais de veículos.

A companhia montava no Brasil sob licença caminhões e ônibus das marcas italianas Alfa-Romeu e Fiat (Iveco). Tinha sua unidade fabril em Duque de Caxias, no Grande Rio.

Vamos reproduzir aqui algumas informações obtidas na página da Fenemê da enciclopédia Lexicar.

Foi fundada em 1942, em plena 2ª Guerra Mundial, ainda na era Vargas. A ideia inicial é que a FNM produzisse motores de aviões, pra ajudar no esforço bélico. Mas em 1945 acabam tanto a 2ª Guerra quanto o governo de Getúlio. Resultando que o projeto de ser uma fábrica de aviões é abandonado.

A FNM entra num período de indefinição. Pensaram em vender a companhia. Mas houve forte oposição a ideia, assim por hora descartada. Pra não ficar ociosa, ela começa a fabricar diversos produtos, de geladeiras a tratores.

Em 1949 a Fenemê passa a produzir caminhões, sendo então a 1ª montadora automobilística brasileira, enfatizando de novo. A FNM importava desmontados os caminhões, de uma montadora italiana chamada Isotta Fraschini. E os montava no Brasil. 

Mas no mesmo ano de 1949 a Isotta fecha as portas na Itália, deixando o ramo automobilístico (Nota: ao qual voltaria na década de 60, mas aí a FNM brasileira já não entra na história).

Então falemos dos Fenemês, pois é pra isso que estamos aqui. O FNM 7300 foi o 1º veículo produzido em escala industrial no Brasil. Era ‘bicudo‘ (motor saltado a frente da cabine). O modelo ‘cara-chata’, que caracterizou toda história da FNM, só viria no ano seguinte, em 1950Com a saída de cena da Isotta, em 1950 a FNM assina o contrato com a Alfa-Romeu, que é uma montadorada mesma forma italiana como é domínio público (Outra coisa, óbvio que no original é ‘Alfa-Romeo’, é que eu traduzo tudo pro português).

Seja como for, no início, os caminhões eram importados prontos porém desmontados da Itália. E apenas montados aqui. Tudo vinha de fora, inclusive os pneus. A partir de 1953 começa o processo gradual de nacionalização: as peças que já eram produzidas no Brasil eram compradas de produtores nacionaisAssim se atinge o índice de 45% de nacionalização, incentivando a indústria brasileira.

No meio dos anos 50 a Fábrica Nacional de Motores faz nova tentativa de produzir tratores. E no começo dos anos 60 passa a fabricar automóveisAmbas as iniciativas não renderam os resultados almejados e foram abandonadas.

A partir de 1964, com o início do regime militar, a FNM entra num período de incertezas. Correntes contrárias tentam impor a solução que cada uma delas almeja: de um lado há os que querem fortalecer a companhia, esses são os nacionalistas; Enquanto que outro grupo que só via o viés econômico tenta privatizar a fábrica. A princípio os nacionalistas levam a melhor: em 1965 o índice de nacionalização dos componentes atinge praticamente 97% das peças (93% do valor agregado).

Em 1968, no entanto, a FNM é privatizada. A Alfa-Romeu assume o capital quase integral da cia., mais precisamente 94% – o governo federal mantém 6%. O valor do negócio foi muito baixo, apenas 36 milhões de dólares pra que era a maior fabricante de caminhões do Brasil. Fora muitas facilidades fiscais e alfandegárias, e pagamento a prazo, com carência de 2 anos pra primeira parcela. Segundo alguns, o governo brasileiro simplesmente ‘se livrou’ da Fábrica Nacional de Motores, praticamente “doando-a” a uma trans-nacional, acusam essas vozes.

Seja como for, em 1972, a Alfa-Romeu apresenta duas grandes novidades nos seus caminhões FNM: 1) A carreta com 4 eixos (2 deles sob a cabine), que permite o transporte de 27 toneladasUma solução de engenharia corriqueira na Itália, mas inédita no Brasil;

2) Após muitas décadas, enfim os caminhões F.N.M.’s ganham nova cabineDigo, “nova” de forma relativa. O novo do Brasil era algo já descartado na Europa. A cabine que passou a equipar os Fenemês havia sido usada na Itália entre 1958 e 64Portanto estava em desuso a 8 anos na matriz, mas foi ressuscitada aqui. 

A grande novidade é a seguinteA partir da adoção desse novo desenho, todos os caminhões FNM passam a contar com cabine estendida.

Em 1973, nova reviravolta. A Fiat assume 43% do capital da FNM. Se vai o tradicional logotipo da Fenemê, que fora inspirado no da Alfa-Romeu. Entre 73 e 77, os caminhões são anunciados como Fiat/FNMPorém em 1976 a Fiat assume a totalidade das ações da Alfa na Fábrica Nacional de Motores, passando ela, a Fiat, a ter 94% da empresa o governo brasileiro ainda permanece com 6%. Assim a partir de 77 desaparece qualquer referência a F.N.M. . Os veículos passam a ser assinados somente como “Fiat”.

O tempo passa, e em 1985 a Fiat decide encerrar a produção de veículos pesados em solo brasileiro. É o fim da Saga da Fábrica Nacional de Motores, que se iniciara nos anos 40.

Posteriormente, após o encerramento das atividades da FNM, o mesmo barracão que a sediou abrigou a Ciferal (Cia. Industrial de Ferro e Alumínio). Depois a Ciferal também veio a pique, e foi comprada pela Marcopolo. 

Confira matéria completa sobre a Fenemê, com dezenas de fotos, inclusive dos caminhões Fiat no Brasil e exterior:


 Outras matérias sobre o tema: 

A imagem que ilustra a matéria tem um caminhão emplacado em Ponta Grossa, como dito acima. Essa é uma cidade-polo do transporte graneleiro, que portanto gosta muito de caminhões. 

Além disso, segundo me informaram (não sei se é verdade, mas é verossímil) até pouco tempo atrás quando ainda víamos com frequência alguns Fenemês na pista, o Paraná era o estado do Brasil que mais Amava os F.N.M.'s, e que por isso era o que mais tinha caminhões Fenemês em todo o Brasil. Assim, emendo aqui a matéria sobre PG (embora nela eu não lado dos Fenemês):


"Deus proverá" 

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