domingo, 29 de agosto de 2021

Trovão Azul, Alma Imortal: o que é bom nunca acaba

 

Origem da imagem acima: internet (a ficha abaixo é referente a ela). As demais: Memória Gaúcha, Ônibus Brasil, Campinas de Antigamente, Buses Joyas (Chile). Créditos mantidos. Visite as fontes.
Local:
São Paulo-SP.

Data

2ª metade da década de 80.

Viação:

CMTC - Cia. Municipal de Transportes Coletivos, estatal. Já extinta.

Carroceria:

Caio Amélia 'padrão' (alongado).

Motor:

Volvo.

Observações:

Foto na Zona Leste. Atrás um Fusca, ainda o carro mais vendido da história da Terra (sem considerar 'malabarismos estatísticos' que colocam outros nomes com vendagem supostamente maior).

Zona Leste de São Paulo, final dos anos 80. Saudosa viação CMTC, privatizada em 1994. Caio Amélia Volvo 'padrão' (alongado, portas largas) cumpre a icônica linha 1178-São Miguel/Correio, que liga o bairro de São Miguel Paulista ao Centro.

Grande Porto Alegre, anos 90.

Na também icônica pintura da CMTC de São Paulo entre fim dos  anos 70 e quase toda década de 80 que ficou conhecida como "Trovão Azul".

O fundo branco e na parte inferior da lataria duas faixas em azul, a mais escura por baixo.

Tão famosa que foi copiada em todas as regiões do Brasil.

De forma idêntica ou com pequenas modificações, houveram pinturas-espelho em (pelo menos):

Campinas e na Baixada Santista, ambas no Estado de SP e portanto no Sudeste, é claro;

Grande Porto Alegre (Sul do Brasil);

Manaus, já no século 21.

Grande Brasília (Centro-Oeste);

Manaus (região Norte);

Caruaru-PE (no Nordeste)

Ou seja, nas 5 regiões do Brasil. Parafraseando uma propaganda “daquele tempo”:

O Trovão Azul “não é ‘Hollywood’ mas é o sucesso“. E que sucesso!!!

Resumindo, nos fim dos anos 80 desaparece de sua versão original, em São Paulo.

Cubatão, Baixada Santista, anos 80.

Só que ressurge na Grande Porto Alegre-RS nos anos 90. Novamente desaparece.

Entretanto novamente reaparece em Manaus-AM nos anos 2000 (1ª década do novo milênio), do outro lado da nação-continente.

O Trovão Azul é uma Fênix. Uma lenda, que transcende as barreiras das Leis que regem a matéria.

Além das homenagens mais distantes, tanto no tempo quanto no espaço, temos as mais próximas:

Enquanto ela ainda estava ativa na capital paulista, já haviam clones ali pertinho, em Campinas e na Baixada Santista.

Campinas, anos 80.


Que são como todos sabem a maior cidade interior e do litoral paulista, respectivamente..

 Parafraseando uma propaganda “daquele tempo”:

O Trovão Azul “não é ‘Hollywood’ mas é o sucesso“. E que sucesso!!!

.........

Essa decoração foi criada pelo prefeito Reinaldo de Barros (79-82), que também implantou a padronização 'Saia-&-Blusa' pras viações particulares

Brasília e Entorno, anos 90

A gestão Mário Covas (83-85) não alterou a pintura dos ônibus, nem da frota pública tampouco da particular.

A seguir Jânio Quadros (86-88) extinguiu o ‘Trovão Azul’ (mantendo o ‘Saia’ pros ônibus privados).

Porém levou um certo tempo até re-pintar toda a frota, e não é pra menos.

Eram quase 3 mil ônibus somente na CMTC, em diversos padrões de pintura, a maior parte deles estava nessa configuração.

O “Trovão Azul”, assim, existiu na capital paulista em todo os anos 80, e nos anos 90 desapareceu.

Desapareceu de São Paulo, apenas pra re-surgir em outras duas capitais do país, em lados diametralmente opostos: Manaus e na Grande Porto Alegre.

Nos anos 90 a viação Sete de Setembro de São Leopoldo adotou exatamente a mesma pintura “Trovão Azul pra caracterizar sua frota.

Caruaru-PE.

(Como sabem, ‘São Léo’ é um município do Vale dos Sinos, na Zona Norte metropolitana da capital gaúcha).

Veio a virada do milênio, e a Sete de Setembro achou que o ciclo estava encerrado.

Mudou a pintura pra outro padrão. O “Trovão Azul” morreu novamente.

Como um Lázaro de força dobrada, ele renasceu ainda mais uma vez, agora em Manaus, na outra ponta dessa nação-continente.

Dessa vez, numa empresa de fretamento, não de transporte urbano regular. Não importa. Ainda é um ônibus pintado praticamente igual.

Não precisa teste de DNA, basta olhar pra ver que o “Trovão Azul” paulistano é o pai do manauara.

De volta a SP, 2 velhos tróleibus.

Perdurou toda a primeira década do milênio, de forma que pude ver com meus próprios olhos quando visitei o Amazonas, em 2010:

A 4 mil quilômetros de onde surgiu, e mais de duas décadas depois de ter sido extinto na origem, lá estava o Trovão Azul ao vivo e a cores na minha frente, de novo.

O que é bom definitivamente nunca tem fim. Alma Imortal é isso e não há outro. Vence o tempo e o espaço.

Agora o Trovão Azul se encerrou novamente. Até onde sei não há nenhuma empresa com essa pintura atualmente.

Por hora. Como o Sol após o anoitecer, ele está só descansando. Será?

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Confira reportagem completa:

Ônibus-Zepelim em Belém do Pará.
 
Reformei a postagem, mostrando diversos exemplos de manifestações que se encerraram apenas pra retornarem décadas depois: o restaurante dentro do avião, o táxi-Fusca, pinturas-protóptipo e as janelinhas ovais sobre a porta da Caio, até o famoso Zepelim entrou na história.

Pois ideias são atemporais, já que são Energia. Energia nunca morre.

Mais matérias sobre  São Paulo/Capital:


NO NINHO DAS COBRAS (janeiro/16) – É o Butantã, Zona Oeste, óbvio. Nomeia o famoso ‘Instituto Butantan’, aquele que produz soros anti-ofídicos e vacinas. Dessa vez não visitei o Instituto. O foco da matéria é retratar um pouco do bairro, a Vila Gomes e Jd. Bonfiglioli,

 
Segura essa: no Chile também teve capelinha!

- CAPELINHA: RIO, SP, B.H., BELÉM E POA; PLACA NO ALTO: ESTAMOS NO SUDESTE

Quem perto de 40 (escrevo em 2021) vai lembrar quem em muitas cidades antigamente os busos tinham ‘capelinhas’ – letreiro menor no teto pro nº da linha.

Mostra o Sudeste e mais Belém-PA, Porto Alegre-RS e até Brasília-DF (onde houve esse apetrecho em maior escala), além de dar um panorama global.

Falo também de um costume, nos anos 70 e 80 típico do Sudeste Brasileiro e também presente no Chile e Argentina: pôr a chapa na grade de respiração do motor, e não no espaço próprio pra isso no para-choques.

SP:A REVOLUÇÃO NO TRANSPORTE - Evidente que as coisas estão longe de serem perfeitas. Mas comparando ao que era até os anos 90 o transporte público em SP melhorou muito. Somando as redes de metrô e trem suburbano - e precisa somar, pois você acessa ambas pagando uma só passagem - a rede sobre trilhos na Grande SP já iguala o metrô de Nova Iorque/EUA. Os ônibus paulistanos igualmente mudaram da água pro vinho, mesmo que ainda haja espaço pra melhorar bem mais. 

- 'SAIA-&-BLUSA': OS ÔNIBUS PAULISTANOS (1978-1991): Essa focando mais especificamente nos ônibus como o nome indica, abordando a pintura livre (até 1978) e as padronizações 'Saia-&-Blusa' (78-92, como dito), 'Municipalizado' (1992-2003) e 'Inter-Ligado' (2003-presente).


- "CAMALEÃO" 8000 DA CMTC: O 1º TRÓLEIBUS-ARTICULADO DO BRASIL TEVE 2 CARROCERIAS, 6 PROPRIETÁRIOS, 7 (OU 9?) PINTURAS E & NUMERAÇÕES - Fabricado em 1985, saiu de circulação em 2012. Começou Caio e foi re-encarroçado Marcopolo. Comprado estatal, foi privatizado. Iniciou a operação na Zona Leste, foi pra Zona Sul, voltou pra Z/L, de novo pra Z/S, e como o bom filho a casa torna, retornou mais um vez pra Z/L. Ficou sem placa por 15 anos aproximadamente (até a virada do milênio tróleibus em SP e várias outras cidades não eram emplacados), começou na lona, ganhou letreiro eletrônico mas nos fim retornou a lona, ganhou ar-condicionado e portas elevadas a esquerda. Enfim, o bichão é um museu-vivo do transporte paulistano - alias hoje é exatamente isso que ele é, um ônibus-museu - se houvesse espaço, ele estaria no 'Museu da CMTC' aqui retratado.

 
Matéria-portal sobre SP, onde estão ancoradas as outras reportagens que já fiz sobre a cidade. Retratei partes das Zonas Central (o Centrão mesmo e o vizinho Bom Retiro) e Sul (Brooklin e Planalto Paulista). Na Zona Sul dois bairros de classe média-alta – dessa vez, não fui a periferia.
 Falo um pouco da modernização do transporte igualmente.

- "PIXAI POR NÓIS" - A MARGINAL TIETÊ E A DUTRA - Breve ensaio fotográfico na Marginal Tietê e comecinho da Dutra. Portanto pegando as Zonas Central e Norte – inclui algumas tomadas no subúrbio metropolitano de Guarulhos.

“Deus proverá”

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