domingo, 13 de junho de 2021

Tatuquara, Zona Sul: o Terminal que não é terminal (já vi esse filme)

situação tensa: onda de invasões no Extremo Sul continua

 ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"

Autoria própria. Imagens de livre circulação, desde que os créditos sejam mantidos.

Local:

Curitiba-PR.

Data

05/2021.

Viação:

Redentor.

Carroceria:

Caio Apache '4' articulado

Motor:

Mercedes-Benz, traseiro.

Observações:

Primeiro dia útil de operações do Terminal Tatuquara.

 
 
Tatuquara, Zona Sul de Curitiba, maio de 2021. É surreal, mas é real. Depois de um longo atraso – em vários sentidos da palavra – em 29/05/2021 enfim foi inaugurado o Terminal do Tatuquara, populoso bairro da Zona Sul como todos sabem.
 
No entanto foi inaugurado errado. Totalmente errado. Não agregou novas opções de integração. Simplesmente as linhas que passavam perto agora entram no terminal. Resultado? Está vazio.
 
Não há alimentadores exclusivos desse terminal que sirvam as vilas da região nem linhas troncais pro Centro.

No mínimo teria que haver uma linha Tatuquara/Pinheirinho Direto, sem paradas fora desses 2 terminais. Tampouco há. Não se criaram novas opções de integração. Nem se ganhou tempo pra chegar ao Pinheirinho ou – que seria o ideal – direto aos bairros mais centrais. Sendo assim, o Tatuquara não é um terminal, é somente um ‘ponto de parada de luxo’.

Estive no local logo no primeiro dia útil de operações, em 31 de maio de 2021, e comprovei os fatos. O que foi entregue não foi o que a prefeitura prometeu.

Em inúmeras oportunidades foi dito, o próprio prefeito Rafael Greca empenhou a palavra dele várias vezes, que “não seria mais preciso passar pelo Pinheirinho“.

Foi propalado com alarde repetidamente que todas as linhas da regional Tatuquara (que inclui os bairros Campo de Santana e Caximba) se tornariam alimentadoras do Terminal Tatuquara.

Não foi cumprido. E as pessoas percebem isso. O terminal estava vazio, e não, não era porque era o primeiro dia útil de operação. E sim porque ele não oferece as vantagem aos usuários que foram pomposamente anunciadas.
 

Uma passageira que estava na linha Rio Bonito definiu assim: “É só pra dizer que tem terminal, porque na verdade ficou só como um ponto a mais. Não entrou nenhum ônibus novo“.

Caso a prefeitura não corrija e faça do Tatuquara um terminal de verdade, com alimentadores que só parem nele e troncais pros bairros e terminais mais centrais, ele continuará com movimento baixíssimo.

Já vi isso acontecer antes. Uma vez aqui na Grande Curitiba mesmo, em 2009 no Terminal Roça Grande em Colombo, e outra em Florianópolis-SC, em 2003.
 

Faziam nada menos que longos 22 anos que o município de Curitiba não ganhava um terminal de ônibus. O último fora o Caiuá, no CIC (Zona Oeste), que passou a operar em 1999, no milênio passado ainda.

Então esse é um sentido que o Tatuquara demorou pra ficar pronto. Mais de 2 décadas é muito tempo pra uma cidade que não tem nenhuma opção sobre trilhos (nem metrô, tampouco trem ou VLT).

Curitiba aposta todas as suas fichas no modal do ônibus. Mais: com exceção de umas pouquíssimas linhas, essa cidade não tem integração digital, no cartão. Só existe integração física, nos terminais.

Sendo assim, a rede tem que ser ampliada com novos terminais. Mas levou 22 anos pra isso acontecer, e quando aconteceu aconteceu errado (pelo menos por enquanto).

Não foi isso que a prefeitura prometeu. Desde que o Terminal do Tatuquara começou a ser licitado, em 2018, a Urbs assegurou que haveria linhas troncais e alimentadoras.

O que deveria ter sido feito? Uma linha troncal e direta, sem paradas, de preferência até do Tatuquara até o Centro. Mas no mínimo até o Terminal Pinheirinho, ou um tubo da Linha Verde próximo. Onde as pessoas pegariam o Ligeirão (‘BRT’, como agora é chamado pela sigla em inglês) e seguiriam a Zona Central de forma rápida.

Aí as linhas que vão pro Campo de Santana e Caximba (além da V. Tupi em Araucária) deveriam ter sido seccionadas no Tatuquara. Me refiro aos alimentadores Rio Bonito/Pinherinho, Rio Bonito/CIC, Pompéia/Janaína, Rurbana (antiga Pompéia/Rurbana), Caximba/Olaria e Tupi/Juliana (essa última entra em Araucária; no horário de pico há um reforço, a V. Juliana, que faz o mesmo trajeto até a divisa mas não a cruza, o ponto final é na beira do Rio Barigüi que separa os 2 municípios).

Nenhuma linha teve seu trajeto seccionado no Term. Tatuquara, pra ser alimentadora exclusiva desse. Do jeito que está o Tatuquara não é um terminal, e sim um empolado e exagerado ponto de parada.

Igual ocorreu em Colombo, na Zona Norte da Grande Curitiba. O Terminal Roça Grande (esq.) foi inaugurado em 2009, igualmente só como um exótico ponto de parada.

As linhas que passavam em frente passaram a entrar nele, mas não haviam opções relevantes de integração. Ficava vazio, todo mundo viu que não tinha utilidade. Levaram 7 anos pra corrigir.

Da mesma forma em Florianópolis, em 2003: havia um terminal que era só um ponto de parada das linhas que passavam em frente a ele, não tinha linhas alimentadoras nem troncais

E nesse caso não houve correção, esse – o Term. Saco dos Limões, na Ilha – e outros 2 terminais no Continente – Capoeiras e Jd. Atlântico – eram redundantes e tiveram vida curta, duraram poucos meses e encerraram as atividades.

 ........

Ver que o terminal não funciona como devia foi triste. Não foi, porém, o único choque da ida a Extremidade da Zona Sul.

Já no bairro do Tatuquara mas antes do terminal constatei uma invasão surgindo. E bem grande, já deve estar perto de mil famílias.

 

Matérias sobre a região, as Zonas Sul e Oeste de Curitiba, que vêm passando pela onda de invasões.

- TATUQUARA, ZONA SUL: O TERMINAL QUE NÃO É TERMINAL - Radiografia completa do que foi resumido acima, o funcionamento errôneo do terminal e a invasão. 

- A CURITIBA QUE NÃO SAI NA T.V.: COMPLEXO DA CAXIMBA, PONTA DA EXTREMIDADE SUL (Mostro a situação do bairro, que teve grande invasão em 2010, bastante ampliada desde então. Com uma pincelada no transporte coletivo).

Buraco do Tatu(setembro de 2014): bem-vindo a Extremidade Sul da cidade, o bairro do Tatuquara. Pra quem não conhece Tupi-Guarani, "Quara" significa 'buraco'. E 'Tatu' é tatu mesmo.

Expresso do Ocidente: Caiuá e imediações – CIC, S. Miguel e Augusta (junho de 2019).

Em 2015 houveram 3 invasões-gêmeas na divisa entre o CIC e o São Miguel. Estive lá pra documentar. Em maio de 19 retornei novamente munido de câmera pra acompanharmos como está a situação (ao lado). A região ganhou notoriedade nacional quando em dezembro de 18. Na ocasião um incêndio criminoso destruiu 300 casas na favela, como vocês devem ter visto na mídia.

Curitiba Cresce pro Sul (mais uma compilação de material, publicado entre 2010 e 2014):

A Zona Sul tem 37,5% da população de Curitiba. Dos 10 bairros mais populosos, 6 ficam na Zona Sul, e mais uma pontinha do CIC também é na Z/S.

Agora reportagens do transporte curitibano:

Aqui retrato a história do modal ‘Expresso’, desde sua criação em 1974Você sabe quantas cores o Expresso já teve em Curitiba?

Foram 4, começou vermelho, já tentaram fazer Expressos laranjas (dir.), cinzas (esq.) e azuismas sempre voltam a ser vermelhos.



(Radiografia completa, todos os modais: Expressos, ConvencionaisIntrer-Bairros, Alimentadores, Circular-Centro, Ligeirinhos, e mesmo outros que já foram extintos.)
 

DE CURITIBA PRO MUNDO

DO MUNDO PRA CURITIBA

Mostram, respectivamente, ônibus que começaram na capital do PR e depois foram vendidos pra outras cidades do mundo; E, inversamente, bichões que primeiro rodaram em outras terras e depois vieram pra cá.

De 2015 pra cá o sistema metropolitano da capital do PR passou a ser grande importado de busões usados. Isso é domínio público. Agora segura essa bomba: flagrei um Caio Gabriela Expresso operando na Costa Rica, América Central. O letreiro diz “020-Inter-Bairros 2”, entregando que ele é oriundo daqui de Curitiba.

Outra raridade postada na mesma reportagem: já na pintura do ‘Municipalizdo’ de SP. Letreiro: “203-Sta. Cândida/C. Raso”, articulado também ex-curitibano evidente.

E, o tema dessa postagem, Ligeirinho de Curitiba em plena Nova Iorque/EUA. A linha é ‘Lower Manhattan’.

Calma, como dito foi somente por uma semana que eles rodaram lá. Uma exposição do novo sistema que estava sendo implantado aqui. Só um espetáculo teatral, resumindo.

- OS "CURITIBOCAS" - Desenhos de Curitiba, inclusive de um bi-articulado em frente ao Passeio Público.




Mais reportagens abordando o transporte Curitibano.


ANTES & DEPOIS: FROTA PÚBLICA DE CURITIBA: Entre 1987 e 88, a prefeitura encomendou 88 articulados, que vieram pintados de laranja.

Usei seu trabalho como base pra fazer uma matéria em minha página, acrescentando mais fotos e informações. 

Tudo somado, os 88 busos eram nessas configurações:
– 12 Caios Amélia (11 Scania e 1 Volvo)
– 26 Marcopolos Torino (todos Volvo)
– 50 Ciferal Alvorada (idem, 100% Volvo).

Vendo pelo fabricante de motor, repetindo, foram 11 Scanias (todos eles Caio Amélia e com o eixo a frente da porta) e 77 Volvos (sendo 1 Caio Amélia, 26 Marcopolos Torino e 50 Ciferal Alvorada, todos com o eixo na posição ‘normal’, atrás da porta).

Esse é focado nos ônibus. Falo bastante da cidade de Curitiba, principalmente de um fato curioso:Azul é a cor mais comum de ônibus pelo mundo afora.
No entanto, só em 2011 a capital do Paraná foi ter busos nessa cor. A vai durar pouco. Os ‘ligeirões’ comprados a partir de 2018 voltaram a ser vermelhos.

Assim, em algum momento na década de 20, a frota azul adquirida em 2011 será substituída.

Curitiba deixará então de ter busos celestes, e então nãos os terá nem no municipal tampouco no metropolitano. Alias esse tema já nos leva a próxima matéria.

Aqui retrato a história do modal ‘Expresso’, desde sua criação em 1974Você sabe quantas cores o Expresso já teve em Curitiba?

Foram 4, começou vermelho, já tentaram fazer Expressos laranjas (dir.), cinzas (esq.) e azuismas sempre voltam a ser vermelhos.

As próximas 3 matérias retratam Colombo, na Zona Norte da Grande Curitiba.

– VIAGEM PRO PASSADO: A GARAGEM DA VIAÇÃO COLOMBO, ANOS 80 - Quando ainda era pintura livre, e a viação era grande cliente da Caio (depois ela ficou 20 anos sem adquirir Caios 0km).

Ficou pronto em 2006, mas ficou 3 anos fechado, só sendo inaugurado (de forma errada) em 2009.
Somente em 2016 o Roça Grande se transformou num terminal de verdade.
Com linha troncal sendo feita por articulado e linhas alimentadoras com integração de fato.
Fotografei um articulado Caio ex-BH chegando no Terminal Roça Grande vindo do Centrão de Ctba. .  Isso nos leva as duas próximas matérias.

Até 2015, a prefeitura de Curitiba controlava também boa parte do transporte metropolitano.
Então era proibido trazer ônibus usados, tinha que ser sempre 0km.
Nesse ano houve o rompimento. As linhas inter-municipais voltaram pra alçada do governo do estado.
Com isso, Curitiba passou a ser grande importadora de busões de outros estados.

Um busão do Recife foi vendido primeiro pra Aracaju-SE.
Onde operou sem repintar por conta de uma homenagem que uma viacão sergipana faz a Pernambuco.
Depois veio pra Grande Curitiba, sendo enfim repintado no padrão metropolitano.
E assim, no bege da Comec, foi deslocado pra Itajaí/SC.
Mostro vários outros exemplos que nas viações metropolitanas a importação de ônibus usados virou rotina em Curitiba.
Especialmente entre os articulados, mas chegou ma leva de ‘carros’ curtos também.

– LINHA TURISMO: A CURITIBA QUE SAI NA T.V. - Na postagem conto a história completa desse modal.
Desde o tempo da ‘jardineira’ “Pro-Parque” e da linha “Volta ao Mundo“, que foram suas predecessoras. Passando pelo momento que a Linha Turismo ainda era feita com velhos ônibus de 1-andarA Linha Turismo não era vista com tanta importância.
Por isso os ‘carros’ que nelas serviam eram aposentados das linhas convencionais, reformados pra mudarem as janelas e os bancos. Só depois chegaram os busões 0km especialmente pra Linha Turismo; Primeiro ainda com 1 andar mesmo, e mais recentemente os famosos 2-andares.

"Deus proverá"

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