ACESSE A "ENCICLOPÉDIA DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO"
Local: |
Salvador-BA. |
Data |
11/2020. |
Viação: |
BTM (vermelho, metropolitano) e consórcio Integra Salvador (azul, municipal). |
Carroceria: |
O de trás é um Marcopolo Torino ‘5’. O da frente não identifico. |
Motor: |
???? |
Observações: |
Torino ‘5’ oficialmente é o Torino ‘2007’. |
Salvador da Bahia, novembro de 2020. Avenida beira-mar na orla do Atlântico. Vemos um ônibus municipal, um metropolitano e 2 ‘Jipes’ (‘Jeep’, no original).
O buso azul está na pintura padronizada ‘Integra Salvador’, a 1a da cidade, implantada em 2014. A frente um metropolitano da BTM, em vermelho. Está com a mesma pintura em outra cor, mas isso é uma homenagem, não é obrigatório.
É simples entender: as linhas inter-municipais de Salvador ainda têm pintura livre, cada empresa decora sua frota como bem lhe aprouver. A BTM decidiu imitar a decoração municipal porque quis, não é requerida legalmente a tanto.
Há precedentes de Sul a Norte do Brasil pra essa situação. Florianópolis-SC foi, ao lado de B. Horizonte-MG e Goiânia-GO, a primeira capital do Brasil a padronizar os ônibus metropolitanos, na virada dos anos 70 pra 80.
Pois bem. No caso de Floripa, as linhas inter-municipais padronizadas foram as pra São José, Palhoça e Biguaçu. As linhas pra Santo Amaro da Imperatriz não foram padronizadas, seguiram na pintura livre.
Isso porque em 1980 S. Amaro tinha apenas 11 mil habitantes, e como a Grande Florianópolis tinha população muito menor que hoje, também parecia muito distante. Assim, repito, as linhas ligando Fpolis. a Santo Amaro permaneceram na pintura livre. No entanto, por sua própria vontade a viação Imperatriz adotou uma pintura igual a padronizada da Grande Florianópolis, apenas a faixa menor inferior onde ia o nome da viação era azul-escura ao invés do preto obrigatório nas outras.
Em Fortaleza ocorreu o mesmo, mais recentemente. A capital do Ceará padronizou sua frota municipal pela primeira vez nos anos 90, e de lá pra já foram 3 ou 4 padronizações, dependendo como se contabiliza. Pro que nos importa aqui, a penúltima padronização, a que vigorava em 2011 quando estive lá, o buso era inteiro em azul-claro com 2 flechas em sentido oposto formando um círculo (parecida alias com a que estava em uso em BH na mesma época). No entanto, as linhas metropolitanas seguem em pintura livre. A viação ViaMetro, que atende Maracanaú na Zona Sul, adotou uma pintura idêntica a municipal da época, apenas trocou o azul pelo amarelo.
Foi exatamente isso que acontece agora em Salvador. Antigamente havia a viação BTU, sigla de ‘Bahia Transportes Urbanos’. Fazia linhas municipais e metropolitanas na orla, sempre com a mesma pintura clássica, saia vermelha e blusa azul-escura.
Em 2014 veio a padronização Integra Salvador, que além de uniformizar a pintura estabeleceu a entrada pela frente, integração no cartão (como o nome indica) entre os ônibus e com o metrô recém-inaugurado, entre outros benefícios. Breve farei matéria específica sobre o tema, onde falarei com detalhes de todos o modais.
Pro que nos importa aqui, as viações foram agrupadas em 3 consórcios, cada uma pegando uma parte da cidade (Orla e Centro; Miolo; e Subúrbio Ferroviário), nas cores azul, verde e amarelo respectivamente.
A BTU entrou pro consórcio Salvador Norte, o da orla, azul. Pra seguir operando suas linhas metropolitanas foi criada a BTM – ‘Bahia Transportes Metropolitanos’. E a BTM adotou porque quis a pintura igual a Integra Salvador, apenas usando a cor vermelha, que não existe no sistema municipal. O fez porque quis, reitero ainda mais uma vez, já que as linhas que ligam a capital a seus subúrbios seguem na pintura livre. Uma homenagem.
……….
Salvador é uma cidade de muitos contrastes. As favelas em morro estão por todos os bairros, mesmo no Centro, mesmo os mais ricos a beira-mar. No entanto, veja que na imagem aparecem 2 ‘Jeep’s’, como se 1 fosse pouco.
Sendo que um utilitário 'Jeep' custa perto de R$ 100 mil (até 150 mil se 0km a dísel; isso quando US$ 1 = R$ 5,50).
Me lembrei muito da África do Sul, outro lugar de maioria negra (óbvio, pois apesar da colonização europeia intensa nesse país ainda estamos na África) e de intenso contraste social. Percorrendo a beira-mar da chamada ‘Riviera do Cabo’ (a Cidade do Cabo é uma das mais belas do mundo, e certamente, sem dúvidas, a ‘Riviera’ é sua parte mais bela) vi cenas similares, cheguei a presenciar um Porsche cruzando outro.
Coisas da vida . . .
Padronização Integra Salvador, o metrô que foi inaugurado em 2014 e já tem 2 linhas, o trem suburbano que operou por 160 anos, o futuro VLT que entrará em seu lugar;
“O “Brancão” do começo desse novo milênio (um pouco mais pro alto na página, acima da foto da estação do metrô), quando quase todas as viações adotaram uma “padronização informal” embranquecendo a frota – mas nem todas, a BTU foi uma das que resistiu;
O tróleibus que existiu nos anos 60, a viação estatal Transur, as primeiras tentativas de padronização (‘Grande Circular’ e TMS), os articulados – que acabaram mas logo voltarão com o BRT, os elevadores que conectam a Cidade Baixa a Cidade Alta.
Eis a série completa sobre a Bahia:
- ONDE TUDO COMEÇOU: SALVADOR DA BAHIA (Salvador é o sol: com 80 km de praias, o sol nasce e se põe dentro do mar)
Publicado em 22 de Abril de 2021 – aniversário de 521 anos do ‘Descobrimento’ do Brasil, que ocorreu na Bahia. A direita vemos a cena: em 1500 Portugal “descobre” o Brasil, chegando pela Bahia (quadro do museu Palácio da Sé, no Pelourinho-Salvador).
Salvador é peculiar, por muitos motivos: é uma cidade muito antiga, foi a primeira e por enquanto mais longeva capital do Brasil.
Salvador foi fundada em 1549 (5 anos antes de São Paulo e 16 antes do Rio de Janeiro), quase meio século depois do “descobrimento”, pra ser a sede da administração portuguesa no então nascente Brasil.
"Descobrimento" entre aspas, pois aqui já moravam homens antes da chegada das caravelas, portanto já estava descoberto - esse adendo não significa a negação da contribuição lusa e europeia em geral na formação de nossa pátria.
A esq. o 1° bispo do Brasil, instalado em Salvador. Nota: eu não sou católico. Apenas em seus primeiros tempos a história de nosso país esteve muito atrelada a Igreja.
Com 80% de sua população afro-descendente, é a metrópole mais negra do Brasil – e uma das mais negras do mundo fora da África.
Espremida entre a Baía de Todos os Santos e o Oceano Atlântico, tem 80 km de praias. Seu litoral é maior que o do estado do Piauí.
Com uma orla com essa grande extensão e bastante recortada, o Sol nasce e se põe no mar:
Situação creio que única no mundo, ao menos entre as cidades dessa porte.
Salvador é uma península (tem a forma de um dedo, se quiser visualizar assim).
Isso faz dela uma cidade muito densa, com pouca área verde e muita verticalização, inclusive nas áreas mais humildes.
Some-se a isso uma grande desigualdade social, que também ocorre nas outras metrópoles do Brasil e do mundo. Resultando que há favelas em quase todos os bairros, mesmo na Zona Central e nas partes mais abastadas da Orla.
Como as favelas são em morros e com muitos prédios artesanais, em que as lajes vão sendo enchidas e os andares vão subindo sem muita fiscalização, a imagem é bastante impressionante. Andar pela capital baiana, mesmo perto do Centro e das praias, é parecido com andar na periferia de São Paulo. O subúrbio soteropolitano (o gentílico da cidade se alguém não sabe) é bastante denso e verticalizado, repetindo.
Mais parecido com os subúrbios do Sudeste que com os das outras capitais nordestinas.
Salvador é a ligação entre o Sudeste e o Nordeste em termos Espirituais, assim como Curitiba é a ligação entre Sudeste e Sul.
“BEM-VINDO A SALVADOR“: favela em morro ao lado de prédios de padrão mais elevado; eis uma das 1ªs imagens que vi da cidade, ainda dentro do moderníssimo metrô que me levou do aeroporto ao Centro.
……
– É BOM PASSAR UMA TARDE EM ITAPUÃ: É DIA DE DOMINGO EM SÃO SALVADOR (publicado em novembro de 2021)
Comecei meu último dia no Nordeste na Barra, que é o único lugar de Salvador que os brancos são maioria na rua. Portanto uma região de elite.
E, como diz a música, fui “passar a tarde em Itapuã” – uma praia da periferia (esq.), onde exatamente ao inverso 95% das pessoas eram negras ou mulatas.
A trilha sonora só poderia ser o ‘pancadão’ do ‘funk’. Daquele jeito.
Falo do renascimento do Salvador pros turistas: uma cidade acolhedora, limpa e segura.
Por outro lado, as ofertas dos guias e vendedores no Pelourinho extrapola pra insistência desrespeitosa e mesmo pra uma extorsão velada.
Abordo também da pichação em muros, que tem ‘alfabeto’ e regras próprias. Ao lado um exemplo desse estilo inconfundível (no destaque bicicletas que um banco disponibiliza pra aluguel em Ondina).
Além de vários aspectos soteropolitanos: da origem desse gentílico, que remonta ao grego; até o gosto pelo churrasco, compartilhado com o Sul do Brasil.
– SOTEROPOLITANO – Publicado em janeiro de 2017, antes de eu ter ido pessoalmente, portanto:
PUXADINHO NO PRÉDIO, GENTE NAS CAÇAMBAS, GARAGENS NA VIA PÚBLICA:
SALVADOR TAMBÉM É AMÉRICA! E COMO É!!! –
Em algumas fotos puxadas do ‘Google Mapas’, mostramos cenas da periferia da cidade.
Ao lado “puxadinho no prédio“: há um edifício, legalmente construído, com alvará e tudo.
E aí sem alvará alguém sobe mais um andar por conta.
Orla de Salvador. |
Essa é no bairro de Perambués, mas é situação comum por todo subúrbio soteropolitano.
Flagrei também pessoas viajando sem proteção nas carrocerias de caminhões.
Calçadas das vias públicas que foram transformadas em estacionamentos pros prédios em frente, e por aí vai.
América Latina, né? Fazer o que?
Confira série completa sobre o Recife, que conheci na mesma viagem. Eis a matéria de abertura: - A CIDADE SANGUE-QUENTE - "Choque Cultural": um curitibano no Recife. Poucas cidades no mundo são tão diferentes quanto as capitais do PR e PE. Curitiba é fria, o Recife é quente, sangue-quente.
- "FESTA NO MORRO” ??? AH, ESSES ÔNIBUS RECIFENSES…
- TRANSGENIA BUSÓFILA (E AUTOMOTIVA EM GERAL) - Dezenas de curiosidades como essa, veículos - de todos os modais - adaptados prum uso distinto do planejado originalmente;
Tribus em frente ao Estádio Almeidão, Jampa. |
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