Local: | Rio de Janeiro-RJ. |
Data: | 09/2020. |
Centro do Rio, setembro de 2020. Moderníssimo VLT, inaugurado em 2016 quando a cidade sediou as Olimpíadas, corta a Região Central.
V.L.T. como sabem são as inciais de 'Veículo Leve sobre Trilhos', uma espécie de 'metrô leve' – o detalhe é que apesar de ser um trem ele para nos sinais de trânsito nas esquinas, pois não tem pista segregada exclusiva pra ele.
O VLT do Rio é limpo, tem ar-condicionado (um alívio numa cidade em que os termômetros passam dos 40º com facilidade) e não tem catracas nem cobrador ('trocador'), o usuário compra o cartão, carrega e ele mesmo encosta no validador.
Entretanto, fiscais dão batidas ao acaso pra conferir o pagamento da passagem. A evasão de tarifa, quando flagrada, gera multa de R$170, que dobra na reincidência. Cada usuário precisa ter seu próprio cartão, não é possível pagar a viagem de mais de uma pessoa no mesmo cartão.
Ou seja, um oásis de modernidade numa região que as coisas estão complicadas.
O Centro da capital carioca está bastante degradado. O Rio de Janeiro como um todo enfrenta uma fase difícil, como não é segredo pra ninguém.
Os problemas nas áreas de segurança e saúde públicas, por exemplos, são crônicos e exigirão bastante esforço pra serem solucionados. Os fatos são bastante conhecidos pra que eu precise entrar em detalhes aqui.
De uns tempos pra cá o caos político também se cristalizou: nada menos que 5 ex-governadores já estiveram atrás das grades por conta de acusações de corrupção: Sérgio Cabral, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho (esposa e sucessora de Anthony no cargo), Pezão e Moreira Franco.
O governador eleito em 2018, Witzel, foi afastado por corrupção, teve sua prisão pedida pela promotoria, mas a justiça decidiu somente pelo afastamento, mantendo (por enquanto) sua liberdade.
Na esfera municipal a situação está igualmente em mares bravios. O prefeito Marcelo Crivella já escapou várias vezes da abertura de processos de impedimento ('impeachment' em inglês), a última vez (quando escrevo) em setembro de 2020 por um placar apertado na câmara, 24 x 20.
O caos na política se reflete nas ruas, como não poderia deixar de ser. Todos os bairros sofrem com a decadência da cidade que por praticamente 2 séculos foi a capital do Brasil (1763-1960).
Mas em nenhum lugar os problemas são tão sentidos como no Centrão. Por várias partes dele, em plena luz do dia, várias pessoas dormem nas calçadas – em algumas quadras o odor de urina e outros dejetos é bem forte.
Em meio a esse cenário, a presença do VLT no Centro chega a ser um raio de esperança que as coisas irão melhorar um dia.
Um meio de transporte limpo, moderno e seguro. Sinal que o Rio e principalmente seu Centrão ainda podem renascer.
Nem tudo são flores, entretanto. A utilização desse modal está abaixo do inicialmente previsto, o que tem levado a conflitos na justiça – a empresa operadora acionou a prefeitura judicialmente em julho de 19, alegando que os pagamentos não estão cobrindo os custos.
Esperamos que o Rio não venha a perder o VLT. Vários dos teleféricos que subiam (ou iriam subir) as favelas dos morros ou foram cancelados ainda na fase de projeto – como no caso da Rocinha, na Sul – ou foram inaugurados mas operaram pouquíssimo tempo e foram desativados, como nos Morros da Providência (Centro) e Alemão (Zona Norte).
O sistema de ônibus Expresso (hoje se usa a sigla em inglês 'BRT') está funcionando, mas com diversos problemas financeiros também opera com frota reduzida.
O que prejudica o projeto, pois ele foi bolado pra ter rodando ônibus pesados (articulados) em abundância nas linhas troncais – por 4 anos o Rio teve bi-articulados (2014-18), mas eles já foram retirados de circulação.
Vamos fazer o balanço de alguns melhoramentos no transporte pra Olimpíada:
- Expansão do metrô pra Zona Oeste (Jardim Oceânico, próximo a Barra da Tijuca): operando como previsto. Porém a crise financeira provocada pela queda de usuários por conta da epidemia de corona-vírus é gravíssima, e ameaça a continuidade das operações.
São 3 linhas no metrô do Rio: 1, 2 e 4 somente, porque a 3 está faltando. As linhas 1 e 2 ligam a Zona Norte a Zona Sul. A 1 vem da região de classe-média da Z/N, a região da Vila Isabel, Tijuca, Grajaú, etc., cruza o Centro e vai até Botafogo, na Zona Sul.
A linha 2 vem do subúrbio: seu ponto final é na Pavuna, na divisa com a Baixada Fluminense.
Passa por Acari, Irajá, Engenho da Rainha, Inhaúma, Maria da Graça, Del Castilho, dentre outros bairros. Igualmente cruza o Centro e antigamente tinha seu ponto final em Ipanema (Zona Sul, obviamente), na Praça General Osório.
No Centro ambas unem seus trajetos e seguem pelo mesmo trilho até Botafogo. Portanto o tempo de espera no trecho Centro/Botafogo é curto, pois é atendido por duas linhas.
Em Botafogo quem vem da linha 2 e quer seguir pra orla (Copacabana e Ipanema) precisa baldear pra linha 1.
No meio da década de 10 inauguraram a linha 4, que liga a Zona Sul a Zona Oeste. O ponto final é no Jardim Oceânico, perto da Barra como todos sabem.
A princípio ainda era preciso fazer baldeação. Você descia na linha 1 na estação Gen. Osório em Ipanema e tinha que trocar de trem pra seguir viagem.
No entanto, atualmente na prática as linhas 1 e 4 foram fundidas. Assim você pode vir das Zonas Norte, Central ou Sul e seguir direto pra Zona Oeste, sem baldeação.
Então a expansão do metrô é o ponto alto do transporte do Rio. No entanto, o próprio sítio oficial do metrô alerta que a situação financeira é gravíssima, e se nada for feito a operação pode ser interrompida num futuro próximo.
Com a epidemia do corona-vírus, o número de usuários caiu 70%, em média. No auge, em abril de 2020, a diminuição chegou a 86%. Agora (agosto é o último mês que os dados estão disponíveis) melhorou um pouco, ainda assim a redução chega a 64%.
Ou seja, do público normal até março, só 1/3 continua usando – e pagando – o metrô. Nada menos que 2/3 migraram pra outros modais ou nem estão se locomovendo, por estarem sem trabalho.
Antes da crise provocada por essa doença, aproximadamente 900 mil pessoas utilizavam o metrô por dia. No pico negativo, o número caiu pra pouco mais de 100 mil. Agora se recuperou um pouco, foi pra cerca de 330 mil passageiros/dia.
No entanto, o metrô alega que necessita ao menos 550 mil usuários por dia pra ser solvente. O prejuízo mensal é de 35 milhões, e o déficit total é de 200 milhões. Segundo nota emitida em julho de 20, se não houver aporte externo de recursos por parte do governo, as operações serão descontinuadas em breve.
Então mesmo no modal que se saiu melhor desde a Olimpíada, a situação é crítica. Vejamos os outros.
- VLT: ainda funcionando, mas assim como o metrô, a situação financeira é gravíssima e a continuidade do projeto está ameaçada.
Nesse caso o problema é inclusive anterior a epidemia de corona-vírus. O VLT não tem nem de longe o público pra o qual foi projetado, assim as passagens arrecadadas não cobrem os custos.
Esperava-se que 260 mil pessoas viriam a usar o VLT por dia. Em 2019, antes da inauguração da linha 3, o número estava em pouco mais de 1/3 disso, quase 90 mil usuários/dia.
Isso porque as linhas são muito curtas, atendem apenas o 'Centro Expandido', da Rodoviária/Porto ao Aeroporto Santos Dumont.
As linhas 1 e 2 foram inauguradas em 2016. A linha 3 ficou pronta no final de 2018, mas por problemas técnicos e jurídicos só foi inaugurada em novembro de 2019.
O imbróglio ameaçou até a inauguração da linha 3. As partes concordaram em uma renegociação, e a linha 3 começou a operar. A estimativa é que com ela o fluxo de passageiros passe enfim da marca de 100 mil pessoas diárias.
Porém a prefeitura do Rio está quebrada, assim como o governo do estado. De forma que é incerto que as 'negociações de paz' em curso consigam trazer a solução.
Contra números não há argumentos. Não há os recursos que a concessionária exige. E a prefeitura fala que não tem como fazer milagre, que não há como triplicar por decreto o número de usuários dos VLT, que é o que a operadora demanda.
Algumas linhas de ônibus que cortavam o Centro já foram extintas, pra obrigar o usuário a migrar pro VLT (há integração tarifária entre os dois modais). Não há soluções fáceis, porque não há muito o que fazer além disso exceto uma ampliação massiva do VLT, levando-o a outros bairros, aumentando assim sua demanda de forma natural.
Uma solução seria enfim cumprir os planos inciais, e levar o VLT por um lado até Botafogo, na Zona Sul, e de outro até São Cristóvão, na Zona Norte. Isso sim agregaria muitas dezenas de milhares de novos usuários por dia. Porém não há dinheiro nem pra se pensar em começar essa obra.
De forma que o VLT, como o metrô, está ameaçado…. Que situação…
- Integração no cartão entre os diversos modais: funcionando. Excelente legado da modernização pra Copa e Olimpíada.
Antes o Rio a integração no transporte do Rio era bem precária, pra dizer o mínimo. Não haviam terminais de ônibus, então se você descesse de um ônibus pra embarcar em outro ou tivesse que trocar de modal tinha que pagar as duas tarifas de forma integral.
Com a implantação dos cartões, isso mudou. Agora você pode pegar dois ônibus pagando uma vez só, o que inclui o sistema Expresso ('BRT'). Ônibus + VLT a baldeação também é sem custos, como dito acima e é notório. Quando a troca envolve outros modais, você ganha aproximadamente 50% de desconto na segunda tarifa. Já ajuda bastante.
- Sistema de ônibus 'Expressos' ('BRT') nas Zonas Oeste e Norte – funcionando, mas não como deveria, devido a aguda crise financeira.
Na virada do milênio, o Rio não tinha corredores exclusivos, terminais, articulados, nem integração de qualquer tipo.
No século 20 operaram na cidade ônibus articulados, da estatal CTC em linhas municipais e inter-municipais, e em viações particulares em algumas linhas inter-municipais.
Porém a CTC foi privatizada, as empresas privadas não acharam esse tipo de veículo viável, de fato que por quase 2 décadas, do meio dos anos 90 até o meio da década de 10, o Rio não tinha um articulado sequer.
Parece incrível mas é verdade. Bem, outras capitais importantíssimas no Brasil como Belo Horizonte-MG, Salvador-BA, Fortaleza-CE e Belém-PA passaram pelo mesmo processo, todas elas tiveram 'sanfonados' nos anos 80/90, mas não mais.
De lá pra cá todas elas modernizaram seus sistemas de transporte, Fortaleza, Belém e B.H. voltaram a ter articulados em corredores exclusivos, com modernas estações com embarque pré-pago e em nível.
Salvador não tem 'sanfonados' ainda, mas seus ônibus melhoraram muito, ganharam pintura padronizada e integração, e além disso a capital baiana agora conta com 2 linhas de metrô (breve escreverei bastante sobre essa cidade).
De volta ao Rio que é nosso foco hoje. Foi construído o moderníssimo sistema de 'Expressos' 'Trans-Carioca' e suas extensões. Hoje eles cortam boa parte das Zonas Norte e Oeste – infelizmente não chegam ao Centro e Zona Sul, e é nessa última que estão boa parte dos empregos.
Seja como for, funciona bem com uma ponta no Aeroporto Galeão na Z/N, daí passando por pela Z/O chegando a Barra da Tijuca e a bairros do subúrbio como Santa Cruz.
Por 4 anos, de 2014 a 18, operaram ali 2 bi-articulados, ambos Volvo, carrocerias Marcopolo e Neobus.
Já fiz matéria específica sobre isso aqui nesse blog. Escrevi: “Apenas 4 cidades do Brasil contam com bi-articulados atualmente: São Paulo, Curitiba, Campinas-SP e Goiânia-GO. O Rio e Manaus-AM fizeram parte dessa seleta lista em algum momento, mas não mais.”
Seja como for, o sistema é viável sem bi-articulados (2 sanfonas), desde que conte com muitos ônibus articulados (1 sanfona) rodando.
O problema é que com a crise que assola todo o transporte do Rio até mesmo os articulados estão sendo tirados de circulação. Segundo se diz, em alguns horários apenas 1/3 dos 'sanfonados' disponíveis estão em ação. E na média não chega a 50% do que seria adequado.
Isso está tornando difícil a vida dos usuários do sistema 'Trans-Carioca' e suas extensões.
Li numa matéria que a própria continuidade do 'BRT' no Rio de Janeiro está ameaçada. A prefeitura está pensando em substituir em definitivo cada vez mais os articulados que ainda restam por ônibus 'tocos' (não-articulados).
A princípio convocando as próprias empresas que já operam no sistema. Se elas se recusarem o convite será estendido a qualquer viação que tenha interesse.
Oras, todo o modal 'Expresso'/'BRT' foi pensado pra ter suas linhas-troncos – nos corredores, entre os terminais – supridas basicamente por articulados. Os ônibus tocos devem ficar restritos as linhas alimentadoras, que ligam os terminais as vilas.
Se as linhas-tronco passarem a ser operadas por veículos 'pitocos', o diferencial do 'Expresso' se perde, e assim se vai a atratividade pros usuários. Com isso, cada vez menos gente o utiliza, agravando ainda mais o déficit entre arrecadação/custos de operação, gerando um círculo vicioso.
Vale lembrar que os articulados do 'Trans-Carioca' e extensões são os únicos ônibus do Rio com pintura padronizada. Isso nos leva a novo fracasso do programa de modernização implantado na década de 10:
- Pintura padronizada nos ônibus: a mais breve da história do Brasil, durou apenas alguns anos na década de 10 e foi descontinuada.
Igualmente já postei texto específico sobre o assunto. Lá fiz a seguinte análise: “ pintura padronizada implantada por volta de 2012/12, e abandonada em 2018.
Enquanto durou, essa padronização de pintura mostrava qual parte da cidade a linha servia. A cidade foi dividida em 4 faixas. A lateral era branca, na frente e atrás a cor era a da região, nesse caso o vermelho. No teto haviam 4 faixinhas pequenas, mostrando todas as regiões (além do vermelho também azul, verde e amarelo).
Nesse ponto a padronização carioca lembrava a do SEI do Recife, pois lá também há faixas verticais mostrando as outras cores do sistema.
Apenas em Pernambuco a padronização SEI é por categoria da linha (como em Curitiba, que criou esse modelo) e não por região da cidade.
Ressurgiu a moldura negra ao redor dos vidros, que foi onipresente nos anos 80 e começo dos 90, daí desapareceu por uma década e pouco. Tudo vai e volta!
Como sabem, o Rio foi uma das últimas capitais a padronizar a pintura e a implantar integração via cartão.
Escrevi no texto original (2012): ” Rio de Janeiro com pintura padronizada nos ônibus. Muitos achavam que isso jamais aconteceria, mas aqui está. “
Infelizmente, os que apostavam que o Rio não conseguiria padronizar seus ônibus estavam certos.
A padronização veio no começo da década de 10, por volta de 2011/12. Só que durou pouquíssimo, bem menos de 10 anos, foi a padronização mais breve da história. Já no meio da década os busos com ar-condicionado passaram a vir com pintura livre, com a desculpa que "ônibus com ar é serviço diferenciado e portanto isento de padronização" - só no Rio isso acontece!!!
Diversas cidades contam com ônibus climatizados, e em nenhuma delas eles estão dispensados da pintura padronizada. Ainda em 2018 o Rio voltou novamente a pintura livre em toda frota, com ou sem ar.
Sendo assim, o Rio foi uma das capitais que mais demorou a padronizar a pintura, o fez mais ou menos na mesma época da padronização de Manaus e Maceió-AL e um pouco antes da padronização de Salvador e da repadronização de Florianópolis-SC.
Já perto da virada da década de 10 pra de 20, Cuiabá-MT também padronizou a pintura de seus ônibus. Na mão contrária, além do Rio Londrina-PR e Feira de Santana-BA da mesma forma passaram por despadronizações.
Florianópolis foi a primeira capital a padronizar as linhas metropolitanas (ao lado de Belo Horizonte e Goiânia), o fez junto com as municipais, ainda na virada dos anos 70 pra 80.
No entanto, do meio pro fim dos anos 90 Floripa também despadronizou, tanto a frota municipal quanto inter-municipal. Na capital de SC, entretanto, houve nova padronização em 2014 (apenas nas linhas municipais, as metropolitanas seguem em pintura livre). ”
……….
- Implantação de bondinhos nas favelas em morro: fracasso quase total, com a nobre exceção do morro Santa Marta/Dona Marta, em Botafogo, Zona Sul. Ali pelo que pesquisei na internet o funicular (plano inclinado, na verdade um elevador que sobe em diagonal) está operando, ainda que longe do ideal.
No entanto, o teleférico da Rocinha, também na Zona Sul, nem sequer saiu do projeto. O teleférico do Complexo do Alemão, na Zona Norte, operou por apenas 5 anos, de 2011 a 2016. O do Morro da Providência, no Centro – oficialmente a 1ª favela do Brasil – foi mais breve ainda e só funcionou por 2 anos, de 2014 a 2016.
Ou seja: com a Copa e Olimpíada o Rio sonhou alto. Sonhou que iria renascer. Assim como no transporte, igualmente investimentos de vulto foram feitos na segurança pública, com a implantação das UPP's – “Unidades de Polícia Pacificadora”.
O sonho acabou. No transporte, segurança pública e outras áreas como a saúde, quando a Olimpíada passou e o Brasil entrou em crise financeira na segunda metade da década de 10 pra cá, tudo desandou.
Sobre a segurança publico matéria específica em breve em minha página. Na questão do transporte, que é nosso foco aqui, a situação é igualmente caótica. Algumas empresas de ônibus estão falindo, as que ainda rodam estão com as finanças ameaçadas.
Com isso, várias linhas de ônibus têm tido sua frequência imensamente reduzida ou mesmo sendo ignoradas. Dezenas de milhares de pessoas nos subúrbios estão tendo que ir trabalhar a pé, porque o ônibus que elas pegavam simplesmente não existe mais.
Assim, pra garantir na mesa o pão de cada dia, tem gente enfrentando de uma a duas horas de caminhada pelas ruas da cidade, pra chegar no trabalho. E o mesmo trecho a pé na volta, somando de 2 a quase 4 horas de pernada, além das 8 ou mais de batente diário, em serviços que as vezes já são bastante estressantes e cansativos por si mesmos.
Resumindo, podemos dizer que as coisas estão bastante difíceis. A cidade avançou muito nos anos 10. Muito mesmo. O Rio sonhava com a volta dos dias de glória. Mas assim que a Olimpíada acabou, parece que a luz se apagou e a situação se tornou um pesadelo. Vários avanços da época já se foram, e outros estão ameaçados.
A situação é preocupante. O VLT do Rio funciona bem. É limpo, seguro, rápido e climatizado. Um oásis de alento no Centrão. Que a sociedade se una e encontre soluções, pra que essa semente de prosperidade não morra, e ao contrário germine num jardim de progresso pra cidade mais bonita do Brasil, e uma das mais bonitas do mundo se não a mais bela mesmo.
Deus nos ajude!!!
...
Publiquei matéria específica sobre o transporte carioca:
Moderno VLT no Centro do Rio de Janeiro, 2020. |
TELEFÉRICOS, BI-ARTICULADOS E PADRONIZAÇÃO DE PINTURA VIERAM MAS DURARAM POUCO (outubro de 2021) –
Houve enorme esforço de modernização pra Olimpíada, e alguns dos benefícios se mantiveram:
Ampliação do metrô, VLT, integração no cartão, elevador no Morro Santa Marta, e o próprio BRT, que na orla funciona bem.
Por outro lado o dinheiro acabou, situação já presente após o Rio-16, e que se agravou muito com a epidemia.
Vários setores do transporte coletivo carioca estão a beira do colapso, como alias também outras áreas como saúde, segurança e a própria governabilidade política.
O teleférico nos morros do Alemão e Providência, os bi-articulados e a padronização de pintura já se foram. A continuidade de todos os demais modais está ameaçada.
Além dessa radiografia do presente, traço uma perspectiva histórica do século 20, com ênfase especial dos anos 70 pra cá.
CONFIRA A SÉRIE SOBRE O RIO DE JANEIRO:
– RIO 40º: CAPITAL DO MELHOR E DO PIOR DO BRASIL (setembro de 2022)
Abordando a tentativa da burguesia de se isolar num “subúrbio a estadunidense” na Barra da Tijuca – até os anos 90 deu certo, com a melhoria dos transportes que falamos em outro texto não mais.
E também do processo de remoção das favelas da Zona Sul no início do regime militar – igualmente começou com grande fôlego mas por diversos fatores foi interrompido.
Uma das que seriam retiradas seria a do Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, na divisa de Copacabana e Ipanema. Como você vê ao lado, não deu certo.
Conto a origem do nome de algumas favelas, inclusive a mais antiga do Brasil, o Morro da Providência no Centro, e mais o Chapéu-Mangueira no Leme/Copacabana, quase a beira-mar na Zona Sul.
Falo ainda do “TeteCá”, a “língua” inventada no RJ que inverte a ordem das sílabas, da pichação de muros, e mais.
- 021: A CIDADE É MARAVILHOSA MAS . . . SE LIGA MEU IRMÃO!!!
- CAPELINHA: RIO, SP, B.H., BELÉM E POA; PLACA NO ALTO: ESTAMOS NO SUDESTE
Quem tem perto de 40 (escrevo em 2021) vai lembrar quem em muitas cidades antigamente os busos tinham ‘capelinhas’ – letreiro menor no teto pro nº da linha. Muito comum no Rio e SP, sendo que no rio quase oni-presente até os anos 80 e começo dos 90.
CTC-RJ, anos 80 - com capelinha. |
Mostra o Sudeste e mais Belém-PA, Porto Alegre-RS e até Brasília-DF (onde houve esse apetrecho em maior escala), além de dar um panorama global.
Falo também de um costume, nos anos 70 e 80 típico do Sudeste Brasileiro e também presente no Chile e Argentina: pôr a chapa na grade de respiração do motor, e não no espaço próprio pra isso no para-choques.
- DEUS É UM CARA GOZADOR E ADORA BRINCADEIRAS
(mostro situações irônicas nos ônibus, e no caso do Rio abordo o
sistema de Expressos e alimentadores do Trans-Carioca; também flagrei e
relato curiosidades em Atibaia-SP, na Argentina e na Paraíba)
- "SÉCULO 20: 'AZULÃO EM CURITIBA SÓ NO METROPOLITANO; E "VOLVO ERA VOLVO..."
Aqui o foco é o transporte coletivo; abordo também o fato que Curitiba só foi ter ônibus azuis municipais em 2011, antes não.
Bi-articulado Caio no Brooklin, SP, 2014. |
- “BOCA LOCA”, “TROVÃO AZUL” E OUTROS: OS TRÓLEIBUS NO BRASIL (o Rio e Niterói tiveram tróleis no século 20)
- CASA DE MADEIRA FOI COMUM NO SUDESTE E CENTRO-OESTE: HOJE SÓ RESTAM RESQUÍCIOS (posto uma imagem clássica: a favela da Catacumba, na Lagoa, Rio, que existiu até 1971; Além disso, evidente que a situação atual do Rio se deve em muito a perda da condição de capital, em 1960. Abrimos a matéria com outra foto histórica, Brasília em construção, as torres do Congresso já prontas ao fundo, em primeiro plano um “acampamento” de candangos [os peões que ergueram a nova capital] só com casas de madeira).